Julho Verde é o mês de prevenção e combate ao câncer de cabeça e pescoço, doença caracterizada por tumores malignos que podem se desenvolver na boca, língua, laringe, nariz, pescoço, tireoide e rosto, por exemplo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que cerca de 39.550 novos casos da doença sejam registrados em 2025, excluindo os de pele. Somando os casos de melanoma, o número pode chegar a 48.530.1
Por se tratar de uma categoria de câncer que pode ocorrer em diferentes partes do corpo, uma abordagem multidisciplinar e integrada é fundamental para a obtenção de um diagnóstico precoce, correto e do tratamento assertivo. Tendo isso em vista, além do oncologista e do cirurgião, outras especialidades médicas como clínica médica, odontologia, fonoaudiologia e nutrição também podem desempenhar papéis fundamentais em todas as etapas do tratamento desse tipo de neoplasia. Confira a seguir:
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço se dá por meio da observação de sinais e sintomas persistentes. Entre eles, feridas que não cicatrizam, rouquidão persistente, dificuldade ou dor ao engolir, nódulos no pescoço, mau hálito persistente e perda de peso sem motivo aparente.
“A partir do reconhecimento de algum desses sintomas, o paciente deve buscar ajuda médica. Como a região da cabeça e pescoço é complexa, composta por várias estruturas, o problema pode ser identificado e investigado por diferentes especialistas, como clínicos gerais, dentistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, otorrinolaringologistas, oftalmologistas e dermatologistas. Muitas vezes, esses profissionais identificam lesões suspeitas em consultas de rotina, por isso é importante fazer acompanhamento médico e odontológico”, aponta Gustavo Meyer, Cirurgião de Cabeça e Pescoço da Rede Mater Dei de Saúde.
Esses médicos então poderão solicitar exames complementares, como os de imagem (tomografia, ultrassonografia, ressonância magnética etc), endoscopias e biópsias, as quais são fundamentais para a determinação de um possível câncer.
Tratamento
No caso de um tumor, o diagnóstico precoce e início célere do tratamento é determinante para aumentar as chances de cura do paciente, que podem chegar a 90%.2 No entanto, hoje, no Brasil, cerca de 80% dos casos são diagnosticados em estágios avançados (III ou IV), de acordo com estudo do Instituto Nacional do Câncer (INCA).3
Uma vez confirmado o câncer, o tratamento pode variar caso a caso, podendo incluir radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e procedimentos cirúrgicos. O modelo de cuidado integrado é o mais indicado, devendo incluir oncologistas, cirurgiões de cabeça e pescoço, cirurgiões oncológicos, bucomaxilos, radioterapeutas, entre outros, a depender da necessidade de cada paciente.
Reabilitação
A recuperação do câncer de cabeça e pescoço pode ser complexa, pois o tratamento pode afetar funções como fala, deglutição, respiração, voz e aparência, já que muitas vezes envolve cirurgias para retirada do tumor. Com isso, é recomendado o acompanhamento com fonoaudiólogos, para que o paciente receba auxílio na reabilitação e consiga voltar a falar, respirar e engolir sem dificuldades. Nutricionistas também podem ajudar com uma dieta apropriada para as condições físicas de cada paciente. Além disso, fisioterapeutas podem contribuir com a recuperação da mobilidade do pescoço, ombro e ajuda na respiração; psicólogos podem auxiliar em questões de saúde mental antes, durante e depois do tratamento; e estomatologistas são capazes de acompanhar possíveis sequelas dos procedimentos, como trismo (travamento da mandíbula), boca seca, lesões orais recorrentes e suspeitas de recidiva.
Prevenção
É preciso manter-se atento a sinais como nódulos e feridas na cabeça e desconfortos na garganta, buscando atendimento médico para uma avaliação detalhada e indicação do tratamento mais indicado. Para prevenir a doença, recomenda-se adotar hábitos saudáveis, como realizar atividade física, manter uma boa alimentação e usar protetor solar regularmente. Além disso, também é importante realizar visitas periódicas ao médico e ao dentista, a fim de identificar possíveis lesões suspeitas.
Referências
1 – SBCCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2025. Disponível em: https://sbccp.org.br/julhoverde/estimativa-de-cancer-de-cabeca-e-pescoco-para-2025/. Acesso em: 7 jul. 2025.
2 – SBCCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2025. Disponível em: https://sbccp.org.br/Noticias/a-constatacao-e-de-estudo-do-inca-publicado-na-ultima-edicao-da-revista-the-lancet-regional-health-americas/#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20de%20cabe%C3%A7a%20e,do%20rosto%20e%20do%20pesco%C3%A7o.. Acesso em: 7 jul. 2025.
3 – NASCIMENTO, Flávia; MARIANNA; MESENTIER, Luciano; LEITE, Felipe; DIAS, Fernando Luiz; BEZERRA, Leandro; FELIPE, Luis. Disparities in stage at diagnosis of head and neck tumours in Brazil: a comprehensive analysis of hospital-based cancer registries. The Lancet Regional Health – Americas, [S. l.], v. 42, p. 100986–100986, 2025. DOI: https://doi.org/10.1016/j.lana.2024.100986. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanam/article/PIIS2667-193X(24)00313-2/fulltext. Acesso em: 4 jul. 2025.