A detecção precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um dos maiores desafios da prática clínica e, ao mesmo tempo, uma janela de oportunidade para potencializar intervenções que favoreçam o desenvolvimento das crianças. De acordo com o Dr. Tarcizio Brito, neuropediatra do laboratório Bronstein e também das clínicas de terapias especiais para autismo da Dasa, os primeiros sintomas do TEA podem se manifestar entre 12 e 24 meses de idade. “Barreiras como a escassez de especialistas e a conscientização social limitada sobre a doença dificultam o diagnóstico, que pode levar, a um tempo médio de diagnóstico em torno de 4 a 6 anos de idade”, reforça o especialista.
Em resposta a esses desafios, tecnologias inovadoras vêm sendo desenvolvidas para apoiar a triagem e detecção de sinais precoces do TEA. Uma das iniciativas mais promissoras foi apresentada recentemente por pesquisadores sul-coreanos do Electronics and Telecommunications Research Institute (ETRI) em colaboração com o Hospital Bundang da Universidade Nacional de Seul. Os especialistas desenvolveram uma tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) para analisar a interação social de crianças pequenas por meio de vídeos curtos1, focando em comportamentos como:
- Contato visual
- Resposta ao nome
- Imitação de ações
- Gesto de apontar e outros indicadores sociais
“Essas análises ajudam a rastrear sinais precoces do TEA de forma mais acessível, com potencial para encurtar o tempo entre a suspeita inicial e a avaliação clínica,” explica Tarcizio Brito,
Benefícios e Limitações da Tecnologia
- Essa é a primeira tecnologia de IA desenvolvida baseada em “conteúdo indutor de interação social”, que pode ser utilizado em ambientes como escolas, creches, centros de desenvolvimento e até em casa, permitindo a identificação de comportamentos como rastreamento do olhar detecção de gestos, como apontar, monitoramento de estados emocionais.
- E análise de comportamentos estereotipados.
Embora os resultados iniciais sejam promissores e demonstrem boa sensibilidade para identificar sinais compatíveis com TEA, o Dr. Tarcizio Brito, alerta para a importância de usar essa tecnologia como uma ferramenta adicional de triagem, com o objetivo de apoiar os responsáveis pela criança e os profissionais de saúde na percepção mais precoce de comportamentos atípicos.
Entre os exames existentes aqui no Brasil, os testes genéticos podem auxiliar muito na investigação do TEA:
- Cariótipo, que avalia alterações estruturais grandes nos cromossomos.
- MLPA, que detecta pequenas deleções e duplicações.
- CGH-array, voltado à identificação de microdeleções e micro duplicações associadas ao TEA.
- Painel NGS, que investiga mutações em genes relacionados a síndromes específicas do espectro, como a Síndrome de Rett, que afeta majoritariamente meninas e compromete o desenvolvimento intelectual e motor.
- Exoma completo, que analisa todas as regiões codificantes dos genes.
“Além de ampliar a acessibilidade, a IA, como ferramenta para a triagem precoce, pode ajudar não apenas na prontidão para intervenções, mas também na redução dos estigmas sociais relacionados ao autismo. O uso da inteligência artificial para a triagem precoce do transtorno do espectro autista apresenta perspectivas promissoras, mas deve sempre ser encarado como parte de um processo mais amplo, conduzido por profissionais qualificados na área. Essa abordagem integradora poderá não apenas reduzir o tempo até o diagnóstico, como também promover maior acessibilidade e inclusão social, impactando de forma significativa a vida de muitas famílias ao redor do mundo”, finaliza o Dr. Roberto Giugliani, coordenador de doenças raras de Dasa Genômica.
https://medicalxpress.com/news/2025-06-ai-technology-early-screening-autism.html