Saúde mental no trabalho: um compromisso que deve ir além das exigências legais 

Saúde mental no trabalho: um compromisso que deve ir além das exigências legais  OPINIÃO - Por Filiphe Curvello e Yasmin Lopes

OPINIÃO

  • Por Por Filiphe Curvello e Yasmin Lopes

O mercado de trabalho brasileiro passa constantemente por uma série de mudanças em suas regulamentações e legislações trabalhistas que visam trazer práticas mais saudáveis, incluindo a preocupação com a saúde mental e trabalho. A entrada em vigor da Lei nº 14.831/2024 e a atualização da NR-1 representam um marco fundamental para a temática.

Muitas empresas deverão se adequar, mas para outras tantas essa não é uma novidade, e sim a validação de um caminho que já vinha sendo trilhado com convicção. Uma vez que uma cultura de cuidado com as pessoas deve buscar promover ambientes de trabalho saudáveis, seguros e emocionalmente sustentáveis. Essa filosofia, que já permeava as ações de companhias diversas, ganha agora um reforço legal que, na nossa visão, chega em boa hora.

Vale ponderar que historicamente, a segurança e saúde no trabalho focavam predominantemente nos aspectos físicos. No entanto, a complexidade do mundo contemporâneo e o reconhecimento da conexão entre mente e corpo impõem uma visão mais holística e ampla.

Para muitas empresas, as novas regulamentações podem parecer um desafio, exigindo adaptações em processos e investimentos. Contudo, a experiência de organizações que já priorizavam a saúde mental demonstra que a proatividade é um diferencial estratégico. Empresas que anteciparam essa pauta, investindo em programas de apoio psicológico, mapeamento de riscos psicossociais e capacitação de lideranças, encontram-se em uma posição vantajosa. Elas não apenas cumprem as exigências legais, mas também colhem os frutos de um ambiente de trabalho mais engajador, com menor rotatividade, absenteísmo e maior satisfação dos colaboradores.

Boas práticas: um caminho sem volta

A adoção de boas práticas em saúde mental vai muito além da simples conformidade. Envolve a construção de uma cultura organizacional que valorize o indivíduo, promova o diálogo aberto e ofereça suporte adequado, o que inclui:

  • Liderança humanizada: é preciso capacitar líderes para que identifiquem sinais de sofrimento emocional, promovam conversas difíceis com empatia e atuem como facilitadores do bem-estar de suas equipes.
  • Programas de apoio: As empresas precisam oferecer acesso a serviços de saúde mental, como terapia online, orientação psicológica e programas que abordem, por exemplo, aspectos como nutrição e autoconhecimento, assuntos de extrema relevância.
  • Mapeamento e gestão de riscos:  um olhar integrado garante que os liderem possam identificar e mitigar fatores de estresse no ambiente de trabalho, como sobrecarga, assédio e falta de autonomia
  • Transparência: atuar com políticas claras sobre saúde mental e divulgá-las amplamente faz com que os colaboradores se sintam seguros para buscar ajuda sem estigma.
  • Digitalização: o apoio de ferramentas digitais é uma realidade atualmente e isso facilita o acesso a recursos de saúde mental, o monitoramento do bem-estar dos colaboradores, possibilitando ainda suporte contínuo, especialmente em modelos de trabalho flexíveis.

A jornada em busca de um ambiente de trabalho psicologicamente seguro não é isenta de desafios. Por isso, é importante estarmos respaldados por exigências legais, assim cada organização pode se adaptar conforme sua realidade. Contudo, vale ressaltar que para que ações sejam efetivamente implementadas no dia a dia é preciso um investimento contínuo em formação e comunicação, bem como suporte técnico.

Um ambiente de trabalho que prioriza a saúde mental não é apenas um local onde as pessoas se sentem bem; é um local onde elas prosperam, inovam e contribuem plenamente para o sucesso da organização. As empresas que abraçarem essa pauta com seriedade e proatividade estarão não apenas cumprindo a lei, mas construindo um futuro mais humano, produtivo e sustentável para todos.

*Filiphe Curvello atua como Head Legal Compliance e RH;

*Yasmin Lopes é coordenadora de BP, DHO e Recrutamento na Juntos Somos Mais

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