A 17ª Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, que terminou neste domingo (4), atraiu um público de 46.795 mil pessoas. Uma edição comemorada por expositores e pela Fiera Milano Brasil, organizadora do evento. Foram quatro dias de muitos lançamentos apresentados pelas 300 marcas expositoras e conteúdos oferecidos pelo Congresso Reatech – Inclusão e acessibilidade no Mercado de Trabalho, Curso Pet – Terapia Assistida por Animais, Workshop Equoterapia, Reamed – Congresso de Medicina Física e Reabilitação, Tecfisio TO – Seminário de Tecnologias Avançadas em Fisioterapia e Terapia Ocupacional, e o Reashow – Seminários dos Expositores.

A Reatech reuniu agências de emprego voltadas para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, instituições financeiras, departamentos de recursos humanos, indústrias farmacêuticas, indústrias dos segmentos de animais treinados, equipamentos especiais, materiais educativos, hospitalares, higiene pessoal, terapias alternativas, turismo e lazer.

Para Maurício Macedo, CEO da Fiera Milano Brasil, é sempre uma honra organizar a feira. “Nesta 17ª edição da Reatech reafirmamos o propósito da Fiera Milano Brasil de promover experiências através de atividades sociais, culturais e conteúdos relevantes para todos os segmentos do mercado que atuam em prol das pessoas com deficiência, tornando os processos de reabilitação, inclusão e acessibilidade parte do cotidiano de todos os envolvidos nesse tema”, afirma. “A Reatech é a maior vitrine do desenvolvimento desse setor, que segundo dados do último censo realizado pelo IBGE possui mais de 45 milhões de brasileiros que têm dificuldade
para ver, ouvir, se locomover ou têm algum tipo de deficiência intelectual”.

Luiz Oberdan, coordenador de programa da Secretaria de Estado de Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo destacou a oportunidade de poder apresentar os programas realizados pelo órgão estadual na feira. “Eu acho a feira muito legal, não é novidade pra mim, já a conheço há muitos anos. O movimento foi grande, teve bastante gente, muita gente visitando o estande. Apresentamos vários programas, eventos e reuniões. Oferecemos diversos cursos gratuitos para as pessoas com ou sem deficiência e tivemos muitas inscrições. Divulgamos todos os programas que temos feito. Nós já tínhamos essa expectativa mesmo”.

Para a diretora e fundadora da ADD – Associação Desportiva para Deficientes, Eliane Miada, esta edição do evento foi “incrível”. “A Reatech é muito importante porque é uma oportunidade das pessoas com deficiência e de outras organizações conhecerem o nosso trabalho, para que elas possam ingressar em atividades. Temos muitos alunos que vieram de outras edições da feira, então, isso é fantástico para nós. Montamos a ADD Sports Arena há 21 anos, e a cada edição da Reatech temos um novo desafio. A nossa proposta na feira é trazer espaços que integrem atletas paraolímpicos, atletas profissionais com o público em geral e essa interação é fundamental. Se você contar as horas úteis, desde o primeiro horário da feira até o final, fizemos 32 horas de eventos”.

Fábio Brunharo, coordenador da Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual, também destaca a longa participação da entidade na feira. “Participar da Reatech já faz parte da história do Laramara. O nosso intuito nesta edição, além de expor os brinquedos, máquinas e jogos pedagógicos, foi apresentar a associação. Todos os produtos tiveram uma ótima aceitação do público, principalmente os brinquedos pedagógicos, que são fundamentais para orientadores e professores. A importância de fazer parte desse evento é enorme, aqui podemos acompanhar todas as informações sobre evolução dos produtos e atendimento à pessoa com deficiência em um único local, e para nós essa troca é muito gratificante, com certeza voltaremos nas próximas edições”.

Já Ana Claudia Accorsi, assistente de Relacionamento com Empresas do Médicos Sem Fronteiras, lembra que a presença na Reatech possibilitou doações importantes para o projeto. “Foram 342 testes rápidos para diagnósticos de malária, 173 vacinas para proteger contra o sarampo e 219 sachês de alimento terapêutico à base de pasta de amendoim para tratar desnutrição doados durante a feira. Estimamos que esse apoio possa garantir o tratamento da desnutrição para pelo menos 3.285 pessoas em um dia. Realmente conseguimos impactar muitas vidas juntos”.

As senadoras Simone Tebet (MDB — MS) e Mara Gabrilli (PSDB-SP), candidatas à presidência e vice presidência da República, também prestigiaram a Reatech. Durante a visita, Tebet destacou a importância da feira e lembrou que a questão da inclusão faz parte de sua proposta de programa de governo.

Gabrilli lembrou que o Brasil é considerado o terceiro país em reabilitação, mas não consegue atender a toda demanda e defendeu que todas as pastas do governo federal estejam envolvidas com as causas das pessoas com deficiência.

Congresso Reatech

Entre os dias 1 e 3 de setembro, cerca de 80 pessoas passaram pelo Congresso Reatech de Inclusão e Acessibilidade no Mercado de Trabalho, no São Paulo Expo. Com, ao menos, quatro palestras ou painéis de debate por dia, o evento permitiu uma integração entre profissionais e organizações que se preocupam com o tema muito relevante para as pessoas com deficiência. “Foi muito oportuno para reunir profissionais de empresas que olham para a inclusão, permitindo que eles aprendam e evoluam. O conhecimento é a única coisa que você não perde quando dá.

Então, é muito positivo. Foi um encontro de pares. Os integrantes que aqui estavam faziam a mesma função em diferentes locais e compartilharam seus ensinamentos conosco”, contou Paulo Serra, diretor de inovação da Blue Ocean, empresa responsável pela curadoria e organização da conferência.

Tecnologias inéditas

Mantendo a tradição, a Reatech 2022 apresentou diversas novidades tecnológicas voltadas para garantir mobilidade, acessibilidade e independência aos deficientes. Entre elas, a primeira maquininha de cartão de crédito e débito do mundo para cegos ou pessoas com baixa visão, apresentada pela Organização Nacional de Cegos do Brasil — ONCB.

Outro lançamento totalmente brasileiro foi o Stima, primeiro carro elétrico desenvolvido especialmente para quem depende de uma cadeira de rodas para se locomover, que permite a pilotagem pelo próprio cadeirante.

Já no setor esportivo, os visitantes puderam conhecer a primeira cadeira de rodas com alto desempenho para atletismo desenvolvida totalmente no Brasil pelo atleta paraolímpico Ariosvaldo Fernandes da Silva, mais conhecido como Parré, em parceria com a Alphamix, empresa fornecedora de equipamentos para diversas modalidades do paradesporto. E no último dia, os visitantes puderam acompanhar a 5ª rodada do Campeonato Paulista de Vôlei Sentado, realizado na quadra montada no pavilhão de exposição.

Animais na reabilitação

Como já é tradição, os visitantes da Reatech puderam conhecer um pouco do trabalho de apoio à terapia com a utilização de animais. Um dos mais conhecidos é a equoterapia, tratamento no qual se utilizam cavalos no processo de cura ou melhora do paciente.

Já na Fazendinha as pessoas tiveram oportunidade de interagir e brincar com animais, como cães, coelhos, tartaruga e até um casal de baratas de Madagascar, e conhecer um pouco mais do trabalho feito pelo Grupo de Abordagem Terapêutica Integrada – GATI na ajuda para reduzir o stress, melhorar a sociabilização e a autoestima de pessoas com deficiência.

Rádio ONCB faz transmissão ao vivo

Desde o primeiro dia do evento, a Organização Nacional de Cegos do Brasil realizou a cobertura de rádio, ao vivo, com 15 profissionais cegos e com baixa visão, incluindo jornalistas, radialistas, publicitários e técnicos de áudio e vídeo. (Rádio ONCB). A equipe também fez lives com entrevistas e rodadas de conversa no YouTube, que foram exibidas no canal ONCB e nas redes sociais (@oncbnarede).

Integração com estudantes de escola pública

Estudantes da EMEF — Escola Municipal de Ensino Fundamental Visconde de Cairú, instalada no bairro Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, levou 29 alunos do primeiro ao sétimo ano para uma visita à 17ª Reatech. Durante a visita, as crianças tiveram oportunidade de conversar, por libras, com visitantes surdos e com alguns professores da linguagem de sinais que participam da feira. Também conheceram o trabalho de treinamento de animais que auxiliam em terapias, que estão na Fazendinha e no espaço da Equoterapia.