O segundo dia de provas em Nova Déli foi marcado por uma dobradinha brasileira nos 100m da classe T37 (paralisados cerebrais), com Ricardo Mendonça e Christian Gabriel, e também por pódios de estreantes: João Matos Cunha e Edileusa dos Santos, nos 400m da classe T72 (que disputam a petra).
O fluminense Ricardo Mendonça conquistou seu tricampeonato mundial na prova dos 100m da classe T37 (paralisados cerebrais) neste domingo, 28, segundo dia do Mundial de atletismo em Nova Déli, na Índia. A disputa contou com o primeiro pódio duplo do Brasil, já que o paulista Christian Gabriel completou a distância na segunda colocação, com 11s23 e cravou sua melhor marca pessoal na prova.
Com a dobradinha, a Seleção Brasileira subiu ao pódio seis vezes no segundo dia na Índia: foram um ouro, três pratas e dois bronzes. Soma agora 10 medalhas no total e lidera o quadro geral de medalhas, com três ouros, cinco pratas e dois bronzes.
Dobradinha nos 100m da classe T37
O Brasil conquistou seu primeiro pódio duplo no Mundial de Nova Déli na prova dos 100m T37 (paralisados cerebrais) com o ouro do fluminense Ricardo Mendonça, que fez 11s16, e a prata do paulista Christian Gabriel, que completou em 11s23 e cravou sua melhor marca pessoal na prova. O indonésio Saptoyogo Purnomo finalizou a prova em terceiro, com 11s29.
Com o título, Ricardo se torna tricampeão mundial após as vitórias na mesma disputa em Kobe 2024 e Paris 2023.
“Muito feliz por esse tricampeonato. Mas eu prometo que ainda vou correr abaixo dos 10 segundos. Essa marca ainda não veio, mas vai vir. Agora é comemorar”, avaliou o velocista.
Outras medalhas para o Brasil no dia
A maranhense Rayane Soares conquistou sua sétima medalha em Mundiais ao terminar a prova dos 100m T13 (deficiência visual) na segunda colocação, com 12s07, sendo superada somente pela irlandesa Orla Comerford, que completou em 11s88. A norte-americana Kym Crosby finalizou o pódio, com 12s41.
Rayane era a atual recordista mundial da prova, com 11s66. Em Nova Déli, ela ainda compete as provas dos 200m e 400m, na qual é a atual campeã paralímpica.
“Gostei da prova, foi uma corrida boa. Com tudo que estamos passando aqui na Índia, muito calor, muita dificuldade de respirar, foi uma boa prova. Agora é tentar dar o melhor nas outras provas também”, analisou Rayane.
A segunda prata do dia veio com um estreante de 17 anos. O fluminense João Matos Cunha, o mais jovem da delegação brasileira que compete em Nova Déli, terminou no segundo lugar na prova dos 400m da classe T72 (que disputam a petra).
O brasileiro completou a prova em 1min07s23 e ficou atrás somente do italiano Carlo Fabio Calcagni, que fez 59s91. O polonês Piotr Siejwa completou o pódio, com 1min14s40.
“Um dia, saindo da escola, eu passei pela pista, nem sabia que era uma pista de atletismo paralímpico, e um treinador me chamou para um teste. Treinei uma vez para uma competição em Florianópolis, o Meeting Paralímpico. Consegui uma marca muito boa. E defini que ficaria na petra. Fiz o Brasileiro sub-20, o Campeonato Brasileiro adulto. E fui chamado para a semana de treinamento na Seleção. Hoje, estou no meu primeiro Mundial e conquistando medalha. Nos 100m, que é minha prova forte, vamos buscar o ouro”, avisou o novato.
Já o rondoniense Kesley Teodoro conseguiu sua primeira medalha em Mundiais ao ficar com o bronze nos 100m T12 (deficiência visual). Ele fez o tempo de 11s04 e foi superado pelo japonês Ryutaro Kano, que correu em 11s01, e pelo norueguês Salum Ageze Kashafali, vencedor com 10s42, atual recorde mundial da prova.
“Há nove anos, eu saí de Rondônia para me profissionalizar no atletismo. É o meu quarto mundial e eu sempre sonhei com essa medalha. Somente as pessoas próximas a mim sabem o quanto eu desejei essa medalha. Tudo o que eu queria era colocar a bandeira do Brasil nas costas e comemorar. É o melhor dia da minha vida”, disse.
Outra brasileira envolvida em finais nesta manhã do Brasil, a paranaense Edileusa dos Santos havia terminado na quarta colocação dos 400m T72 (também petra), com a marca de 1min22s68. Porém, após o término da prova, a espanhola Judith Vila, que havia ficado com o bronze na disputa, foi desclassificada por ter invadido a raia ao lado. Com isso, a Edileusa herdou a medalha da europeia em sua estreia em Mundiais. A vencedora da disputa foi a polonesa Magdalena Andruszkiewicz, que fez a distância em 1min13s98.
O paraibano Cícero Nobre não teve a mesma sorte que os demais brasileiros do dia e terminou na quarta colocação na final do lançamento de dardo F57, com a marca de 49,45m. O medalhista de ouro foi o turco Muhammet Khalvandi, que teve 53,30m como melhor lançamento.
Velocistas garantidas em finais
Já as potiguares Maria Clara Augusto e Thalita Simplício asseguraram seus lugares nas finais dos 100m T47 (deficiência nos membros superiores) e dos 400m T11 (deficiência visual), respectivamente. A primeira velocista, que tem má-formação congênita no braço esquerdo, correu em 12s33 e fez a sua melhor marca pessoal na prova, enquanto a segunda, que nasceu com glaucoma, venceu sua bateria com 1min1s76.
A prova decisiva para Maria Clara será às 9h06 desta segunda-feira, 29. Logo em seguida, às 10h40, Thalita vai buscar seu tetracampeonato na prova ao correr a final dos 400m T11.
Crédito fotos Ricardo Mendonça e Christian Gabriel | Foto: Cris Mattos / CPB