Cenário projetado pela Organização Mundial da Saúde amplia demanda por reabilitação auditiva e estimula pesquisas por novos tratamentos
Até 2050, mais de 700 milhões de pessoas no mundo – uma em cada 10 – devem conviver com algum grau de perda auditiva, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, mais de 430 milhões já precisam de reabilitação auditiva, incluindo 34 milhões de crianças. Diante desse cenário, a fonoaudióloga e analista do comportamento Letícia Sena, fundadora do Instituto Índigo e da Universidade UniÍndigo, destaca que a perda auditiva envolve diferentes fatores, tais como grau da perda auditiva, histórico clínico, impactos na comunicação e possibilidades de reabilitação e que em alguns casos incluem o uso de aparelhos auditivos.
Esse aumento no número de pessoas com perda auditiva também reflete a crescente demanda por soluções tecnológicas no Brasil. Um levantamento da Data Bridge revela que, em 2022, o país registrou gastos de 580 milhões de dólares com aparelhos auditivos. A previsão é de que, até 2030, os investimentos cheguem a cerca de 980 milhões de dólares.
Diante desse contexto, Letícia reforça a importância do acompanhamento profissional com fonoaudiólogo e otorrinolaringologista, ao longo de todo o processo, especialmente na avaliação e adaptação desses aparelhos. “Em parceria com o paciente, ajudamos a escolher o dispositivo mais adequado e realizamos ajustes para garantir sua eficácia. Além disso, oferecemos a reabilitação auditiva, um treinamento que prepara o cérebro para reconhecer sons e compreender a fala, especialmente em ambientes com ruído”, explica.
Cada caso traz desafios únicos, pois questões físicas, sensoriais e emocionais interferem na adaptação. Como o cérebro pode ter passado muito tempo sem captar determinados sons, a retomada da audição com a prótese tende a ser intensa, exigindo que o paciente reaprenda a interpretar estímulos. “Nenhum ouvido é igual ao outro, por isso é comum que o dispositivo precise de ajustes até atingir o desempenho ideal”, afirma. Ela ainda ressalta que fatores emocionais, como a negação da perda auditiva ou a resistência em incluir o aparelho na rotina, podem dificultar esse processo.
Novas descobertas
Novas descobertas reforçam que o acompanhamento e os recursos para perda auditiva estão em constante evolução. Um exemplo recente é um estudo conduzido por Letícia e outros pesquisadores, publicado na revista “Toxicology Letters”. A pesquisa testou a substância Ac2-26, conhecida por sua ação anti-inflamatória, para avaliar seu potencial em proteger a audição contra os danos causados por medicamentos potentes, como os usados na quimioterapia. Apesar de essenciais no combate ao câncer, esses tratamentos podem comprometer a audição dos pacientes.
Nos testes realizados em ratos, a substância demonstrou capacidade de preservar estruturas essenciais do ouvido, prevenindo a perda auditiva. O estudo também aponta para a possibilidade de, no futuro, desenvolver novos tratamentos que ofereçam maior proteção a quem enfrenta riscos elevados de perda auditiva. “A pesquisa traz esperança para que possamos cuidar da saúde auditiva mesmo em situações delicadas e precisamos continuar a condução de estudos como este, que objetivem a melhora da qualidade de vida e a preservação da autonomia plena das pessoas”, conclui Letícia.
Sobre o Instituto Índigo e a UniÍndigo
Clínica multidisciplinar referência no atendimento a crianças e adolescentes autistas, síndromes genéticas raras, transtornos de aprendizagem, da fala, alimentação e atrasos no desenvolvimento. Atua com fonoaudiologia, psicologia, terapia ABA, terapia ocupacional, fisioterapia, psicomotricidade, psicopedagogia, neuropsicologia e educação física. Os tratamentos são personalizados, com supervisão estruturada, registros diários, orientação parental e treinamento escolar, com atendimento presencial em consultório, em domicílio e consultorias a distância. Conta com a UniÍndigo, universidade voltada à formação de terapeutas na área e professores da rede regular de ensino e investe em inovação, como o desenvolvimento de um agente de inteligência artificial próprio.