Pessoas com síndrome de Down ganham espaço no mercado de trabalho, mas ainda enfrentam barreiras estruturais

Pessoas com síndrome de Down ganham espaço no mercado de trabalho, mas ainda enfrentam barreiras estruturais

Empresas como Pague Menos, Grupo JCPM, Ibyte e Giraffas já apostam na diversidade, mas dados do IBGE mostram que apenas 0,9% das pessoas com deficiência intelectual estão empregadas no país

Em um cenário de crescente debate sobre diversidade e responsabilidade social, a inclusão de pessoas com síndrome de Down no mercado de trabalho ainda é tímida no Brasil. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no suplemento de 2022 da Pesquisa Nacional de Saúde, apenas 0,9% das pessoas com deficiência intelectual estão empregadas formalmente no país. O número escancara a necessidade de políticas mais eficazes e de um olhar cidadão sobre o direito ao trabalho.

Apesar do cenário desafiador, iniciativas de empresas e instituições mostram que a inclusão é possível, viável e transformadora. Redes como a Pague Menos, o Grupo JCPM (administrador do RioMar Fortaleza) e a rede de restaurantes Giraffas têm implementado programas voltados à capacitação e contratação de pessoas com deficiência intelectual, incluindo pessoas com síndrome de Down, em funções de atendimento ao público, organização de estoque e apoio administrativo. Outro exemplo é a Ibyte, detentora da marca Get, que contrata profissionais com síndrome de Down. 

Essas ações têm sido realizadas, muitas vezes, em parceria com entidades como a Associação Fortaleza Down, referência no Ceará em educação, formação e inserção social de pessoas com síndrome de Down. “É preciso entender que a inclusão verdadeira vai além do cumprimento da Lei de Cotas. Ela precisa ser acompanhada de preparação da equipe, adaptação de processos e um compromisso real com a diversidade humana”, afirma Shirley Chaves, Presidente da Associação Fortaleza Down.

Além dos benefícios sociais, as empresas que apostam na diversidade relatam ambientes de trabalho mais empáticos, cooperativos e inovadores. Funcionários, clientes e parceiros percebem as mudanças positivas em culturas organizacionais que valorizam o respeito às diferenças. Para os profissionais com síndrome de Down, o impacto é direto, pois trabalhar é sinônimo de autonomia, autoestima, pertencimento e reconhecimento. As famílias também percebem mudanças significativas no desenvolvimento emocional e social dos jovens que passam a exercer um papel ativo na sociedade.

A Associação Fortaleza Down reforça que o trabalho é um direito constitucional e que a inclusão profissional deve ser tratada como uma política de cidadania, e não como caridade. A instituição oferece suporte às empresas interessadas em adotar práticas inclusivas, desde treinamentos até acompanhamento pós-contratação.

“A inclusão no trabalho é um caminho concreto para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e plural. Toda pessoa tem o direito de ser protagonista da sua própria história”, finaliza Alessandra Costa, Vice-Presidente da associação.

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