Dr. Robinson Koji Tsuji, coordenador do Grupo de Implante Coclear do HC, explica os riscos de ignorar o sintoma e os tratamentos que podem reverter o quadro, incluindo o implante coclear para casos severos.
Uma perda de audição que se instala de forma rápida, em até 72 horas, não deve ser ignorada. Conhecida como Perda Auditiva Súbita (PAS), a condição é uma emergência médica que exige diagnóstico e tratamento imediatos para maximizar as chances de recuperação. O alerta é do Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), um dos centros pioneiros e de maior referência na área em toda a América Latina.
A surdez súbita pode afetar pessoas de qualquer idade e, embora suas causas sejam variadas, o fator tempo é o principal aliado do paciente. Ignorar os sintomas pode levar a um dano irreversível, impactando profundamente a qualidade de vida, a comunicação e o bem-estar psicossocial.
“Muitas pessoas ignoram uma perda súbita de audição, pensando que é algo passageiro, como um ouvido entupido. Isso é um erro perigoso”, afirma o Prof. Dr. Robinson Koji Tsuji, coordenador do Grupo de Implante Coclear do HC-FMUSP e um dos mais respeitados especialistas em surdez do país. “A Perda Auditiva Súbita é uma emergência médica. O tempo é crucial: quanto antes o tratamento com corticosteroides for iniciado, idealmente nas primeiras duas semanas, maiores são as chances de recuperação da audição, podendo chegar a 80% em casos de perda leve a grave.”
O que causa a Perda Auditiva Súbita?
A PAS é, na maioria das vezes, um mistério para a medicina. Em cerca de 85% dos casos, a causa é desconhecida (idiopática), com teorias que apontam para infecções virais, mecanismos autoimunes ou uma oclusão vascular aguda no ouvido interno. No entanto, existem causas identificáveis que precisam ser investigadas.
“Embora a maioria dos casos seja idiopática, a perda súbita também pode ser um sintoma de outras condições, desde traumas cranianos, barotraumas por mergulho, meningites ou levantamento de peso, e até, em casos mais raros, tumores como o Schwannoma Vestibular”, explica o Dr. Tsuji. “Por isso, a investigação diagnóstica com exames como a audiometria e a ressonância magnética é fundamental para descartar outras doenças e iniciar o tratamento correto o mais rápido possível.”
Tratamentos: Da emergência à reabilitação de alta tecnologia
O tratamento inicial para a PAS geralmente envolve o uso de corticosteroides, que podem ser administrados via oral ou por injeção direta no tímpano. Terapias como a oxigenoterapia hiperbárica também podem ser indicadas.
Contudo, quando o dano ao ouvido interno é extenso e a audição não retorna, resultando em uma perda de grau severo a profundo, a tecnologia se torna a principal aliada para a reabilitação.
“Para os pacientes que não recuperam a audição com o tratamento inicial e evoluem para uma perda severa a profunda, a tecnologia é uma grande aliada”, afirma o Dr. Tsuji, que já realizou mais de mil cirurgias do tipo. “O implante coclear é hoje o tratamento padrão-ouro, capaz de restaurar a percepção sonora de forma eficaz, contornando a lesão nas células do ouvido e estimulando diretamente o nervo auditivo. É uma tecnologia que devolve a pessoa ao mundo dos sons.”
O diagnóstico precoce é vital. Quanto mais tempo uma pessoa permanece com a privação sonora, mais desafiadora se torna a reabilitação, pois o cérebro começa a perder a memória auditiva. O sucesso do tratamento, seja ele medicamentoso ou cirúrgico, depende diretamente da rapidez com que o paciente procura ajuda médica especializada.
Sobre o Grupo de Implante Coclear do HC-FMUSP:
O Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) é uma das instituições pioneiras do implante coclear no Brasil e no mundo. Localizado no maior complexo hospitalar da América Latina, iniciou suas atividades em 1988 e já realizou milhares de cirurgias, contribuindo ativamente para a evolução da cirurgia de ouvido e da reabilitação auditiva nos cenários nacional e mundial. Até hoje é chefiado pelo Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento.
Sobre o Prof. Dr. Robinson Koji Tsuji:
Formado e com doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o Dr. Robinson Koji Tsuji é o atual coordenador do Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da FMUSP e Presidente do comitê de implantes cocleares da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. Com 15 anos de experiência na área de otologia e surdez, é um dos médicos mais respeitados do país, com mais de 1000 cirurgias de implante coclear realizadas.