Cuidar da saúde mental é essencial para que uma pessoa consiga lidar, de forma saudável, com diferentes emoções. Nesse sentido, a psiquiatra Juliana Mokayad Hanania de Azevedo, que atua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Infantojuvenil M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM — Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, exalta a importância da “rede de apoio” à manutenção do equilíbrio.
Ela explica que o termo é um nome abrangente para todo o suporte que uma pessoa pode contar ao longo da vida e, mais especificamente, nos tratamentos.
“A rede de apoio é constituída tanto pelas pessoas com as quais convivemos, como pela equipe que compõe o tratamento e as instituições envolvidas, na saúde, socialmente, religião e esportes”, reitera.
O ser humano é um ser de relacionamentos e isso faz com que a rede de apoio seja tão importante em todos os aspectos da vida, desde o observar e, às vezes, até detectar, antes mesmo que o próprio indivíduo possa fazer, o início de alterações do comportamento, dar suporte no processo do adoecimento em si, apoiar o tratamento e mantê-lo pelo tempo que for necessário.
“Perceber que não há uma convivência social apropriada dentro das capacidades de cada estrutura de personalidade já é um sinal que chama a atenção. Detectando já um déficit a partir de um isolamento progressivo, já nos dá a possibilidade de uma descoberta precoce de um possível transtorno psiquiátrico”, pondera.
Existem outros indícios que levam o indivíduo a perceber sinais de um adoecimento e, a partir disso, é um momento para solicitar auxílio da rede de apoio: mudanças nos padrões de comportamento, fisiológicos de sono, apetite e energia para realização das atividades da rotina são fortes indicativos de que alguma situação de adoecimento está se instalando.
A médica ressalta que a apresentação dos transtornos mentais em crianças e adolescentes é atípica. “Os sinais e sintomas, muitas vezes, são mais inespecíficos, o que dificulta a suspeita precoce de que algo está ocorrendo. O mais importante é não minimizar e/ou banalizar as queixas que possam surgir, mudanças de comportamento e agitações. Toda mudança de comportamento precisa ser investigada”, afirma.
Os adolescentes naturalmente passam por mudanças, frequentemente mais isolados, reservados com a família, passam muito tempo nas telas, e esse é um comportamento “uniforme” na atualidade.
Porém, conforme a especialista, chorar sem que haja qualquer motivo, emagrecimentos ou ganho de peso abruptos, maior hostilidade, irritabilidade e perda de desempenho escolar são sinais de atenção que precisam ser acompanhados e investigados.
“Nunca devemos caracterizar essas alterações como ‘frescura ou preguiça’, antes de que seja avaliado pelos profissionais habilitados”, finaliza.
CAPS e CVV
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de saúde de caráter aberto, sem agendamento, e comunitário voltados aos atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras substâncias, que se encontram em situações de crise ou em processos de reabilitação psicossocial.
As equipes de atendimento são formadas por multiprofissionais que empregam diferentes intervenções e estratégias de acolhimento, como psicoterapia, seguimento clínico em psiquiatria, terapia ocupacional, reabilitação neuropsicológica, oficinas terapêuticas, medicação assistida, atendimentos familiares e domiciliares, entre outros.
Em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o CEJAM gerencia o CAPS Infantojuvenil II M’Boi Mirim, CAPS Álcool e Drogas III Jardim Ângela e CAPS Adulto II Jardim Lídia.
Já o Centro de Valorização da Vida (CVV), instituto que apoia emocionalmente todas as pessoas que acessam o serviço, realiza atendimento 24h por dia, com voluntários que se revezam para conversar por telefone (188), e-mail ou chat.