Especialistas do CROSP destacam a falta de políticas públicas, de apoio e de infraestrutura adequada como entraves à inclusão plena na área
Dados do censo realizado em 2022 e divulgados em 2025 apontam que o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população a partir de dois anos de idade. Entre elas, há cirurgiões-dentistas e pacientes que se deparam com diferentes barreiras, seja para o exercício da profissão ou para o acesso a tratamentos odontológicos.
A integrante da Comissão Temática para Assuntos da Pessoa com Deficiência do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Adriana Zink, explica que pessoas com deficiência são aquelas que apresentam impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo prazo. Esses fatores podem dificultar a participação plena e efetiva na sociedade em condições de igualdade.
O Relatório Mundial sobre Deficiência aponta que cerca de 15% da população vive com algum tipo de deficiência. Infelizmente, no caso de cirurgiões-dentistas, não há dados específicos sobre a quantidade de profissionais com deficiência.
A falta de dados sobre os números de profissionais nessas condições implica na realização de políticas públicas adequadas.
“São muitas as deficiências que o cirurgião-dentista pode ter, sejam elas congênitas, como deficiência auditiva, física, transtorno do espectro autista, doenças raras, ou adquiridas ao longo da vida, por meio de acidentes, amputações, doenças degenerativas, sequelas de AVC ou meningite, problemas de coluna que afetam a mobilidade e sensibilidade, visão monocular, deficiência auditiva, entre outras. Ainda assim, o profissional pode continuar exercendo sua profissão como clínico, se houver adaptações que diminuam as barreiras, ou se dedicar a outras áreas, como a docência e a pesquisa”, ressalta a Dra. Adriana Zink.
Comissão de Cirurgiões-Dentistas com Deficiência
Uma iniciativa importante foi a criação da Comissão de Cirurgiões-Dentistas com Deficiência do CROSP. Em sua primeira formação, participaram profissionais com diferentes condições, como visão monocular, sequelas de AVC, hemiparesia, amputações e transtorno do espectro autista, entre outras. Todos continuam atuando na Odontologia, seja em clínica, pesquisa ou docência.
A especialista afirma que as comissões são importantes para auxiliar os cirurgiões-dentistas a retornarem ao mercado de trabalho caso aconteça uma deficiência ao longo da vida que os impeça de exercer sua profissão, tanto de forma temporária ou definitiva.
Atendimento a pacientes com deficiência
É importante ressaltar que os desafios para os profissionais com deficiência são singulares a cada deficiência. O cirurgião-dentista com deficiência auditiva irá enfrentar barreiras comunicacionais, assim como o profissional com deficiência física deve encarar obstáculos arquitetônicos.
De acordo com a profissional, os principais desafios enfrentados pelos cirurgiões-dentistas com deficiência estão relacionados à ausência de políticas públicas específicas, leis e programas de inclusão e acessibilidade. “A falta de dados sobre o número de cirurgiões-dentistas que se encontram nessa condição impacta na formulação de políticas públicas adequadas.”
Além disso, existem barreiras de admissão em serviços públicos e privados, muitas vezes ligadas ao preconceito. “A própria população ainda equipara deficiência à falta de conhecimento”, observa a Dra. Adriana.
A Dra. Adriana Zink ressalta que pessoas com deficiência devem buscar atendimento com um especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. “É o profissional com a formação mais adequada para essa adaptação e acolhimento, individualizando as necessidades e minimizando as barreiras”, explica.
Esses especialistas costumam atuar em equipe, oferecendo múltiplas especialidades voltadas ao atendimento da população com deficiência.
O conselheiro do CROSP, Dr. Mauricio Querido, destaca que a falta de clínicas adaptadas, transporte adequado e profissionais capacitados impacta diretamente o acesso dessa população a tratamentos odontológicos. Ele também reforça a importância do SUS e das universidades na promoção de um atendimento inclusivo.
“Parcerias com ONGs e instituições, bem como o fortalecimento do trabalho em conjunto entre sociedade civil e conselhos regionais, são fundamentais. O conceito de espaços pensados para todos também traz efeitos positivos. É essencial que as equipes de atendimento, formadas por recepcionistas, auxiliares e profissionais da Odontologia, estejam treinadas para lidar com a diversidade de pacientes, com estratégias para reduzir o estresse e melhorar a experiência. Além disso, clínicas precisam dispor de acessibilidade física e tecnológica, como cadeiras adaptadas, rampas e equipamentos adequados”, conclui o Dr. Mauricio Querido.
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.
Hoje, o CROSP conta com mais de 175 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.







