OPINIÃO
- Por Jairo Varella Bianeck
“Marido, no salão haverá uma reunião” —
disse minha esposa.
Sem compromisso naquele horário, fui.
Saí eleito presidente.
Vieram dias de descobertas:
quanto mais ignoro,
mais desejo saber —
como, onde, quem e por quê.
SUS?
Aquela moça que bate palmas no portão,
que pergunta, orienta e avisa,
é ACS: Avisadora de Coisas de Saúde.
Participei de reuniões,
ouvi termos novos,
choveu sigla sobre mim:
atenção primária, gestão plena, PMAC, Hiperdia.
Voltei pra casa com a certeza de nada saber
e a dúvida de como ajudar.
O tempo passou.
Vieram pastas, relatórios, contas.
A servidora coloca à minha frente
um calhamaço de papéis.
Folheio.
Olho nos olhos dela e penso, sem dizer:
“Não sei por onde começar.”
Respiro.
Sei meu nome, minha data de nascimento,
o dia de hoje e onde estou.
Vamos em frente.
Pergunto.
Pesquiso.
Questiono.
Investigo.
Analiso.
Aprendo.
E aos poucos,
nossas ações florescem em resultados.
Satisfação.
Gente unida, um só propósito:
melhorar a saúde do município.
Até ser eleito presidente do Conselho Municipal.
E então — descubro o avesso das boas intenções.
Há pessoas pequenas,
que tramam na sombra,
que fingem servir,
mas servem a si mesmas.
Sub-reptícias, desleais,
incapazes de enxergar no outro um semelhante.
Gente que manipula os simples,
que usa a própria torpeza como ferramenta.
Mas há também as outras:
as mãos que ajudam,
as presenças que sustentam,
as vozes que não se calam diante da injustiça.
A essas, meu registro e minha gratidão:
às mãos que agiram em defesa,
às vozes que disseram a verdade,
às presenças que se fizeram sentir.
Das mãos que ajudam e das que ferem,
levo comigo o aprendizado:
que servir é resistir,
e que a integridade é a única vitória
que não se perde ao final do mandato.
- * Jairo Varella Bianeck é Advogado, Militante do campo progressista e Defensor dos direitos das pessoas com deficiência