Desfralde: como entender o momento certo das crianças com deficiência

Desfralde: como entender o momento certo das crianças com deficiência

Especialista em desenvolvimento infantil explica como identificar os sinais de prontidão e conduzir o desfralde de crianças com deficiências de forma respeitosa, segura e sem pressa.

Um momento de grande alívio para os pais é quando seus filhos passam a usar o banheiro sozinhos. Porém, esse marco do desenvolvimento infantil requer muita atenção e paciência, principalmente no caso de crianças com deficiências, pois ele está relacionado a autonomia e independência.

Para essas crianças, esse processo se inicia um pouco mais tarde, por volta dos dois a quatro anos. O tempo médio do desfralde também costuma ser mais longo e irregular e muitas vezes envolve a integração da equipe multiprofissional e da escola.

Segundo o neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil André Ceballos, é mais difícil observar os sinais do desfralde em crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista). “Permanecer com a fralda seca de duas a três horas, amanhecer com a fralda seca, fazer bastante xixi de uma só vez, pedir para tirar ou trocar a fralda com frequência são alguns dos sinais que elas dão quando estão prontas para começar o desfralde, por isso a observação é um passo importante desse processo.”
 

O doutor Ceballos destaca ainda que o desfralde deve ser visto como um período de aprendizado, e não como uma corrida. “Cada criança tem seu ritmo. Em crianças com deficiências, o mais importante é respeitar o tempo delas e adaptar o ambiente e a rotina para que se sintam seguras e confiantes”, afirma.
 

Veja algumas dicas práticas para os pais segundo o doutor André Ceballos:

1. Torne esse um momento divertido e leve

As adaptações podem fazer toda a diferença. Por isso, torne as coisas mais divertidas e utilize recursos visuais como cartazes, desenhos, músicas e livros sobre o tema ajudam a criança a compreender o que está acontecendo de forma lúdica. No caso de deficiências físicas, o uso de redutores de assento, barras de apoio e degraus para alcançar o vaso sanitário são fundamentais para promover independência e segurança. “Esses pequenos ajustes tornam o processo mais acessível e dão à criança a confiança de que ela é capaz”, observa o doutor Ceballos.

2. Crie uma rotina previsível e segura

A previsibilidade ajuda a criança a entender o que está acontecendo e o que é esperado dela. Levar a criança ao banheiro sempre nos mesmos horários, como ao acordar, após as refeições e antes de dormir, ajuda a criar um padrão e ensina o corpo a reconhecer esses momentos. Em crianças com TEA ou outras condições, a rotina estruturada e repetitiva traz conforto e reduz a ansiedade, tornando o processo mais natural e menos estressante.

3. Valorize cada conquista

O desfralde é um processo cheio de avanços e retrocessos. Acidentes acontecem e são completamente normais, eles são os famosos “escapes”. Por isso, é fundamental que os pais mantenham uma postura paciente e acolhedora. Elogiar as pequenas conquistas, como quando a criança avisa que quer ir ao banheiro, ajuda a reforçar positivamente o comportamento. Já as punições ou críticas podem gerar medo, vergonha e até retrocessos no aprendizado.

4. Se for necessário, busque ajuda profissional

Em alguns casos, o acompanhamento de profissionais como terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos pode ser determinante para o sucesso do desfralde. Esses especialistas podem orientar os pais sobre o melhor momento de iniciar o processo, indicar adaptações personalizadas e auxiliar na criação de estratégias específicas para cada tipo de deficiência. Além disso, o envolvimento da escola e dos cuidadores é fundamental para manter a consistência da rotina e garantir que todos estejam alinhados.
 

Com amor, paciência e orientação adequada, o desfralde deixa de ser um desafio e se transforma em uma jornada de aprendizado e conexão entre pais e filhos e um marco essencial no desenvolvimento infantil.
 

Conheça o Dr. André Ceballos: Médico neurocirurgião, Ceballos atua como Diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento. O médico tem como missão identificar precocemente condições que possam comprometer o pleno desenvolvimento das crianças, oferecendo intervenções terapêuticas baseadas nas melhores evidências científicas. A atuação do Dr. Ceballos vai além do atendimento clínico e da gestão hospitalar e reconhecendo a importância da informação e da educação para a saúde pública, se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis. Saiba mais em: Link

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