Turnover de pessoas com deficiência no mercado de trabalho revela falha na cultura de inclusão das empresas

Turnover de pessoas com deficiência no mercado de trabalho revela falha na cultura de inclusão das empresas

9 cada 10 pessoas com deficiência já enfrentaram situações de capacitismo no ambiente de trabalho. Esse e outros dados evidenciam que a falta de um ambiente acolhedor para a pessoa com deficiência mostra falha na estrutura verdadeiramente inclusiva nas empresas

Com a experiência de cerca de duas décadas de atuação na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir – afirma que a queixa mais frequente dos clientes é a dificuldade para reter pessoas com deficiência nas empresas. Ela alerta que o ‘turnover’ (rotatividade) de pessoas com deficiência em vagas de trabalho expõe a falha estrutural nas empresas: a falta de uma cultura de inclusão genuína.

“O desligamento recorrente desses profissionais não está relacionado à sua capacidade, mas à falta de ambientes verdadeiramente acessíveis, acolhedores e preparados para garantir o desenvolvimento profissional de todos os colaboradores, com ou sem deficiência”, reforça Carolina Ignarra.

“Apenas contratar para cumprir a Lei de Cotas, sem investir em inclusão com intenção e convicção, é um processo oneroso e pouco efetivo. As empresas perdem talentos e desperdiçam investimentos por não criarem condições para que essas pessoas permaneçam”, afirma Carolina Ignarra. Ela destaca que, sem ações estruturadas e lideranças preparadas, a rotatividade é quase inevitável.

A pesquisa “Radar da Inclusão: mapeando a empregabilidade de Pessoas com Deficiência” (Talento Incluir, Instituto Locomotiva, Pacto Global e iO Diversidade), que ouviu 1.230 pessoas com deficiência ou neurodivergência, revelou que 9 cada 10 já enfrentaram situações de capacitismo no ambiente de trabalho. Ainda assim, apenas 35% relataram os episódios às empresas – entre eles, 40% disseram não se sentir acolhidos. O silêncio dos demais (65%) tem explicações preocupantes: medo de retaliação ou demissão (38%) e descrença em qualquer mudança (29%), ou seja, falta de ambiente seguro.

Para Carolina Ignarra, muitas vezes, a exclusão continua dentro das empresas, ainda que estas se esforcem para parecer inclusivas. “Muitos líderes responsabilizam a pessoa com deficiência pela suposta falta de adaptação ao ambiente corporativo, quando o problema está na ausência de uma estrutura verdadeiramente inclusiva”, explica.

Para mudar esse cenário que reforça um estereótipo de despreparo para o mercado e culpabiliza a pessoa com deficiência, a especialista aponta algumas atitudes que as empresas precisam tomar para iniciar um processo de inclusão eficiente e estratégico:

  1. Mapear o atual estágio da empresa em cultura de inclusão para identificar as barreiras reais que dificultam a inclusão de pessoas com deficiência;
  2. Oferecer processos seletivos inclusivos;
  3. Investir no letramento de lideranças e desenvolver planos com metas e indicadores reais de inclusão;
  4. Treinar e preparar as equipes para conviver com a diversidade;
  5. Criar trilhas de desenvolvimento e crescimentos de carreira para pessoas com deficiência, com mentorias e avaliações justas;
  6. Investir em acessibilidade, que vai muito além de rampas e softwares;
  7. Priorizar a comunicação empática e inclusiva, que faz cada pessoa sentir-se parte da equipe;
  8. Dar suporte à saúde mental e bem-estar, oferecendo canais ativos e contínuos com iniciativas que possam fortalecer o sentimento de pertencimento
  9. Dar suporte ao líder direto nos desafios do dia a dia com a pessoa com deficiência que ele lidera. É recorrente as queixas de lideranças que se sentem muito sozinhas e sem apoio, depois que o RH contrata e coloca a pessoa com deficiência na área que ele lidera.

“Os talentos com deficiência que sua empresa contrata estão ficando ou indo embora? A resposta está no quanto sua empresa realmente investe em uma cultura inclusiva além da lei. Acompanhar o indicador de turnover das pessoas com deficiência comparado ao das pessoas sem deficiência é importantíssimo. É um conjunto de valores, atitudes e hábitos diários que fazem todo mundo se sentir bem-vindo e parte do time, conclui Carolina Ignarra.

Sobre a Talento Incluir

A Talento Incluir, empresa com atuação pioneira em Consultoria, Letramento, Empregabilidade e Capacitação das pessoas com deficiência, já inseriu no mercado de trabalho mais de 9 mil profissionais com deficiência. Fundada em 2008, sua missão é trazer dignidade para pessoas com deficiência por meio da empregabilidade. Em toda a sua trajetória, aplicou Programas de Inclusão 360º para formar e fortalecer a cultura de inclusão em mais de 650 empresas de diversos setores em todo Brasil, como Mercado Livre, Renner, Mondelez, Siemens Energy, Siemens Healthineers, Organizações Globo, Sephora, Loreal, AstraZeneca, GRU Airport, Eurofarma entre outras. Para mais informações, acesse: Talento Incluir (site)

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