Métodos que potencializem a qualidade dos alunos e das escolas contribuem na formação de cidadãos conscientes de seus deveres
A alfabetização é o processo de iniciar a leitura e a escrita por meio da decodificação das primeiras letras, sílabas, palavras e frases, enquanto o letramento refere-se à aplicação desse conhecimento nos contextos sociais. Os dois processos são muito importantes. Este é o primeiro passo da evolução escolar para que os estudantes possam adquirir conhecimento, construir habilidades de comunicação e expressão e ter uma formação de qualidade para se tornarem cidadãos críticos e éticos. No Brasil, a importância do ensino e da aprendizagem é lembrada no mês de novembro por meio de duas datas: Dia do Psicopedagogo (12) e Dia Nacional da Alfabetização (14).
Sempre envolvida em temas de diversidade, embora sua atuação não envolva diretamente a sala de aula, a psicóloga e pedagoga Natalie Schonwald dedica-se à pesquisa e à difusão de estratégias que apoiam educadores, famílias e profissionais de diversas áreas na construção de ambientes mais inclusivos. Ela explica que as duas datas são celebrações relevantes para conscientizar a sociedade e facilitar o caminho da formação de cidadãos e da promoção da inclusão de alunos. “Atualmente, sabemos que o Brasil precisa melhorar o índice de alfabetização, principalmente quando nos referimos ao ensino público. Jamais podemos nos esquecer que a responsabilidade de ensinar é do professor, mas também deve incluir a gestão escolar, que tem a função de dar subsídios adequados como infraestrutura, formações e materiais apropriados para que eles possam dar aulas da melhor forma possível. É importante um olhar integral que inclui o apoio psicopedagógico, com o objetivo de identificar as dificuldades de aprendizagem dos estudantes e auxiliar os docentes na elaboração do processo necessário para o melhor desenvolvimento dos educandos. Uma das formas de avaliação começa a partir do que a criança possui de conhecimentos prévios. Este trabalho tem como objetivo, entre outras coisas, auxiliar na organização do aprendizado, trabalhar conceitos que não foram compreendidos e as melhores formas para que o aluno se desenvolva em sala de aula”, pontua a pedagoga.
É essencial que o especialista compreenda todo o contexto em que a criança está inserida, e outro fato importante apresentado por Natalie é que se relacione também com a família, escola e outros profissionais. “A Pedagogia trabalha com as questões de aprendizagem, a Psicologia se ocupa das questões subjetivas. É nessa hora, então, que vem o auxílio deste profissional, que pode utilizar de recursos como jogos, contação de histórias, artes plásticas, dramatizações, leitura e escrita, desenho, entre outros, para ajudar o aluno a superar suas barreiras. Um dos materiais pedagógicos que lembro de ter utilizado durante minha formação inclui uma pasta de plástico azul, que estabilizava as folhas para uma maior organização, o material dourado nas aulas de matemática e a apostila de treino ortográfico”, conta a pedagoga que, em suas palestras, compartilha perspectivas valiosas e embasadas, e oferece insights práticos que enriquecem a compreensão sobre os desafios e oportunidades no desenvolvimento educacional inclusivo.
Educação inclusiva
De acordo com Natalie, para que a alfabetização de uma criança com deficiência seja eficaz, é preciso, também, que o profissional avalie as questões que o estudante apresenta e, a partir dessa anamnese, determina-se a melhor intervenção para focar em suas capacidades e minimizar suas dificuldades. “Uma das dificuldades dos educadores é achar as melhores formas de desenvolver as aulas para que o aluno consiga aprender efetivamente. Iniciar o trabalho psicopedagógico com um conteúdo que o aluno tenha interesse, e depois utilizar novos estímulos para revisitar os tópicos, pode ser um caminho eficaz. Foi dessa etapa de recapitulação que senti falta na época escolar, e tive problemas em relação à execução do tempo para finalizar as tarefas, mas não na compreensão dos conteúdos. Na minha época de escola não se falava em educação inclusiva, e certa vez ouvi de uma professora, quando estava fazendo uma prova, me perguntando se aquela lerdeza era física ou mental – frase que me marcou até hoje no processo educacional. Essa foi uma das expressões que me levaram para a Pedagogia e Psicopedagogia, já que meu objetivo é que nenhuma outra criança seja tratada desta forma e ouça algo assim”, desabafa Natalie.
Ao refletirmos sobre a importância do Dia do Psicopedagogo e do Dia Nacional da Alfabetização, que ainda representa um entrave social, podemos entender que a educação vai além da competência do simples ato de ler e escrever. Com um suporte adequado, todos podem se desenvolver plenamente para alcançar o sucesso na vida.