fbpx
  • sex. nov 22nd, 2024

OPINIÃO – O transtorno do espectro autista no ensino superior 

OPINIÃO - O transtorno do espectro autista no ensino superior. *Por Bruno Luis Simão
  • * Por Bruno Luis Simão 

O Censo da Educação Superior é realizado, anualmente, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e tem como objetivo coletar informações sobre a situação atual do ensino superior no país. Entre as informações coletadas estão: número de instituições de ensino, número de cursos, matrículas, ingressantes, concluintes, entre outros dados relevantes. 

Os dados mais recentes disponíveis são do Censo da Educação Superior de 2020. Segundo esses dados, o Brasil conta com 2.561 instituições de ensino superior, que oferecem cerca de 34.740 cursos de conclusão e tecnológicos. Em 2020, o total de matrículas no ensino superior foi de cerca de 6,4 milhões de estudantes, um aumento de 2,5% em relação a 2019. 

No Brasil, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2019, há 4.018 pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) matriculadas em cursos de graduação presenciais e à distância. Esse número representa uma pequena parcela do total de matrículas no ensino superior, que é de cerca de 8,5 milhões de estudantes.  

O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta as habilidades de comunicação, interação social, comportamento e afeta cada pessoa de maneira diferente, mas algumas das características mais comuns incluem dificuldades na comunicação, como atrasos na fala ou ausência de linguagem verbal, problemas na compreensão e uso de gestos e expressões sentidas, além de dificuldades em iniciar ou manter conversas. É importante lembrar que cada pessoa com TEA é única e pode ter suas próprias habilidades e desafios. É fundamental promover a inclusão e o respeito para as pessoas com TEA e trabalhar para criar ambientes inclusivos e acolhedores para todos. 

Embora o número de estudantes com TEA no ensino superior ainda seja, relativamente baixo, é importante destacar a importância da inclusão desses estudantes em todos os níveis de ensino. A inclusão educacional é um direito assegurado pela lei no Brasil e deve ser promovida em todas as esferas da sociedade, incluindo a educação superior. 

No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) publicou a Portaria Normativa nº 9, em 2017, que estabeleceu diretrizes para a inclusão de estudantes com deficiência, incluindo autismo, no ensino superior. A portaria estabelece que as instituições de ensino superior devem oferecer suporte e recursos adequados para garantir a inclusão desses estudantes, como necessidades curriculares, tecnologias assistivas e apoio psicológico. Além disso, há organizações que trabalham para promover a inclusão de autistas no ensino superior, como a Associação Brasileira de Autismo (ABRA), que oferece orientação e suporte para estudantes com autismo que desejam ingressar no ensino superior. 

Embora a inclusão de pessoas autistas no ensino superior esteja se tornando cada vez mais comum no Brasil, ainda existem desafios que esses estudantes enfrentam durante sua jornada acadêmica. Um dos principais desafios para as pessoas autistas é a comunicação. Os estudantes autistas podem ter dificuldades em processar informações auditivas e visuais ao mesmo tempo, o que pode tornar as palestras e aulas expositivas um desafio. Outro desafio é a sensibilidade sensorial. Muitas pessoas autistas têm sensibilidade estimulada a estímulos sensoriais, como barulhos altos, luzes brilhantes e texturas desconfortáveis. O que se torna um impedimento para esses alunos frequentarem aulas e se concentrarem em tarefas acadêmicas, e pode aumentar sua ansiedade e estresse. 

 Entre os desafios, é importante notar que há muitas estratégias que as instituições de ensino superior podem adotar para ajudar a promover a inclusão e acomodar as necessidades dos estudantes autistas.  Como fornecer tecnologias assistivas, com legendas em tempo real e recursos de áudio e vídeo acessíveis, além de   oportunizar aulas remotas, se necessário. Também é importante que as instituições de ensino superior ofereçam orientação e apoio para os estudantes autistas, incluindo serviços de aconselhamento e acompanhamento psicopedagógico. 

Portanto, é essencial que as instituições de ensino superior trabalhem para criar ambientes inclusivos e acolhedores que possam ajudar todos os estudantes no alcance de seu potencial máximo. 

  • Bruno Luis Simão é professor licenciado em Pedagogia, Normal Superior com Habilitação em Educação Infantil, Educação Física. Especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Inclusiva, Ludopedagogia, Psicomotricidade, Neuropsicopedagogia, e Formação Docente para EAD, e professor da Área de Educação, da Escola Superior de Educação, do Centro Universitário Internacional Uninter. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *