Como o olhar centrado nas pessoas transforma a inclusão e a cultura organizacional nas empresas?

Como o olhar centrado nas pessoas transforma a inclusão e a cultura organizacional nas empresas?

Especialista explica que visão abrangente amplia a diversidade e abre espaço para inovação nas organizações

O recrutamento de pessoas é uma área de atuação que demanda tempo, expertise e o mais importante: humanização. A valorização do candidato em todo o processo de seleção faz com que as empresas possam atrair talentos, minimizar estereótipos e conduzir processos seletivos mais diversos, principalmente quando se trata da inclusão de pessoas com deficiência.

Reduzir um candidato apenas à sua deficiência, seja física ou intelectual, é uma visão ultrapassada e que reforça barreiras de exclusão. Porém, ainda hoje, muitas empresas mantêm processos de seleção engessados, tratando a contratação de pessoas com deficiência como uma simples obrigação legal.

Por isso, para além dos desafios físicos dos candidatos, as empresas precisam adotar um olhar abrangente, reconhecendo que cada pessoa traz consigo competências, experiências e perspectivas únicas e insubstituíveis, é o que explica a especialista em recrutamento, diversidade e inclusão, Flávia Mentone. A fundadora e CEO da Reponto, empresa especializada no recrutamento e seleção de Pessoas com Deficiência, acrescenta que isso significa, durante o processo de seleção, ir além da deficiência e reconhecer as habilidades, a capacidade de adaptação, o potencial de crescimento e a contribuição que a pessoa pode oferecer à equipe e aos resultados da organização.

“É exatamente esse o propósito de um modelo de recrutamento centrado nas pessoas. Nele, o recrutador se conecta à pessoa de maneira integral, conduzindo uma avaliação que ultrapassa a dimensão da patologia e amplia a abordagem para fatores igualmente importantes, como os aspectos socioambientais, psicológicos e pessoais do candidato. Essa perspectiva reforça a ideia de que a deficiência deve ser entendida apenas como uma característica, e não como um elemento que determina ou limita o potencial do candidato”, afirma.

Com essa estratégia de recrutamento, os RHs podem conduzir uma avaliação realmente inclusiva que leva em conta o contexto social em que a pessoa está inserida, reconhecendo que sua história e vivências influenciam diretamente nas oportunidades que ela encontra. Ao adotar essa atitude, é possível romper com os vieses e estereótipos que limitam e valorizar verdadeiramente a autonomia, reconhecendo as singularidades a fim de ver a deficiência como apenas uma das muitas características de uma pessoa.

Segundo Flávia, mesmo depois da contratação, esse olhar humanizado precisa estar presente nas organizações. Pois é a partir dessa abordagem abrangente que as empresas alcançam maior retenção de talentos e podem identificar não apenas as habilidades e capacidades do colaborador recém-contratado, mas também potenciais, barreiras e fatores que podem facilitar sua atuação dentro da organização. Assim, é possível planejar os apoios necessários para que esse novo contratado se desenvolva plenamente em suas atividades e tenha autonomia em sua ocupação.

“Não podemos nos esquecer de que a inclusão verdadeira acontece quando a deficiência deixa de ser o foco, e passamos a enxergar pessoas em todas as suas singularidades e potenciais. Mais do que uma prática de RHs ou de processos de recrutamento, ter a disposição de olhar pessoas diferentes, para além das diferenças, ajuda a consolidar uma cultura organizacional mais forte e sustentável, além de construir uma sociedade mais inclusiva e aberta ao novo e ao diverso”, finaliza.

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