Duas tecnologias desenvolvidas na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp têm potencial para proporcionar mais autonomia, precisão e segurança nos deslocamentos para pessoas com deficiência, além de reduzir o esforço físico e mental em atividades rotineiras.
As tecnologias do campo da robótica têm grande potencial de proporcionar às pessoas com deficiência motora uma série de benefícios em suas atividades físicas. Destacam-se, por exemplo, o aumento da autonomia e independência na realização de movimentos, a maior precisão e segurança nos deslocamentos e a redução do esforço físico e mental em atividades rotineiras, entre outros.
Para explorar esse potencial da robótica e oferecer esses benefícios, uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC Unicamp) vem trabalhando, há alguns anos, no desenvolvimento de duas tecnologias – ambas com suas patentes depositadas com assessoria da Agência de Inovação Inova Unicamp – que fazem uso da robótica para auxiliar pessoas com deficiência física a executar tarefas cotidianas.
“Nossas pesquisas visam o desenvolvimento deplataformas de robótica para ajudar pessoas com deficiência física a recuperar parcialmente a execução de alguns movimentos perdidos”, explica o professor Eric Rohmer, da FEEC. “Nós procuramos melhorar as interações humano-prótese simplificando as interfaces entre o usuário e os dispositivos”, observa o pesquisador.
Sistema auxiliar de controle para cadeiras de rodas e dispositivos eletromecânicos
Uma dessas tecnologias consiste em um sistema auxiliar de controle de equipamentos móveis, como cadeiras de rodas, que ajuda o usuário em seus deslocamentos. Ele atua antecipando movimentos do usuário ou antevendo situações, como movimentos da cadeira de rodas, para evitar colisões ou facilitar manobras complexas.
O professor Rohmer detalha que “o sistema, por meio de sensores, detecta obstáculos e ajusta automaticamente a direção e a velocidade para que a pessoa não se aproxime demasiadamente de uma barreira. Quando incorporado a uma cadeira de rodas, o sistema oferece mais segurança e precisão nos movimentos do usuário”, afirma o pesquisador.
Dessa maneira, o sistema atua detectando as intenções dos movimentos, como as de avançar ou virar, e ajusta a execução conforme a necessidade. “Em situações de risco, como a proximidade de uma parede, o sistema diminui automaticamente a velocidade, apoiando o usuário no controle do dispositivo. O controle adaptativo também ajusta os ângulos de movimento conforme a proximidade com esses obstáculos”, acrescenta Rohmer.
Uma das vantagens deste sistema é sua capacidade de facilitar uma circulação mais precisa em ambientes complexos, ainda que eles apresentem várias barreiras e desvios pelo caminho. Esse dispositivo pode ser adaptado não apenas a cadeiras de rodas, mas também a outros tipos de robôs ou dispositivos eletromecânicos móveis.
Prótese de mão inteligente com reconhecimento de objetos
A outra tecnologia desenvolvida pela equipe da FEEC Unicamp é destinada a pessoas que sofreram amputações nas mãos. Trata-se de uma prótese de mão inteligente, dotada de uma câmera,com capacidade de reconhecer objetos e antecipar os movimentos mais adequados.
Para isso, a câmera embutida está integrada a um sistema com algoritmos de visão computacional e um banco de ações pré-programadas, que permite compreender antecipadamente uma ação desejada e propor os movimentos da pessoa.
Rohmer detalha o seu funcionamento explicando que em vez de depender de um controle muscular complexo do usuário, que em muitos casos pode ser limitado,osistema da prótese de mão “entende” a situação e sugere o movimento ideal para o tipo de “grip” (agarre) mais adequado, e que o usuário deve validar se é o correto para a situação. “Por exemplo, o sistema é capaz de entender que o usuário deseja segurar uma caneca ou usar um mouse, então o dispositivo ‘visualiza’ como é o objeto que será manuseado, antecipa uma sugestão de movimento e o usuário só tem o trabalho de validá-la, otimizando assim a interação da pessoa com esse objeto”, comenta o professor.
Este dispositivo resolve uma limitação comum em próteses similares, nas quais o controle da mão é realizado por meio de sinais eletromiográficos (impulsos elétricos gerados pela atividade muscular). Esses sinais exigem um treinamento prévio e podem ser confusos ao usuário. O dispositivo desenvolvido na FEEC Unicamp torna o seu uso mais intuitivo ao antecipar os movimentos desejados pela pessoa.
Segundo Rohmer, as aplicações desta prótese de mão inteligente vão além do auxílio a pessoas com amputações de membros ou dificuldades motoras. “Ela pode ser aplicada, por exemplo, em outras ferramentas de manipulação, sendo também vantajosa pelo seu custo mais acessível”, afirma Rohmer.
Benefícios das tecnologias de robótica assistiva
O pesquisador reforça os benefícios que essas tecnologias assistivas podem promover às pessoas com deficiência motora: “Além de mais autonomia de movimentos, elas podem, também, aumentar a precisão na execução de tarefas e realizar interações mais acessíveis e menos cansativas, reduzindo a quantidade de comandos e a carga mental para o usuário”, observa o professor, que acrescenta: “Além dessas tecnologias já desenvolvidas, temos outras em fase de desenvolvimento para agregarmos ainda mais facilidades às pessoas com deficiência motora”, finaliza Rohmer.
Essas tecnologias desenvolvidas na Unicamp foram protegidas por meio de pedido de patente e estão disponíveis para licenciamento por empresas e instituições. A partir do licenciamento, as tecnologias vão poder ser aperfeiçoadas e produzidas como produtos para chegar à sociedade como inovações e, assim, promover melhorias no bem-estar de pessoas com deficiência motora. Mais detalhes sobre elas podem ser encontrados no Portfólio de Tecnologias da Unicamp.
Como licenciar uma tecnologia da Unicamp
A Inova Unicamp disponibiliza no Portfólio de Tecnologias da Unicamp uma vitrine tecnológica com perfis de patentes, programas de computador, cultivares e outras proteções. Empresas e instituições públicas ou privadas podem licenciar a propriedade intelectual da Unicamp a partir das negociações com a Agência de Inovação da Unicamp. O contato é realizado pelo formulário de conexão com empresas da Inova Unicamp.
A Agência também oferta ativamente as tecnologias para as empresas, com a intenção de que o conhecimento gerado na Universidade se converta em soluções reais e chegue ao mercado e à sociedade. Para conhecer casos de licenciamento de tecnologias da Unicamp, acesse o site da Inova. E para encontrar os profissionais ideais para as necessidades do seu projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com a Universidade, faça uma busca no Portfólio de Competências da Unicamp e contate a Inova para a negociação.
Para conhecer outras tecnologias protegidas disponíveis para licenciamento, acesse o Portfólio de Tecnologias da Unicamp ou entre em contato com a Inova via formulário.
Texto: Christian Marra – Inova Unicamp | Fotos: Igor Alisson – Inova Unicamp