- Por André Naves
A sociedade, muitas vezes, considera as pessoas com deficiência como pessoas com limitações, porém, a realidade é que as deficiências estão nas estruturas sociais, e não nas pessoas. As barreiras e contradições sociais que impedem a inclusão e a igualdade de oportunidades são o grande desafio para os PcDs. E essas barreiras podem ser atitudinais, arquitetônicas, de comunicação, entre outras.
Nesse sentido, a arte tem um papel importante em mostrar as contradições e barreiras sociais que as pessoas com deficiência enfrentam. Um exemplo disso é o romance Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, em que o personagem Quasímodo, o corcunda, é percebido amplamente como uma pessoa com deficiência, enquanto a personagem Esmeralda, a bela cigana, não. Isso mostra que a deficiência não é um atributo relativo à pessoa, mas às barreiras estruturais que a sociedade cria.
Da mesma forma, a história da Bela e a Fera é um exemplo de como as barreiras atitudinais podem impedir a inclusão. A Bela, por ser uma jovem mulher que buscava a liberdade nos livros e na educação, também enfrentava barreiras sociais à inclusão. Já a Fera, além da aparência física, também tinha restrições à liberdade, o que a tornava socialmente deficiente nesse aspecto.
Outro exemplo é o personagem Shrek, que enfrentava barreiras à inclusão no Reino, mas era plenamente incluído no Pântano, onde superou as barreiras sociais e encontrou a liberdade. Já Fiona, sua esposa, também enfrentava as barreiras estruturais no Reino por ser uma mulher e princesa, mas no Pântano, superou as barreiras e encontrou sua individualidade.
Por fim, o personagem Dumbo é um exemplo de como a sociedade pode ver a característica de uma pessoa como deficiência, quando na verdade pode ser uma habilidade única. Em Dumbo, as orelhas gigantes do personagem eram vistas como um enorme defeito. Mas a verdade é que ele acabou se tornando a grande estrela do circo, já que podia usar suas orelhas como potencialidade para voar; o que mostra que a deficiência está nas estruturas sociais e não nas pessoas.
Ao revelar essas contradições, a arte pode nos ajudar a mudar nossas atitudes em relação às pessoas com deficiência e trabalhar para criar uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Pessoas com deficiência não devem ser vistas como defeituosas, mas sim como pessoas que possuem habilidades únicas e que também podem contribuir significativamente para a sociedade.
*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.
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