“Ao invés de começar a desenvolver nas pessoas a cultura de inclusão da pessoa com deficiência apenas quando elas ingressam nas empresas para trabalhar, o fundamental é que esse aprendizado seja iniciado na escola”, segundo Katya Hemelrijk, CEO da Talento Incluir — consultoria de diversidade e inclusão, pioneira no Brasil.
De acordo com a especialista, as escolas precisam participar do aumento da inclusão dos alunos com deficiência. Para isso, ela e uma das parceiras da Talento Incluir, a especialista, consultora para Inclusão de Pessoas com Deficiência, com ênfase em Educação e Trabalho e empreendedora social, Marta Gil, apontam juntas 8 atitudes para promover, e ampliar e aprimorar a inclusão nas escolas. São elas:
- Disposição: preparar a escola para ser um ambiente acolhedor a todos os alunos não requer apenas obras estruturais. O principal é desenvolver a acessibilidade atitudinal, partindo do ponto principal de que educação é um direito de todas as pessoas e para todas as pessoas, com e sem deficiência. Conteúdos e atividades que favorecem e ampliam o entendimento sobre as pessoas com deficiência é muito importante, além da convivência;
- Capacitação das equipes: uma das mais importantes ações. A cultura de inclusão deve acontecer em todo o time, do portão à diretoria, da sala de aula às quadras e lanchonetes para eliminar o capacitismo que impede o desenvolvimento pessoal dos estudantes com deficiência. Quando os profissionais são qualificados, a Educação inclusiva acontece. Pedagogicamente todo o ambiente é beneficiado;
- Acessibilidade digital: capacitar as equipes nas ferramentas tecnológicas de ensino que colaboram com a inclusão, muitas delas disponíveis até de forma gratuita e geram a cidadania digital, além de possibilitar a aprendizagem;
- Parceria família-escola: essa aliança é fundamental para o desenvolvimento da pessoa com deficiência em idade escolar. Juntos, devem observar e entender os potenciais e habilidades de cada aluno, atuando cada um no seu papel. Professora não é a mãe e mãe não deve ser a professora.
- Escola especializada é um retrocesso: além disso é ilegal e inconstitucional indicar aos pais que a criança com deficiência seja transferida para o que se chama de “escola especial”, onde só haverá pessoas com deficiência. Além de excludentes, nada contribuem para o desenvolvimento social e necessário das pessoas com deficiência. Além disso é uma atitude desumana. É ilegal. Assim como as empresas, as escolas, por lei, devem estar preparadas para estudantes com deficiência e não o contrário;
- Do ensino infantil à universidade: trabalhar a cultura de inclusão é um processo sustentável, que contribui com a qualificação, a socialização e o desenvolvimento pessoal em uma fase muito importante da vida e antes mesmo de chegar ao mercado de trabalho;
- Boas práticas: as ações de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho podem e devem inspirar ações dentro das escolas. Visitar empresas e entender como atuam na inclusão, conhecendo seus projetos pode contribuir para a qualidade da inclusão no ambiente escolar.
- Guia do educador inclusivo: o guia que Marta Gil elaborou com o Instituto de Pesquisa Amankay, como um material importante de apoio à construção da Educação Inclusiva no ambiente escolar e que está disponível para baixar gratuitamente (clique aqui). O material foi desenvolvido a partir de temas que trazidos nas rodas de conversas, feitas em escolas públicas de Ribeirão Preto (SP), com a participação das equipes escolares, mães e pais de alunos com e sem deficiência e com o apoio da Coordenadoria de Educação Especial da Secretaria da Educação da cidade. “A inclusão é disruptiva e nos convida a rever conceitos, preconceitos, visões de mundo. Estimula a Inovação e Criatividade. A Inclusão é transformadora!”, reforça Marta Gil.
“Eu que nasci com a osteogênese imperfeita, conhecida como “ossos de vidro” e desde cedo entendo o quanto a cultura de inclusão deve estar ativada no ambiente escolar. A escola é fundamental para promover o desenvolvimento e a socialização das pessoas com deficiência. A exclusão de aulas tão importantes, como a de Educação Física, nunca se justificaram no meu caso, a não ser pelo fato de a escola não estar disposta a me incluir nas atividades. A determinação da minha família foi fundamental nessa hora em buscar uma escola mais disposta à inclusão. Hoje, com uma carreira profissional de mais de 20 anos, reafirmo o quanto essa atitude da minha família foi importante para meu desenvolvimento. Precisamos insistir em fazer do ambiente escolar um aliado produtivo da inclusão”, destaca Katya Hemelrijk.