Doença atinge mais de 16 milhões de pessoas no país segundo dados da Federação Internacional de Diabetes; tecnologia assistiva auxilia pacientes a retomarem as atividades diárias em casos de amputação
O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, chama a atenção da sociedade para a importância da prevenção e do controle da doença que atinge mais de 16 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com estimativa do Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes. A doença é causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina pelo organismo e, quando não controlada, pode levar a problemas mais graves de saúde.
Uma das complicações graves do diabetes é a formação de úlceras nos pés, uma condição conhecida como “pé diabético”, que pode evoluir para a necessidade de amputação dos membros inferiores. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o pé diabético é a principal causa de amputações não traumáticas no país. O número de cirurgias de amputação realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrência do diabetes tem crescido continuamente, alcançando uma média de 28 procedimentos por dia em 2023, conforme dados do Ministério da Saúde.
Um destes casos foi do técnico em segurança do trabalho Ricardo Souza Rabello, de 45 anos, que passou por uma cirurgia para amputar o pé direito em junho do ano passado. Ele conta que convive com a doença desde 2010, mas foi somente em março de 2023 que surgiram as primeiras lesões nas pernas e no pé. Em junho, a situação se agravou com uma infecção que o levou ao hospital e, após três procedimentos cirúrgicos para raspagem das feridas sem sucesso, a solução encontrada pela equipe médica foi a amputação transtibial (abaixo do joelho).
“O diabetes descontrolado trouxe muitas complicações para a minha saúde. Atualmente eu tenho apenas 30% da visão devido à doença, que também causou outras comorbidades como problema cardíaco e renal. A amputação foi mais uma dessas consequências e me ensinou a lidar com o diabetes de uma forma diferente, buscando mais qualidade de vida. Hoje a minha alimentação é totalmente natural, sem abusar de carboidratos e carnes vermelhas, e mesmo com a baixa visão faço fisioterapia regularmente para manter a minha mobilidade”, explica Ricardo Rabello, que mora em Alagoinhas (BA).
Ele lembra que exatamente um ano após a amputação começou a utilizar uma prótese confeccionada pela equipe da Ottobock, empresa alemã líder mundial em tecnologia assistiva que atua no Brasil há 49 anos, o que trouxe mais autonomia para o seu dia a dia. “Hoje eu utilizo a prótese para tudo, inclusive dentro de casa, já faz parte da minha vida”, destaca Ricardo Rabello.
Atendimento Multidisciplinar
Para se adaptar à nova condição, Ricardo Rabello contou com a equipe multidisciplinar da clínica Ottobock.care de Salvador (BA). Com um atendimento personalizado, a prótese foi ajustada para oferecer um maior conforto em suas atividades diárias. “Passar pelo procedimento de retirada de um membro é uma mudança de vida significativa para uma pessoa. Por isso, o equipamento precisa atender às suas necessidades de maneira que possa colocá-la, da melhor forma possível, de volta a sua rotina familiar, de trabalho, esportes e lazer”, explica o diretor de academy da Ottobock na América Latina, Thomas Pfleghar.
A prótese utilizada por uma pessoa que passa pelo procedimento depende do tipo da amputação que ela sofre. “É importante que a pessoa passe por sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e demais acompanhamentos para se adaptar ao uso da prótese. Sem o olhar sensível de uma equipe multidisciplinar, a tecnologia sozinha e o paciente, mesmo com sua determinação, não conseguem superar as possíveis dificuldades”, afirma Thomas Pfleghar. A estimativa é que entre 30% e 40% das pessoas atendidas pela Ottobock no Brasil tenham passado por amputação de membros inferiores em decorrência do diabetes.