Estudantes da rede pública paraense criam aplicativo “My TEA” para auxiliar dia a dia de pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Adolescentes foram os campeões do Desafio Tack, idealizado pela Id Cultural em parceria com a ONG JA Rio de Janeiro; competição premiou estudantes com viagem internacional
Os estudantes do Instituto Stella Maris, no município de Soure, na Ilha de Marajó (PA), criaram a startup Nortack, responsável pelo desenvolvimento do aplicativo “My TEA”. Voltada a responsáveis de crianças entre 5 e 12 anos de idade, a inovação tem como missão facilitar a gestão do cotidiano de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na interação social e na comunicação dos usuários e seus familiares.
Resultado do trabalho dos alunos Ana Beatriz Saldanha, Jorge Aruã Machado, Maria de Lourdes Ferreira e Yuri Vinícius Figueiredo, todos com idade entre 14 e 17 anos, o aplicativo dispõe de diversas funcionalidades, como jogos de alfabetização, acesso a profissionais especializados e conteúdos educativos. A ideia da inovação surgiu por conta da competição nacional de cultura e empreendedorismo Desafio Tack. Promovida pela Id Cultural, em parceria com a ONG JA Rio de Janeiro, a sétima edição da competição foi disputada por centenas de estudantes de todas as regiões do país.
No “My TEA”, que ainda não está disponível ao público, os estudantes pretendem oferecer um plano gratuito e também uma versão paga, como forma de rentabilizar o produto e oferecer mais serviços. A proposta também está conectada a três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU: Saúde e Bem-estar, Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades.
“O nosso AP se diferencia devido a lições, músicas, desenhos e jogos interativos. A criança com autismo consegue desenvolver mais a fala e a interação social. No final de cada atividade, o usuário recebe moedinhas que podem ser trocadas por uma customização no seu personagem e no seu carro, o que o faz querer jogar e aprender cada vez mais. Característica que os outros apps não têm”, explica a estudante Ana Beatriz Saldanha.
“Também temos uma área de gestão de rotinas, em que, a cada ciclo completado, a criança também recebe recompensas. É uma área onde os pais podem encontrar profissionais especializados que trabalhem perto deles, como fonoaudiólogos, psicólogos e cabeleireiros. Pelas nossas entrevistas com responsáveis e cuidadores, percebemos que essa é uma grande dificuldade, então, achamos de extrema importância incluir essas funcionalidades em nosso app”, acrescenta Beatriz.
O estudante Yuri Figueiredo deseja que o aplicativo se torne, de fato, realidade e ajude a transformar vidas país afora:
“Nossa expectativa é colocar o ‘My TEA’ em prática assim que conseguirmos todos os patrocínios de que precisamos. Esperamos conseguir ajudar as crianças com TEA e fazer a diferença, auxiliando o máximo de pessoas possível. Mesmo vindo de um lugar tão pequeno, meu desejo é que a gente consiga ajudar essas pessoas que têm tanta dificuldade e fazer a diferença no mundo”.
Modelo de negócio
No Desafio Tack, os participantes são instigados a desenhar o modelo de negócio de uma startup que solucione problemas reais. A competição tem o intuito de promover a aprendizagem e estimular a criatividade e o empreendedorismo jovem, depositando credibilidade na força da juventude, para gerar ideias e soluções inovadoras que contribuam para um mundo melhor.
“A metodologia usada é do nosso programa Innovation Camp, que prevê mentorias para os participantes e aplicação de técnicas práticas para desenhar um modelo de negócios, durante todo o desafio. O objetivo dessa experiência educacional é que os alunos, organizados em equipes, possam encontrar soluções inovadoras para um desafio proposto, utilizando ferramentas de design thinking. Durante o processo, eles contam com a ajuda de mentores e voluntários com experiências na metodologia que vão auxiliá-los durante o desenvolvimento da ideia”, destaca a gerente de projetos na JA Rio de Janeiro, Michele França.
Para o diretor de produção da Id Cultural, Rafael Villas-Bôas, essa foi uma das edições mais concorridas do Desafio Tack, com propostas de altíssimo nível.
— Realizamos esse trabalho com muito carinho, dando oportunidade a jovens brilhantes de todas as regiões do Brasil. E quanto mais a gente expande o nosso alcance, mais ficamos encantados com a capacidade da nossa juventude de inovar e contribuir com a cultura. Esse projeto é a realização do nosso ideal de utilizar a cultura como agente de transformação. É sempre uma experiência incrível e muito gratificante — celebra Rafael.
Viagem internacional como prêmio
A conquista do primeiro lugar no Desafio Tack gerou uma viagem aos EUA como premiação, feita em abril último. Os estudantes participaram da Brazil Conference 2025, realizada em Boston, e fizeram uma visita guiada à Universidade de Harvard e ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Sobre a JA Rio de Janeiro
Fundada em 1999, a JA Rio de Janeiro é membro da JA Brasil e faz parte da centenária rede global Junior Achievement, uma das dez organizações sociais mais impactantes do mundo, segundo a Thedotgood, e indicada por quatro anos consecutivos ao Prêmio Nobel da Paz.
Há 25 anos transformando vidas, a JA Rio de Janeiro é também uma das 100 Melhores ONGs do Brasil 2023 e a Melhor ONG de Filantropia, Voluntariado e Apoio à Sociedade no mesmo ano. Com o apoio de empresas que investem em responsabilidade social e ESG, já proporcionou mais de 600 mil experiências educacionais a adolescentes, jovens, estudantes da rede pública de ensino e pessoas em vulnerabilidade, com o apoio de aproximadamente 20 mil participações voluntárias.
Além disso, também realiza suas ações, programas e projetos em parceria com as secretarias de Educação, profissionais do setor e instituições de ensino, inspirando e preparando jovens para o sucesso em uma economia global.
Saiba mais sobre a JA Rio de Janeiro: https://www.jarj.org.br