• sáb. fev 22nd, 2025

Primeira monoterapia oral para doença ultrarrara hematológica tem aprovação pela Anvisa

Primeira monoterapia oral para doença ultrarrara hematológica tem aprovação pela Anvisa

O medicamento normaliza níveis de anemia e fadiga na maioria dos pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) e oferece uma alternativa inovadora ao tratamento convencional

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou cloridrato de iptacopana, a primeira monoterapia oral desenvolvida para tratar pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN)[i]. A HPN é uma condição ultrarrara e grave marcada por anemia persistente, fadiga severa e risco elevado de trombose[ii].  A submissão do medicamento foi baseada em dados robustos de dois estudos clínicos de Fase III, o APPLY-PNH[iii] e o APPOINT-HPNiii, que demonstraram que até 68,8% dos pacientes tratados com cloridrato de iptacopana atingiram níveis normais de hemoglobina, sem necessidade de transfusões durante o período do estudo.

A HPN tem uma incidência de 1 a 2 pessoas a cada 1 milhão no mundo e sem o tratamento adequado, a taxa de mortalidade atinge 50% em 10 anosii. Atualmente, existem dois tipos de tratamentos aprovados pela Anvisa para HPN no Brasil, aqueles que inibem a C5, administrados via infusional, e os inibidores de C3, administrados via subcutânea através de uma bomba de infusão.

O estudo de fase 3 APPLY-PNHiii, que incluiu pacientes brasileiros, mostrou a alta taxa de independência transfusional em pacientes que receberam o cloridrato de iptacopana e que já haviam recebido inibidores de C5 e não atingiram uma boa resposta. Entre os dias 14 e 168 de tratamento, 94,8% dos pacientes que receberam cloridrato de iptacopana não necessitaram de transfusões de sangue versus 25,9% dos pacientes que receberam inibidores de C5. Este achado reforça o impacto positivo de avanços terapêuticos na qualidade de vida dos pacientes, reduzindo significativamente a dependência de procedimentos invasivos e frequentes.

Já o estudo APPOINT-PNHiii foi realizado com pacientes que nunca haviam recebido tratamento com terapias anti-C5 e passaram a receber cloridrato de iptacopana. Além de reduzir a DHL (lactato desodrogenase), um importante marcador que indica risco aumentado de trombose na HPN, um dos destaques do estudo foi a diminuição dos níveis de fadiga, um sintoma muito comum entre pessoas com HPN. Os pacientes relataram melhorias expressivas na energia e disposição, atingindo níveis próximos aos da população geral.

Como a primeira monoterapia oral para HPN, o medicamento oferece um controle abrangente da doença, permitindo a tripla normalização, ou seja, conquista de níveis normais de hemoglobina, normalização do DHL e dos níveis de fadiga, além da ausência de transfusões e comodidade posológicaiii . “Pacientes que convivem com HPN e passaram a utilizar o cloridrato de iptacopana experimentaram melhorias significativas na anemia, superando os resultados dos tratamentos disponíveis atualmente. Isso permite reimaginar como é viver com a doença, alcançando uma boa qualidade de vida”, disse Lenio Alvarenga, diretor médico da Novartis Brasil.

Um estudo sobre a jornada dos pacientes com HPN no Brasil revelou que a distância média entre suas residências e os locais de tratamento é de 101,1 km, com variações significativas entre as regiões. Esses deslocamentos, muitas vezes necessários para infusões de alguns dos tratamentos atuais, podem impactar negativamente a adesão ao tratamento, a qualidade de vida e gerar custos financeiros inesperados. Por isso, a possibilidade de realizar o tratamento no conforto de suas casas pode aliviar essas dificuldades e melhorar a qualidade de vida[iv].

“Nossa experiência com o cloridrato de iptacopana como monoterapia oral para HPN foi excelente. O medicamento não apresentou reações adversas, demonstrou um aumento significativo nos valores de hemoglobina (2 a 3 g/dL acima dos obtidos com inibidor de C5) e proporcionou melhora na qualidade de vida, permitindo aos pacientes retomarem atividades como academia e corrida. Esses resultados confirmam a eficácia, segurança e vantagens significativas do cloridrato de iptacopana em relação às terapias disponíveis no Brasil”, destaca Dr. Rodolfo Cançado, médico hematologista.

Sobre cloridrato de iptacopana

Cloridrato de iptacopana é um inibidor do fator B que atua na via alternativa do sistema complemento, proporcionando controle abrangente da destruição dos glóbulos vermelhos dentro e fora dos vasos sanguíneosiii.

Sobre APPLY-PNH

APPLY-PNHiii um estudo de Fase III, randomizado, multinacional, multicêntrico, controlado por comparador ativo, aberto que avaliou se a mudança para cloridrato de iptacopana era superior à continuação das terapias anti-C5 em pacientes adultos que apresentavam anemia residual (Hb <10 g/dL) apesar de um regime estável de tratamento anti-C5 nos últimos seis meses antes da randomização. O estudo atingiu todos os desfechos primários e secundários.

Sobre o APPOINT-PNH

É um estudoiii de Fase III que avaliou a eficácia e segurança da monoterapia oral com cloridrato de iptacopana em adultos com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) sem tratamento prévio com inibidor de complemento. O estudo atingiu seu desfecho primário e demonstrou benefícios clinicamente significativos em todos os desfechos secundáriosiii.

[i] RESOLUÇÃO-RE Nº 320, DE 24 DE JANEIRO DE 2025FABHALTA. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-re-n-320-de-24-de-janeiro-de-2025-608925463

[ii] Cançado R et al. Consensus statement for diagnosis and treatment of paroxysmal nocturnal haemoglobinuria. Hematol Transfus Cell Ther. 2021 Jul-Sep;43(3):341-348.

[iii] Peffault de Latour R et al. Oral Iptacopan Monotherapy in Paroxysmal Nocturnal Hemoglobinuria. N Engl J Med. 2024 Mar 14;390(11):994-1008.

[iv] Bigoni, A., et al. “Evaluating The Patient Journey Among Individuals With Paroxysmal Nocturnal Hemoglobinuria In Brazil: A Focus On Distance To Care Disparities.” Hematology, Transfusion and Cell Therapy 46 (2024): S1052.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *