Curiosidades que todo brasileiro precisa saber sobre tuberculose

Curiosidades que todo brasileiro precisa saber sobre tuberculose

Projeto A CASA apresenta cartilha com orientações sobre sinais, diagnóstico e tratamento da tuberculose, apoiando 400 mil agentes comunitários e a população na identificação precoce da doença e no cuidado integral no SUS. Conheça os pontos principais

A tuberculose segue como uma das doenças infecciosas mais relevantes do mundo e possui impacto direto na saúde pública brasileira. Em 2023, cerca de 10,6 milhões de pessoas adoeceram globalmente e 1,3 milhão morreram em decorrência da infecção. No Brasil, aproximadamente 78 mil novos casos foram notificados no mesmo ano, acompanhados de 4,5 mil mortes. O Dia Nacional de Combate à Tuberculose, marcado em 17 de novembro, reforça a necessidade de ampliar o diagnóstico precoce, reduzir a transmissão e fortalecer a comunicação direta com a população sobre riscos, sintomas e tratamentos disponíveis no SUS.

Neste ano, a mobilização ganha novo fôlego com as ações do Projeto A CASA – Comunidade de práticas, conexão, formação e informação do Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias. A iniciativa, coordenada por um comitê gestor integrado por IPADS, Johnson & Johnson e CONACS, disponibiliza uma cartilha técnica para orientar cerca de 400 mil agentes comunitários de saúde que atuam nos 5.570 municípios brasileiros. O material reúne conceitos fundamentais sobre transmissão, sintomas, diagnóstico, formas clínicas e cuidados, ampliando a capacidade desses profissionais de apoiar a vigilância e o cuidado das pessoas que vivem em seus territórios. Conheça os 10 principais pontos da cartilha, disponível na íntegra em https://acasadosagentes.org.br/materiais-informativos/.

1 – A tuberculose é causada por uma bactéria que circula pelo ar

A tuberculose resulta da infecção pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, transmitida principalmente quando uma pessoa doente tosse, espirra ou fala muito próxima a outras em ambientes fechados. A transmissão não ocorre por roupas, talheres, objetos ou aperto de mão, o que reforça a importância de orientar a população sobre como o contato direto pelo ar é o principal fator de risco. A ventilação adequada, a entrada de luz solar e a etiqueta respiratória são medidas simples, mas efetivas para reduzir a circulação do bacilo.

Como forma pulmonar é a mais comum, pessoas com tosse persistente por três semanas ou mais devem ser investigadas. O risco de transmissão é maior quando há eliminação de bacilos na tosse, mas diminui cerca de 15 dias após o início do tratamento. Ambientes fechados e com pouca circulação de ar aumentam a probabilidade de contágio, tornando fundamental o trabalho preventivo na atenção básica.

2 – Existem diferentes tipos de tuberculose e cada um exige atenção específica

A tuberculose pulmonar é a forma mais conhecida, mas a doença pode atingir outros órgãos e provocar quadros distintos, chamados de formas extrapulmonares. Elas também são tratáveis pelo SUS e exigem investigação oportuna para evitar complicações. A tuberculose pleural, por exemplo, acomete a membrana que reveste os pulmões e causa dor no peito, falta de ar e tosse seca. A tuberculose óssea atinge coluna e articulações, com dor persistente e limitação de movimentos. Outra forma importante é a tuberculose ganglionar, mais comum em crianças e pessoas vivendo com HIV, caracterizada por aumento dos gânglios no pescoço, que podem causar uma fístula. Embora ocorram fora dos pulmões, todas essas formas seguem o mesmo princípio terapêutico de longo prazo, com antibióticos combinados e acompanhamento rigoroso.

3 – A tosse persistente é o sintoma mais importante para suspeitar da doença

Entre os sinais mais frequentes da tuberculose pulmonar está a tosse que dura semanas, geralmente acompanhada de catarro. Febre baixa no final da tarde, suores noturnos, cansaço, fraqueza e emagrecimento também são comuns. Esses sintomas devem levar à avaliação imediata na unidade básica de saúde, onde exames iniciais são realizados sem custo. Ambientes com pouca ventilação agravam o risco e tornam mais fácil a transmissão para conviventes próximos. Por isso, a orientação sobre ventilação natural e etiqueta respiratória deve ser reforçada sempre, especialmente em locais fechados e com grande circulação de pessoas.

4 – O diagnóstico é gratuito e envolve diferentes exames

O diagnóstico de tuberculose começa pela coleta de escarro, que permite realizar baciloscopia, cultura e teste rápido molecular, capaz de identificar a bactéria e detectar resistência à rifampicina. O raio-X de tórax ajuda a visualizar cavidades, manchas ou nódulos que sugerem infecção ativa. A tomografia é utilizada em casos complexos ou quando há suspeita sem alterações radiológicas. A cultura de escarro é o exame mais sensível e é indicada quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de resistência. Todos esses exames são ofertados pelo SUS, garantindo que a população tenha acesso à investigação completa e gratuita.

5 – O tratamento é eficaz, padronizado e disponível em todo o país

A combinação de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol é o padrão terapêutico para a maioria dos casos. O tratamento dura cerca de seis meses e deve ser seguido diariamente, sem interrupções, até a alta. Suspensões precoces podem favorecer resistência bacteriana e levar a tratamentos mais longos e complexos. O acompanhamento ocorre na unidade básica de saúde, onde profissionais orientam sobre horários, efeitos colaterais e adesão. Quando seguido corretamente, o tratamento leva à cura na imensa maioria dos casos e reduz significativamente o risco de transmissão.

6 – Pessoas próximas ao doente devem ser avaliadas, mesmo sem sintomas

Consideram-se comunicantes todas as pessoas que respiraram o mesmo ar que o paciente por tempo prolongado. Crianças pequenas, idosos, pessoas vivendo com HIV e indivíduos com baixa imunidade possuem maior risco de adoecer após a infecção e devem ser avaliados com prioridade. A investigação de comunicantes permite detectar infecções sem sintomas e iniciar o tratamento antes que evoluam para formas graves. Essa estratégia protege famílias inteiras e reduz a transmissão comunitária.

7 – Os agentes comunitários de saúde são fundamentais no controle da tuberculose

Durante as visitas, agentes comunitários identificam tosse prolongada, orientam sobre ventilação, esclarecem dúvidas e estimulam a coleta correta do escarro. Para Ilda Angélica Correia, presidente da CONACS, a proximidade com as famílias fortalece o cuidado. “O agente comunitário reconhece precocemente a mudança no estado de saúde das pessoas que acompanha e orienta sobre onde buscar ajuda. Quando identifica sintomas e encaminha para a unidade, encurta o caminho entre a suspeita e o diagnóstico”, afirma. Esses profissionais também acompanham pacientes durante o tratamento, reforçam a importância dos medicamentos e ajudam a prevenir interrupções. O vínculo estabelecido pelo agente comunitário contribui diretamente para a adesão e a continuidade do cuidado.

8 – A tuberculose continua concentrada em grupos vulneráveis

A doença persiste de forma desigual nas populações brasileiras. Pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, vivendo com HIV ou em moradias precárias concentram maior número de casos. O diagnóstico tardio é mais frequente nessas populações, aumentando o risco de formas graves e ampliando a transmissão comunitária. A vigilância exige ações integradas de acesso a exames, fortalecimento da atenção primária e busca ativa. A atuação dos agentes comunitários é decisiva nesses territórios, onde o sistema de saúde enfrenta barreiras de acesso e desigualdades históricas.

9 – A tuberculose tem cura e todos os recursos estão disponíveis no SUS

A tuberculose é uma doença curável quando o tratamento é iniciado e mantido adequadamente. O SUS garante acesso gratuito a todos os exames, medicamentos e acompanhamento, reforçando a capacidade do país de controlar a transmissão e reduzir complicações. A adesão completa ao tratamento interrompe a circulação da bactéria e protege conviventes e comunidades. Cada etapa, da suspeita inicial ao uso diário dos medicamentos, é determinante para diminuir o impacto da doença no país.

10 – Projeto A CASA fortalece a formação e a prática dos agentes de saúde

O Projeto A CASA oferece formação contínua, materiais de referência e espaços de troca entre agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias. A cartilha sobre tuberculose integra esse esforço, reunindo orientações sobre sinais, transmissão, diagnóstico e cuidados com os comunicantes. Thiago Lavras Trapé, presidente do IPADS, destaca que qualificar o trabalho dos agentes tem impacto direto nos indicadores. “O projeto oferece formação contínua, material de referência e um ambiente de troca que fortalece a prática diária dos agentes. Ao qualificar esse trabalho, ampliamos o diagnóstico oportuno e contribuímos para reduzir casos e mortes”, afirma. A iniciativa é conduzida por um comitê gestor formado por IPADS, Johnson & Johnson, CONASEMS e CONACS.

Cartilha completa disponível aqui: https://acasadosagentes.org.br/materiais-informativos/

Sobre o IPADS – O IPADS é uma organização sem fins lucrativos, que atua na perspectiva de contribuir com o desenvolvimento social e com a melhoria da qualidade de vida da população, apoiando a formulação, implantação e avaliação de políticas, programas e projetos. O trabalho do Instituto é caracterizado pela interdisciplinaridade, principalmente pela atuação conjunta de seus associados que buscam uma abordagem integral das necessidades do cidadão.

Sobre o CONASEMS – O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) nasceu a partir do movimento social em prol da saúde pública e se legitimou como uma força política, que assumiu a missão de agregar e de representar as 5570 secretarias municipais de saúde do país. Desde 1988, promove e consolida um novo modelo de gestão pública de saúde baseado em conceitos como descentralização e municipalização.

Sobre a CONACS – A Confederação Nacional dos Agentes de Saúde (CONACS) foi uma entidade criada em 1996 pelos ACS e ACE com o objetivo de ser a representante máxima dessas categorias. Atua como importante força política em prol dos direitos associados ao trabalho dos agentes de saúde. É formada por sindicatos e associações desses profissionais e na década de 1990 sua atuação foi fundamental para consolidação de leis que criaram a profissão e regulamentaram o vínculo empregatício. A CONACS tem forte potencial de mobilização junto a ACS e ACE de todo o país.

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