Pesquisadores e especialistas brasileiros se reúnem para discutir a condição que afeta dois milhões de pessoas no país
O time Philadelphia Eagles, dos Estados Unidos, fará história ao viajar ao Brasil pela primeira vez para realizar o jogo inédito da Liga de Futebol Americano (NFL) em solo brasileiro. A partida acontecerá na Arena Corinthians, em São Paulo, no dia 6 de setembro. Além do evento esportivo, a visita ao Brasil terá um propósito significativo. Jeffrey Lurie, presidente e CEO do Philadelphia Eagles e da Eagles Autism Foundation (EAF), promoverá um encontro com cientistas brasileiros especializados em autismo e neurodesenvolvimento no dia 5 de setembro, no Rosewood Hotel, também em São Paulo.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta o neurodesenvolvimento, impactando a comunicação, a interação social e o comportamento. Indivíduos com TEA podem apresentar dificuldades na linguagem verbal e não verbal, além de exibirem comportamentos repetitivos, hiperfoco em determinados objetos e interesses específicos. Especialistas ressaltam que o diagnóstico precoce é fundamental para que o acompanhamento por profissionais da saúde tenha impactos positivos na qualidade de vida das pessoas com TEA.
Quanto antes as abordagens terapêuticas são iniciadas, maior é a capacidade do cérebro de se adaptar, permitindo se lidar mais facilmente com as dificuldades impostas pelo TEA. Em 2023, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, referência mundial no tema, afirmou que há prevalência de uma pessoa com autismo para cada 36 que nascem no mundo. Com base nesse número, o Brasil teria aproximadamente 6 milhões de pessoas com autismo. Por determinação da Lei n. 13.861, de 18 de julho de 2019, o autismo foi incluído no censo demográfico. Apesar do censo ter sido realizado em 2022, os dados sobre o autismo ainda não foram divulgados pelo IBGE.
Mariana Moysés Oliveira, pesquisadora da AFIP e da FAPESP convidada para palestrar no evento, desenvolve estudos sobre células-tronco como ferramenta para o entendimento do espectro autista. Ela ressalta a importância da iniciativa. “Esse tipo de evento é essencial para promover a troca de conhecimentos e o avanço na pesquisa sobre o autismo. Ao unir esforços globais, podemos acelerar descobertas que impactem positivamente a vida das pessoas no espectro e suas famílias. Além disso, aproximar ciência de temas inusitados, como futebol americano, é uma ótima forma de comunicar nossos estudos para a sociedade”, ressalta Moysés.
Durante o encontro, a EAF anunciará a doação de US$ 400 mil (cerca de R$ 2 milhões) para financiar pelo menos um projeto de pesquisa desenvolvido por cientistas brasileiros que atuam na área. A fundação busca divulgar seu trabalho e incentivar a candidatura de pesquisadores brasileiros a subsídios para apoiar estudos básicos sobre o autismo e pesquisas voltadas para indivíduos e famílias de convivem com o TEA, concedidos anualmente pela entidade.
O presidente e CEO do Philadelphia Eagles, Jeffrey Lurie, tem liderado a Eagles Autism Foundation na arrecadação de fundos para programas inovadores de pesquisa científica. Um exemplo desse esforço é o Eagles Autism Challenge, que, desde seu lançamento em 2018, já arrecadou mais de US$ 30 milhões e financiou 125 projetos de pesquisa especializados no atendimento e cuidado de indivíduos com TEA e seus familiares.
A Eagles Autism Foundation está interessada em todas as áreas de pesquisa básica e clínica, além de programas que visam elucidar a etiologia, o diagnóstico e o acompanhamento do autismo por profissionais da saúde. Os projetos de pesquisa devem estar alinhados com a missão da fundação: apoiar a pesquisa de alta qualidade e impacto, melhorar a vida das pessoas que convivem com o autismo e promover a aquisição de conhecimento e tecnologias que possibilitem novas oportunidades no futuro.