Especialista aponta caminhos estratégicos para gerar pertencimento das pessoas com deficiência e preparar as empresas para os desafios do futuro, para além da Lei de Cotas
Atualmente, de acordo com o último censo do IBGE, as pessoas com deficiência representam mais de 7,3% da população brasileira e, pela primeira vez, o levantamento trouxe dados sobre o número de pessoas com autismo no Brasil. Ao todo, foram identificadas cerca de 2,4 milhões de pessoas no espectro autista, com maior proporção de diagnósticos na faixa etária de 5 a 9 anos, o que reforça a necessidade de as empresas se prepararem desde já para um mercado de trabalho mais diverso, acessível e inclusivo nos próximos anos.
Flávia Mentone, CEO e fundadora da Reponto, empresa especializada no recrutamento e seleção de Pessoas com Deficiência, destaca que a inclusão de PcDs no mercado de trabalho precisa ser encarada como parte do planejamento estratégico das organizações para o futuro. “A Lei de Cotas no Brasil é um dos principais instrumentos de garantia dos direitos das pessoas com deficiência, mas o desafio para 2026 é ir além do cumprimento legal e construir ambientes onde essas pessoas realmente pertençam e se desenvolvam”, afirma.
A especialista em inclusão aponta a necessidade de implementar práticas estruturadas e contínuas para tornar a acessibilidade possível dentro das empresas. Ela lista cinco ações prioritárias para transformar a cultura organizacional e fortalecer o pertencimento de pessoas com deficiência nos próximos anos:
- Garanta acessibilidade atitudinal: esse é o primeiro passo para a verdadeira inclusão. Mais do que infraestrutura, acessibilidade depende de comportamento. Empresas que desejam avançar em 2026 precisam investir na eliminação de preconceitos, estigmas e barreiras invisíveis, criando ambientes seguros para a participação plena de pessoas com deficiência.
- Faça adaptações nos espaços de trabalho: pequenas mudanças de layout, flexibilização de horários, até o uso de tecnologias assistivas, como leitores de tela e equipamentos adaptados, devem fazer parte do planejamento das empresas para os próximos ciclos. Essas ações, previstas pela Convenção da ONU como adaptações razoáveis, removem barreiras e ampliam a autonomia dos profissionais PcD.
- Capacite as lideranças: quando a liderança está pronta, o time se sente seguro para acolher e apoiar. Pensando em 2026, é essencial investir em treinamentos contínuos, que ajudem líderes a compreender diferentes deficiências, fazer gestão respeitosa, revisar requisitos das vagas, garantir retornos ágeis aos candidatos e contar com apoio da área médica para validações específicas quando necessário.
- Amplie as práticas de diversidade: incluir pessoas com deficiência não pode ser uma ação isolada ou restrita ao cumprimento da Lei de Cotas. Empresas que desejam fortalecer sua inclusão no futuro precisam integrar PcDs às políticas amplas de diversidade, com processos seletivos acessíveis, comunicação inclusiva, campanhas educativas e acompanhamento constante.
- Tenha programas internos de desenvolvimento: programas de desenvolvimento, trilhas de carreira, mentoria e acompanhamento individual são fundamentais para reter talentos PcD e garantir crescimento profissional a médio e longo prazo. Essa prática demonstra compromisso real com inclusão sustentável e com o futuro do trabalho.






