Palestrante autista fala sobre turismo inclusivo e reforça desafios de acessibilidade no setor

Palestrante autista fala sobre turismo inclusivo e reforça desafios de acessibilidade no setor

Dudu Rodrigues abordou as barreiras enfrentadas por viajantes com deficiência e ressaltou a importância do diálogo e da capacitação dos profissionais

O turismo inclusivo foi um dos temas debatidos durante o BTM – Brazil Travel Market 2025, realizado no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A discussão reforçou a importância de tornar o setor mais acessível e equitativo para pessoas com deficiência (PCDs). E o assunto é urgente: de acordo com pesquisa do Ministério do Turismo em parceria com a UNESCO, 53,5% dos turistas com deficiência deixaram de viajar por falta de acessibilidade, o que evidencia os desafios ainda existentes para garantir a inclusão plena no turismo brasileiro.

O tema foi abordado pelo palestrante Dudu Rodrigues, graduado em Turismo e especialista em turismo inclusivo. Ele, que é autista de nível 1 de suporte, usa suas próprias experiências para propor soluções e fomentar o debate sobre acessibilidade. Durante sua apresentação, Dudu destacou que a inclusão no turismo começa pela compreensão das particularidades de cada viajante. “Quem tem deficiência sente o mundo de um jeito diferente. O turismo precisa entender isso e criar experiências sensoriais que mexam com a imaginação”, afirmou. Para ilustrar essa questão, ele convidou o público a fechar os olhos e imaginar uma praia paradisíaca, descrevendo a textura da areia, o som das ondas e o cheiro do mar, como forma de mostrar que o turismo inclusivo também se constrói por meio das sensações.

Entre os principais obstáculos enfrentados pelos viajantes com deficiência, o palestrante citou a falta de acessibilidade nas aeronaves, o desconforto e o constrangimento durante os embarques e a ausência de capacitação dos profissionais do setor. Para ele, ainda que haja iniciativas pontuais, falta um esforço conjunto para transformar o turismo em um espaço verdadeiramente acessível. “Estar aberto ao diálogo é essencial para entender o que realmente falta e o que pode ser melhorado. A inclusão é construída com a participação das próprias pessoas com deficiência”, destacou.

Soluções

Dudu apresentou quatro frentes consideradas essenciais para a ampliação da acessibilidade: infraestrutura adaptada em transportes, acomodações e espaços públicos; capacitação de profissionais para oferecer atendimento adequado; disponibilização de informações acessíveis e objetivas sobre condições de acessibilidade durante a viagem; e a garantia do direito de viajar e aproveitar experiências turísticas em igualdade de condições.

Ele também ressaltou a importância de parcerias entre empresas, destinos e associações ligadas à causa, bem como da implantação de práticas específicas voltadas a determinados públicos, como pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “No caso do TEA, o uso de estímulos visuais e linguagem simples facilita a compreensão e torna a experiência mais acolhedora”, explicou.

Feira para todos

A pauta sobre inclusão social esteve, inclusive, presente na própria organização da feira, que contou com tradutor da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na abertura do evento, além de espaços acessíveis e colaboradores PcDs integrados na equipe do staff.

Para Breno Mesquita, um dos CEOs da BBC Eventos, organizadora do BTM, o turismo inclusivo deve ser entendido não apenas como uma pauta social, mas como parte do desenvolvimento do setor, com foco na socialização e no acesso igualitário às experiências de viagem. “A inclusão precisa estar presente em todas as etapas, não só no discurso. Por isso, buscamos aplicar na própria feira o que defendemos para o setor: acessibilidade, representatividade e oportunidades iguais”, destaca.

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