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  • sex. nov 22nd, 2024

Especialista destaca o poder da comunicação para a representatividade de crianças com deficiência 

Especialista destaca o poder da comunicação para a representatividade de crianças com deficiência 

A história da publicidade no Brasil passa pela construção do imaginário. Ao revisitar o passado, é possível encontrar campanhas e presença das marcas em propagandas na televisão, rádio, revistas e quadrinhos. Milhões de crianças cresceram com essas referências. Atualmente, o público infantil, além de acessar essa comunicação, também é impactado por conteúdo online e serviços de streaming.

Atualmente, o Brasil conta com 35,5 milhões de crianças (pessoas até 12 anos de idade), de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2018. “Se a representatividade importa para os adultos, imagine para as crianças. É fundamental para que elas possam se reconhecer, se projetar e pensar no futuro. Entender que elas podem ocupar os espaços. É preciso um trabalho em conjunto para esta criação e principalmente para a comunicação direcionada e correta a esse público”, comenta Ana Clara Schneider, fundadora e diretora executiva da Sondery, consultoria de acessibilidade criativa para projetos e campanhas inclusivas envolvendo pessoas com deficiência.

Para a fundadora da Sondery, as marcas precisam de uma comunicação constante e que crie essa conexão, incluindo e representando a criança com deficiência nas ações. “Há alguns dias passou por mim o vídeo estrangeiro de uma criança cadeirante recebendo uma caixa de uma boneca também cadeirante e acompanhada de um cão de serviço. A reação foi cheia de sorrisos, gritos e excitação. A alegria dela era algo contagiante ali, mas que muitas vezes, por falta de representatividade, acaba não existindo. E este tipo de emoção pode facilmente ser conquistada também com a inclusão em um filme comercial, por exemplo”, afirma a executiva. “As crianças com deficiência também precisam experienciar essa sensação de pertencimento, de ser parte do mundo inventado da propaganda que mostra crianças brincando ou tramando algo para surpreender os parentes, seja para um cereal matinal ou para com quebrar um porquinho com as economias para comprar um presente para a mãe no dia das mães.”

Recentemente, aqui no Brasil, a jornalista Ana Clara Moniz lançou um livro em linha com essa construção para o imaginário infantil da criança com deficiência. O “ABPCD – Letras, infâncias e vidas de pessoas com deficiência” é um abecedário em que cada letra representa um pessoa com deficiência: são artistas, professores, cientistas, esportistas, entre outros.

Para Ana Clara Schneider, as referências são necessárias para que cada vez mais crianças com deficiência se sintam pertencentes e estejam representadas. A fundadora da Sondery destaca também o projeto “Mãos de fada”, grupo que realiza apresentações itinerantes contando histórias infantis em Libras e em Português, proporcionando ao espectador, tanto surdo quanto ouvinte, possibilidades de vivenciar as histórias de uma forma diferente. “Para educar e incluir crianças com deficiência é preciso o envolvimento de toda a sociedade, precisamos ampliar o debate, e isso começa pela conscientização e comunicação.”

“É importante ter a dimensão desse impacto também nos adultos, que influenciam na percepção do público infantil em desenvolvimento. Um adulto capacitista pode criar crianças capacitistas, assim como uma criança que lida bem com diferenças pode provocar reflexões nos adultos, fazendo que esses revejam seus conceitos”, afirma a especialista.  

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