Diário PcD repercute manifestação do Ministro da Educação Camilo Santana que esteve reunido com um grupo de parlamentares federais para debater o tema. Entidades criticam por não participar de discussões. Grupo de instituições divulgam apoio ao Decreto Federal
O governo federal publicou recentemente o Decreto 12.686/2025, que institui a “Política Nacional de Educação Especial Inclusiva (PNEEI)”, um marco anunciado como transformador na forma como a educação para pessoas com deficiência.
A iniciativa tem gerado reações amplas — tanto de celebração quanto de preocupação — entre entidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência, especialistas em educação e as próprias famílias.
Posição do Governo Federal
Em reunião com Deputados Federais, Camilo Santana, Ministro da Educação, posicionou-se publicamente sobre o Decreto nº 12.686/2025, que institui a “Política Nacional de Educação Especial Inclusiva”, afirmando que não há intenção de enfraquecer as escolas especializadas e que não foram cortados recursos para as entidades do setor.
Ele afirmou que o decreto é fruto de amplo debate, busca garantir o direito de estudantes com deficiência à educação em classes regulares com apoio, e que o governo está aberto ao diálogo para esclarecer dúvidas e ajustar a redação se necessário. Em publicação nas redes sociais da Deputada Federal Soraya Santana, Santana afirmou que o Governo Federal estuda um novo texto sobre o tema.
Confira
O que prevê o decreto
Entre os principais pontos do decreto estão:
- A matrícula de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista ou altas habilidades/superdotação em classes regulares, com os apoios necessários.
- A criação de uma rede nacional de educação especial inclusiva, com formação continuada de professores e profissionais de apoio.
- A substituição do Decreto 7.611/2011, com novas diretrizes para ampliar o alcance da inclusão escolar.
As reações positivas
Representantes de organizações de defesa da inclusão veem no decreto um avanço importante:
- O modelo propõe que a educação inclusiva deixe de ser exceção e se torne regra, garantindo que as pessoas com deficiência sejam vistas como parte integrante da comunidade escolar.
- Há expectativa de que o decreto amplie a formação de professores e o uso de tecnologias assistivas, questões essenciais para garantir a efetividade da inclusão.
Lista de apoios públicos à Política Nacional de Educação Especial Inclusiva
⚠️ Atualizado em 30/10, às 20:15⚠️
- Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo (ABRAÇA)
- Central Única dos Trabalhadores (CUT)
- Coalizão Brasileira pela Educação Inclusiva
- Coletivo Sementes da Democracia
- Comissão Nacional de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (CNAEJA)
- Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE)
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee)
- Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e Grupo Nacional de Direitos Humanos (GNDH)
- Conselho Nacional de Secretários de Educação das Capitais (CONSEC)
- Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed)
- Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ)
- Fórum Estadual de Educação da Bahia
- Fórum Nacional de Educação (FNE)
- Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI)
- Frente Nacional de Mulheres com Deficiência (FNMD)
- Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP)
- Núcleo de Base do PT no MEC – Professor Paulo Freire
- Rede Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Rede In)
- Setorial de Educação do Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal (PT-DF)
- Setorial das Pessoas com Deficiência do Psol – SP
- Setorial de Pessoas com Deficiência do Partido dos Trabalhadores – Bahia (PT-BA)
- Setorial Estadual de Pessoas com Deficiência do Partido dos Trabalhadores – São Paulo (PT-SP)
- União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
- União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)
- União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (UPEI)
Manifestação da entidades contrárias ao Decreto Federal
Associação Brasileira de Autismo ABRA; Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais ABEDEV;
Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência ANAPCD; Associação Nacional Inclusiva; Associação
Nacional de Educadores Inclusivos ANEI Brasil; Associação Nacional Movimento Ostomizados do Brasil MOBR;
Federação Nacional das Associações Pestalozzi FENAPESTALOZZI; Instituto Nacional de Nanismo INN; Movimento
Nanismo Brasil; Movimento #somosTODOSgigantes; Retina Brasil; Instituto Diabetes Brasil IDB; Associação
Brasileira da Síndrome de Williams ABSW; Casa Brasileira União Huntington ; Instituto Brasileiro de Defesa dos
Direitos dos Altistas IBDTEA/LIGATEA; Organização Neurodiversa pelos Direitos dos Autistas ONDA Autismo;
Instituto Somos Colo de Mãe; Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e Deficientes de Taguatinga e
Ceilândia APAED; Associação Brasiliense de Deficientes Visuais ABDV; Associação Cultural e rECREATIVA de ITAIM
PAULISTA ACRIPA; Grupo Mundo Azul; Associação de Pais e amigos dos Deficientes Auditivos APADA; Associação
dos Ostomizados do Distrito Federal AOSDF; Associação Representativa de Classe dos Servidores com Deficiência
da Polícia Civil do Amazonas ASPOLPCD; Associação Representativa dos Servidores Públicos com Deficiência do
Estado do Amazonas ASPEDAM; Associação de surdocegos de Brasília ASCB; Coletivo Mães do barreiro;
Associação Mães Metabólicas MM; Instituto de Promoção das Pessoas com Deficiência Visual IPPCDV; Instituto
Social Maria Esperança; Instituto Viver EducadaMente; Movimento de Acessibilidade e Inclusão Social;
Associação Teas do Xingu; Comunidade Autismo Xerem ; Associação Brasileira de Pessoas com Hemofilia
ABRAPHEM; Canal Agir com Caco Siqueira; Canal Manchetes da Semana;
As preocupações que ecoam
Apesar da relevância das propostas, o decreto também suscitou críticas e apreensões:
- Alguns especialistas alertam que a obrigatoriedade de matrícula em classes regulares sem recursos suficientes ou sem considerar a complexidade dos casos pode provocar abandono, ou pior, segregação disfarçada.
- Entidades de escolas especiais e organizações que atuam há décadas com atendimentos específicos temem que suas funções sejam desvalorizadas ou que a transição seja feita sem suporte adequado.
- O calendário de implementação e financiamento para garantir as mudanças está em aberto, o que gera incerteza para estados e municípios.
Por que isso importa para o Brasil
Este decreto representa um momento de inflexão para o sistema educacional brasileiro:
- Se bem implementado, pode ser um salto para a inclusão real, reduzindo as barreiras e promovendo igualdade de oportunidades para milhões de estudantes.
- A efetivação dessa política exige articulação entre União, estados e municípios, investimento em infraestrutura e capacitação — aspectos que historicamente foram deficitários.
- A repercussão também estabelece um sinal para o mercado, para a sociedade, para as famílias: a inclusão deixou de ser apenas uma meta distante e passa a ter normas claras e exigíveis.





