Além do terceiro ouro individual de Carol Santiago, o quinto dia teve mais um recorde mundial para o Brasil, com Gabriel Bandeira desbancando favoritos nos 200m medley da classe SM14 (deficiência intelectual).
O Brasil conquistou mais seis medalhas no Mundial de natação paralímpica em Singapura nesta quinta-feira, 25. Com isso, o país chega a cinco dias consecutivos com ao menos seis pódios no evento.
As finais desta quinta-feira foram palco da conquista do terceiro ouro individual da pernambucana Carol Santiago em Singapura, agora nos 100m livre S12 (baixa visão), após ela já ter vencido os 50m livre e os 100m costas. Também foram palco de um novo recorde mundial brasileiro, obtido pelo paulista Gabriel Bandeira nos 200m medley para a classe SM14 (deficiência intelectual).
O Brasil está na sexta colocação do quadro de medalhas, com 10 ouros, 12 pratas e nove bronzes. O ranking é liderado pela China, que tem 26 medalhas ao todo, 15 delas de ouro, além de seis pratas e cinco bronzes. A segunda colocação é da Itália, com 13 ouros, 12 pratas e 10 bronzes, e a terceira é a Ucrânia, com 12 ouros, 13 pratas e 12 bronzes.
Invencibilidade e mais um ouro de Carol Santiago
A pernambucana Carol Santiago venceu os 100m livre S12 (baixa visão) com tempo de 1min00s51. Na mesma prova, o Brasil ainda conquistou uma medalha de bronze com a paraense Lucilene Sousa, que marcou 1min01s21. A prata foi para a japonesa Ayano Tsujiuchi (1min00s73).
Em Singapura, Carol também venceu os 100m costas e os 50m livre e fez parte do revezamento 4x100m medley 49 pontos (para atletas com deficiência visual).
Com isso, Carol, maior campeã paralímpica da história do Brasil e maior medalhista mundial da delegação brasileira, manteve sua invencibilidade nos 50m livre e nos 100m livre em todas as edições de Mundial que disputou (Londres 2019, Ilha da Madeira 2022, Manchester 2023 e Singapura 2025). A pernambucana ainda se tornou tricampeã dos 100m costas neste ano.
“Confesso que não estou tão rápida quanto eu esperava nesta competição, mas fico feliz de trazer mais um ouro para o Brasil e treinar outras situações. É a primeira vez em que faço um programa de provas menor, tenho um espaço maior entre uma prova e outra e preciso me acostumar com isso também, a não estar o tempo todo no esforço, conseguir descansar e performar. Estou bem satisfeita com o campeonato Mundial. Três provas individuais, três medalhas de ouro e um recorde mundial no revezamento”, disse Carol.
A pernambucana contou que não sabia da aproximação da segunda colocada nos últimos metros de sua prova. “Eu não tinha a menor noção. Por um instante, pensei que eu pudesse ter ficado em segundo quando escutei meu tempo. Mas ainda bem que fiquei em primeiro e trouxe mais um ouro para o Brasil”, afirmou.
Recorde mundial com Gabriel Bandeira
O paulista Gabriel Bandeira conquistou o ouro e o recorde mundial dos 200m medley SM14 (deficiência intelectual) ao completar a prova em 2min05s40. O segundo colocado foi o britânico Rhys Darbey, com 2min05s84 e o medalhista de bronze foi o canadense Nicholas Bennett, com 2min06s30.
Gabriel se manteve na liderança da prova durante a primeira metade da disputa, no nado borboleta e no costas. O paulista chegou a ser ultrapassado por Nicholas Bennett após a batida dos 150 metros, no nado peito, mas conseguiu recuperar a primeira colocação nos últimos 50 metros, com o nado livre, recebendo forte apoio dos brasileiros presentes no OCBC Aquatic Centre.
O recorde mundial anterior era de Nicholas Bennett, terceiro colocado em Singapura, que registrou 2min05s97 em Toronto, no Canadá, em maio de 2024.
O paulista já havia conquistado a prata nesta prova nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e o ouro no Mundial da Ilha da Madeira, em 2022. Já em Manchester 2023 o atleta ficou na décima colocação.
“Eu também bati o recorde mundial na Ilha da Madeira. Depois, foi difícil voltar a nadar bem essa prova. [Hoje] encaixei certinho a prova e veio recorde”, comemorou Gabriel.
Mais brasileiros na água
O Brasil abriu as finais nesta quinta-feira com medalha de bronze logo na primeira prova. O pódio foi conquistado pela mineira Laila Suzigan Abate nos 100m peito SB5 (comprometimento físico-motor), com 1min48s14. O ouro ficou com a britânica Grace Harvey, que completou a prova em 1min42s88, e a prata com a ucraniana Anna Hontar, com 1min46s78.
A marca de Laila é o novo recorde das Américas. Antes, o melhor resultado para a prova de uma atleta do continente era de 1min48s85, registrado pela própria Laila em maio de 2023, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
“Os Jogos de Paris foram muito difíceis para mim. A gente mudou a estratégia e trocou de prova. Tem um ano que eu estou treinando para essa prova. A gente sabia que podia dar [um bom resultado], treinou o máximo a minha cabeça para eu sair daqui feliz independente do resultado porque Paris foi muito duro para mim. Enquanto eu entrava, eu fiquei pensando: ‘só quero sair feliz’. Não estou acreditando. Eu treino para 400m há muito tempo e foi um tiro no escuro para não desistir. Sou muito grata à comissão técnica, ao Praia Clube, a todo mundo que acreditou”, afirmou Laila.
Nos 50m livre S4 (comprometimento físico-motor). o Brasil conquistou duas medalhas. A carioca Lídia Cruz encerrou a prova em 38s98 e ficou com a prata, enquanto a mineira Patrícia Pereira marcou 41s02 e conquistou o bronze. O ouro foi para a norte-americana Katie Kubiak , que completou a distância em 36s83 e estabeleceu um novo recorde mundial.
Nos 100m livre S11 (cegos), o catarinense Matheus Rheine ficou na quinta colocação, com 1min00s13. A prova foi vencida pelo tcheco David Kratochvil (56s30), com prata para o ucraniano Danylo Chufarov (57s46) e bronze para o holandês Rogier Dorsman (57s61).
A catarinense Mayara Petzold completou so 50m livre da classe S6 (comprometimento físico-motor) em 35s09, na quarta colocação. O ouro foi para a ucraniana Anna Hontar (32s79), a prata para a chinesa Yuan Jiang (32s83) e o bronze para a irlandesa Dearbhaile Brady (34s69).
A paulista Maiara Barreto ficou na sétima colocação dos 50m livre da classe S3 (comprometimento físico-motor), com 1min05s54.A norte-americana Leanne Smith foi ouro com 40s42, seguida pelas espanholas Marta Infante (43s12) e Delia Cervera (47s82).
O carioca Douglas Matera encerrou os 100m livre da classe S12 masculino na sétima colocação, com 55s14. O ouro foi para o francês Kylian Portal (53s16), a prata para o ucraniano aksym Veraksa e o bronze para Raman Salei, do Azerbaijão (54s01).
O paulista Gabriel Cristiano ainda competiu nos 50m livre S8 (comprometimento físico-motor) e foi desclassificado pela arbitragem após chegar na sétima colocação.
Brasil em Singapura
A delegação do Brasil que disputa o Mundial de Singapura, que vai de 21 a 27 de setembro, conta com 29 nadadores, 16 homens e 13 mulheres, oriundos de sete estados (MG, PA, PE, PR, RJ, SC e SP). São Paulo, com dez convocados, é o estado com o maior número de nadadores.
O grupo é formado pelos 24 nadadores que atingiram índices estipulados pelo CPB em três oportunidades: o Circuito Paralímpico – Fase Seletiva e a Primeira Etapa Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa, em São Paulo, no Centro de Treinamento Paralímpico; e o World Series de Guadalajara, no México.
Outros cinco nadadores foram convocados por terem o Índice Mínimo de Qualificação (MQS, na sigla em inglês) do Mundial e também apresentarem as melhores marcas para formar equipes de revezamentos. No último Mundial da modalidade, Manchester 2023, o país subiu 46 vezes ao pódio, conquistando 16 medalhas de ouro, 11 de prata e 19 de bronze. Os pódios deixaram o Brasil na quarta colocação no quadro de medalhas, atrás de Itália, Ucrânia e China, superando a anfitriã Grã-Bretanha em uma disputa acirrada até a última prova da competição.
A melhor campanha do Brasil na história dos Mundiais de natação paralímpica foi registrada na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022. O país encerrou a disputa com 53 medalhas, 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze. Com isso, ficou na terceira colocação do quadro de medalhas do evento, somente atrás de Estados Unidos e Itália.
Confira os resultados dos brasileiros nas finais:
Douglas Matera
100m livre S12 – sétimo lugar – 55s14
Gabriel Bandeira
200m medley SM14 – Ouro – 2min05s40
Gabriel Cristiano
50m livre S8 – Sétimo lugar – 27s95
Laila Abate
100m peito SB5 – Bronze – 1min48s14
Lídia Cruz
50m livre S4 – Prata – 38s98
Maiara Barreto
50m livre S3 – Sétimo lugar – 1min05s54
Matheus Rheine
100m livre S11 – Quinto lugar – 1min00s13
Mayara Petzold
50m livre S6 – Quarto lugar – 35s09
Patrícia Pereira
50m livre S4 – Bronze – 41s02
CRÉDITO/FONTE/IMAGEM: Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro
Carol Santiago, medalhista de ouro dos 100m livre S12 | Foto: Wander Roberto/CPB