Pioneira, nova divisão da SBM pretende ampliar o acesso a consultas, diagnósticos e tratamentos a PCDs, incentivar pesquisas, parcerias estratégicas e contribuir para delinear políticas públicas de saúde
As mulheres representam mais da metade das pessoas com deficiência no Brasil, revela o Censo 2022. As barreiras de comunicação enfrentadas por essa população, as dificuldades de acessibilidade a consultas, diagnósticos e tratamentos, associadas à falta de preparo para acolhimento nos serviços de saúde relacionados ao câncer de mama, motivaram a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) a criar, de forma pioneira no País, um departamento voltado à inclusão. A data escolhida para o lançamento do Departamento de Saúde Inclusiva, 21 de setembro, é dedicada ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
De 14,4 milhões de pessoas com deficiência (PCD) no Brasil, 8,3 milhões são mulheres. Com base em dados de 2019, o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) destaca ainda que 4,9 milhões são surdas, o que exemplifica uma condição importante para o atendimento dessa população nos serviços públicos e privados de saúde.
“A SBM, que já é pioneira por agregar outras seis associações no projeto Outubro Rosa, agora também inova e se destaca como primeira sociedade médica do País a criar um departamento dedicado à inclusão, reforçando o seu compromisso em ampliar a atenção para toda a população, agora com um olhar especial às pessoas com deficiência”, afirma Tufi Hassan, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia. “Se em 2024, alicerçamos nossas ações na campanha ‘Juntos somos mais fortes’, este ano, com o lançamento do Departamento de Saúde Inclusiva, o slogan do Outubro Rosa vai ganhar ainda mais relevância: ‘Juntos somos mais fortes – para todos’”, completa.
De acordo com a mastologista Mônica Travassos, vice-presidente da SBM – Região Sudeste e responsável pelo Departamento de Saúde Inclusiva, a iniciativa traz consigo a urgência de um olhar integral à população. “Se quisermos mudar a realidade do câncer de mama no País, precisamos dar passos acertados em busca de uma transformação na abordagem da saúde, de forma que ciência, cuidado humano e responsabilidade social caminhem juntos”, afirma.
Com o propósito de garantir que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama sejam acessíveis a todas as mulheres, independentemente de suas condições físicas, sensoriais e cognitivas, o Departamento de Saúde Inclusiva da SBM elenca diversos objetivos. Um deles, direcionado a mastologistas, prevê a capacitação dos especialistas para uma atuação empática e inclusiva. Pesquisas sobre o impacto do câncer de mama em pessoas com deficiência também devem ser incentivadas pelo novo departamento. Ao mesmo tempo que pretende integrar organizações e especialistas em inclusão à iniciativa da SBM, a expectativa é de que o trabalho inspire também outras sociedades médicas para a importância da inclusão.
As ações do Departamento de Saúde Inclusiva preveem a realização de campanhas acessíveis em libras, audiodescrição, sempre priorizando a linguagem simples. Nos congressos promovidos pela Sociedade Brasileira de Mastologia, painéis sobre inclusão devem ganhar destaque. Nas parcerias estratégicas, a SBM vai buscar a cooperação de entidades atuantes em direito de pessoas com deficiência.
“De forma ainda mais abrangente, acreditamos que as iniciativas e os propósitos do novo departamento da SBM possam contribuir para delinear políticas públicas que ampliem a prevenção e o tratamento do câncer de mama para um grande número de pessoas com deficiência que tantos obstáculos enfrentam para ter direito à saúde”, conclui a mastologista Mônica Travassos.