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  • sáb. maio 18th, 2024

Dia do Trabalho: incluir pessoas com deficiência também faz parte de ESG

OPINIÃO - Dia do Trabalho: incluir pessoas com deficiência também faz parte de ESG - por Victor Martinez
  • Por Victor Martinez

Trabalhar é um ato comum à maioria das pessoas, principalmente às que atingiram a adolescência ou a vida adulta. No Brasil, historicamente, isso não é diferente. Entretanto, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente ao terceiro trimestre de 2021, cerca de 87,8 milhões de pessoas encontram-se ocupadas, o que representa 49,6% da população com 14 anos ou mais desenvolvendo atividades consideradas produtivas. Os demais 50,4% estão sem atividades econômicas.

Quando trazemos essa mesma medição à população de pessoas com deficiência, nota-se que este dado é ainda mais alarmante. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS2019) – Ciclos de Vida, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto de 2021, uma a cada quatro pessoas com deficiência com 14 anos ou mais estão desocupadas, ou seja, mais que o dobro de desocupados em relação ao índice de pessoas sem deficiência. Esses números são extremamente preocupantes do ponto de vista da subsistência das pessoas com deficiência, pois apesar de existirem benefícios próprios dirigidos a este público, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), por exemplo, estes não abarcam todas as pessoas com deficiência, somente aquelas que socialmente se encontram em vulnerabilidade extrema.

Para além desta questão subsistencial, de urgência extrema, o trabalho traz outros valores fundamentais e relativos ao desenvolvimento do indivíduo. Segundo o sociólogo alemão Max Weber, tais fatores estão ligados ao desenvolvimento humano da pessoa enquanto ser social e também da sociedade na qual está incluída. Ao lhe serem atribuídas atividades pertinentes à vida real, a pessoa se sente pertencente, corresponsável do meio em que está envolvido. Da mesma forma, quando é capaz de atribuir atividades e entregas a outras pessoas, ele pratica sua autonomia e empoderamento diante dos desafios que a vida profissional e social lhe traz.

Ao privar as pessoas com deficiência do acesso ao trabalho, não são apenas os recursos financeiros e econômicos que lhe estão sendo negados, mas também o seu direito de ser, de desenvolver sua subjetividade humana, seus desejos, suas potencialidades. Para reverter esse cenário é necessário que se encontre espaço, tempo e principalmente oportunidades para que a pessoa com deficiência possa evoluir e se desenvolver de forma plena.

Neste 1º de maio, quando é celebrado no Brasil e em outros países o “Dia do Trabalho”, precisamos chamar a atenção da sociedade e do poder público sobre a necessidade de olharmos para as pessoas com deficiência e vermos a importância de incluí-las profissionalmente, considerando todas as questões que citamos acima.

Ao longo dos anos, desde a década de 1970, nós do Instituto Jô Clemente (IJC), por meio do nosso Serviço de Inclusão Profissional, registramos conquistas muito importantes. Em parceria com órgãos públicos e empresas de diferentes setores, já possibilitamos a milhares de pessoas com deficiência a chance de desenvolverem seu potencial através da inclusão profissional. Desde 2013, quando implementamos a metodologia do Emprego apoiado, já foram mais de 3.500 inclusões. Esses resultados tangibilizam o discurso atribuído à letra “S” de “Social”, presente na sigla ESG (Environmental — Social — Governamental). Cabe a nós, enquanto sociedade civil, buscarmos efetivamente colaborar com a construção de um mundo mais inclusivo e equitativo.

*Victor Martinez é supervisor do Serviço de Inclusão Profissional e Longevidade do Instituto Jô Clemente (IJC)

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