OPINIÃO
- * Por Thierry Cintra Marcondes
26/12/2025
Mas você sabia que “quente/calor” também tem tudo a ver com acessibilidade?
Você deve estar se perguntando: “Como assim, Thierry Cintra Marcondes? O que calor tem a ver com acessibilidade?”
Pois é… essa semana o calor está intenso. No Rio de Janeiro temperaturas batendo 41 graus Celsius e em São Paulo passando seus 36 graus.
E sabe o que acontece? Meus aparelhos auditivos começam a pifar, começando com chiados, pois eu começo a suar mais, e isso afeta diretamente o funcionamento deles.
Já tive que lidar com falhas, mal desempenho e até paradas inesperadas.
Agora expanda para outras situações, imaginem quem depende de uma cadeira de rodas motorizada, de aparelhos com recargas. O calor extremo exige mais da bateria, compromete o desempenho e até pode danificar os componentes eletrônicos, inclusive até danifica as soldas.
O CALOR AFETA DIRETAMENTE A PERFORMANCE DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS.
Segundo a Universidade Estadual de Campinas, a faixa ideal de operação de muitos aparelhos é entre 0 °C e 35 °C.
Acima disso, há risco de superaquecimento, falhas e redução da vida útil, para todos os aparelhos e pensem em quem mais precisa deles.
Quem nunca viu o celular superaquecer e começar a travar? Agora pense nisso aplicado a tecnologias assistivas, essenciais para a mobilidade, comunicação e autonomia de milhões de pessoas.
E não são só os aparelhos: o CORPO HUMANO TAMBÉM SOFRE. Estudos mostram que temperaturas acima de 30 °C reduzem a capacidade cognitiva, aumentam o risco de exaustão térmica e afetam especialmente pessoas com deficiência, idosos e pessoas com doenças crônicas.
A ACESSIBILIDADE TAMBÉM É IMPACTADA POR BARREIRAS TECNOLÓGICAS E AMBIENTAIS.
Um estudo da SciELO – Scientific Electronic Library Online destaca que a falta de infraestrutura adequada e a baixa durabilidade dos dispositivos assistivos em ambientes extremos são fatores que limitam a inclusão de pessoas com deficiência.
Além disso, o calor pode agravar desigualdades: em países em desenvolvimento, a manutenção de tecnologias assistivas é mais difícil, mais cara, fora que são menos disponíveis. E a falta de políticas públicas que considerem o clima como fator de exclusão tecnológica amplia a vulnerabilidade social.
TECNOLOGIA assistiva NÃO É LUXO, É DIREITO, É SAÚDE, PERFORMANCE E CRIATIVIDADE.
E esse direito precisa ser protegido também frente às mudanças climáticas. A acessibilidade precisa estar no centro das discussões sobre sustentabilidade, urbanismo e inovação.
Essa é a minha provocação: que a gente amplie o olhar sobre acessibilidade. Porque acessibilidade também é resistir ao calor — literalmente.
Por isso a pauta de acessibilidade tem que entrar na sustentabilidade e a pauta de sustentabilidade também tem que entrar na de acessibilidade.
ARTIGO ORIGINALMENTE PUBLICADO:
- Thierry Cintra Marcondes é Especialista em Acessibilidade/ Diversidade, Inovação e ESG | Conselheiro | Empreendedor | Investidor | Palestrante | Professor | Conector de Impacto e Criador de Negócios Futurísticos




