Cárcere em Pouso

Cárcere em Pouso OPINIÃO - * Por Jairo Varella Bianeck

  • Por Jairo Varella Bianeck

  • Latam prova que voar nem sempre é liberdade,

quando o pouso se converte em cárcere

e o asfalto, em espera sem dignidade.

  • Há desdém que pesa mais que a gravidade,

há silêncios que ferem mais que turbulências,

há tripulações que esquecem:

passageiros não são fardos,

são vidas em resistência.

  • Com crueldade,

transformam assentos em algemas,

e a cadeira que liberta

vira ausência que aprisiona.

  • Por horas, no frio metálico da aeronave,

a sede e a dor fizeram-se companheiras,

enquanto a dignidade era retida

como bagagem extraviada.

  • A polícia foi chamada não para proteger,

mas para legitimar o abandono.

  • E o comentário covarde,

de que o marido seria “preso” à esposa em caso de acidente,

expôs a pequenez de quem veste uniforme

e esquece o que significa humanidade.

  • Fotografada sem permissão,

vigiada como suspeita,

Luciana provou na carne

que o preconceito ainda voa

em rotas oficiais.

  • Mas vozes que não se calam

fazem do trauma manifesto:

nenhum voo pode aprisionar,

nenhum contrato pode calar,

quando a dignidade grita

mais alto que o motor da aeronave.

  • E quando a vida da esposa

é reduzida a peso morto,

o amor do marido é posto à prova

pela operação da irresponsabilidade.

Tripulação que exige agradecimento

pela troca forçada de lugar

expõe a crueldade de um sistema

que prefere humilhar

a aprender a cuidar.

*  Jairo Varella Bianeck é Advogado, Defensor dos direitos das pessoas com deficiência e faz parte da Coordenadoria Jurídica da ANAPcD – Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência

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