Desenvolvido em 1825, o sistema de leitura e escrita braile é utilizado pelas pessoas com deficiência visual no mundo todo. O dia quatro de janeiro foi escolhido como Dia Mundial do Braile em
homenagem ao inventor do método, que até hoje, alfabetiza e transforma vidas, Louis Braille.
Uma dessas transformações aconteceu com Daniela Reis Frontera, que aos 23 anos recebeu o diagnóstico de uma doença degenerativa, a retinose pigmentar. Sem cura e sem tratamento, sua condição visual se agravou ao longo do tempo. Aos 43 anos, o braile entrou na vida da empresária para nunca mais sair.
Determinada a conquistar autonomia e independência, Daniela procurou por um profissional ou instituição que a alfabetizasse no sistema.
E foi por meio da dificuldade de encontrá-los que nasceu o Enxergando o Futuro, um projeto gratuito, que ensina o braile a distância para alunos espalhados pelo país. “É uma data muito especial para nós do Enxergando o Futuro. Afinal, foi a partir dessa maravilhosa ferramenta de inclusão e autonomia que desenvolvemos uma metodologia própria e gratuita, que alfabetiza deficientes visuais pela plataforma online em todo o Brasil”, comemora a idealizadora do projeto que acaba de completar três anos.
Seis pontos revolucionários
O sistema braile é composto por seis pontos, agrupados em duas filas verticais com três pontos em cada fileira. A combinação desses pontos forma 63 caracteres que representam o alfabeto convencional. Com eles também são formados símbolos usados na matemática, na música e na informática, por exemplo.
Com o passar dos séculos, o método ganhou uma nova aliada: a tecnologia. Hoje em dia, impressoras especiais, computadores, celulares e tablets possuem programas de acessibilidade específicos que auxiliam no dia a dia da pessoa com deficiência visual.
Para Daniela, apesar de todos esses avanços, o braile ainda é uma excelente ferramenta de inclusão. “Poder ler também é uma forma de inclusão e o braile é o caminho para isso. Ele é a cartilha do
deficiente visual, principalmente, das crianças que nascem cegas, que ao se alfabetizarem pelo método conhecem o mundo por meio desses pontinhos. Com o braile nós conseguimos ler um livro; uma caixa de medicamento; cardápios; rotular objetos. Existem etiquetas em braile para colocarmos nas roupas, que informam o tamanho e a cor das peças, facilitando as nossas escolhas. Enfim, com ele conquistamos a
autonomia necessária para a nossa qualidade de vida. Só posso dizer que esse código universal, criado há tantos anos foi um divisor de águas na minha história. Hoje, eu ajudo a transformar outras vidas ensinando o mesmo método que transformou a minha.”
A importância do braile para o aprendizado escolar
Com deficiência visual desde que nasceu, Nayara Silveira de Lima, aluna do quarto ano do Ensino Fundamental começou a ter aulas de braile ao conhecer o projeto Enxergando o Futuro.
“Eu havia pesquisado sobre os cursos de braile, mas percebi que eles são muito caros. Conversando com uma amiga, ela me falou sobre as aulas gratuitas oferecidas pelo projeto”, conta. Nayara lembra que
seu primeiro contato foi com Daniela Reis Frontera, idealizadora e multiplicadora do projeto: “Ela foi muito atenciosa, me deu todo o suporte que precisava naquele momento e passou o contato do
coordenador, Ricardo Barreiros, que me ajudou a fazer a inscrição”.
Inserida em um grupo do projeto, a adolescente aprendeu a confeccionar, com materiais recicláveis, as celas braile usadas nas aulas. As celas são espaços retangulares com seis pontos em relevo que podem ser dispostos de várias maneiras, formando o alfabeto e símbolos braile. Também recebeu a reglete, instrumento usado para a escrita manual em braile. “Comecei a treinar e, na primeira aula, já consegui escrever”, comemora a aluna.
Moradora da cidade de Tremedal, na Bahia, Nayara explica que é a única deficiente visual na escola onde estuda e que, sem o braile, não conseguiria acompanhar as aulas. “Por exemplo, quando o professor passa um texto na lousa, a auxiliar de classe me passa e eu vou escrevendo sozinha, o que é muito bom porque eu fico por dentro do assunto. A vida escolar antes do braile foi mais difícil, já que eu não conseguia fazer nada na escola. Agora, eu consigo escrever, ler livros, caixas de remédios. Sou muito grata pelo projeto e pelas pessoas incríveis que fazem parte dele”, afirma.
Serviço:
Enxergando o Futuro – Whatsapp (14) 99777-1377
Sobre o projeto
O projeto social Enxergando o Futuro foi criado pela empresária Daniela Reis Frontera que, aos 23 anos, foi diagnosticada com retinose pigmentar. Com dificuldade em encontrar um profissional ou uma instituição para aprender braile, ela criou o projeto para levar a alfabetização ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Atualmente, Daniela tem 10% da visão.
As aulas do projeto começaram em novembro de 2019, na cidade de Duartina (SP), com 10 alunos. Devido à pandemia e ao isolamento social para conter o novo coronavírus, o ensino migrou para uma
plataforma on-line, o que gerou muita procura. Atualmente, mais de 240 alunos de 24 estados brasileiros, além do Distrito Federal, têm acesso ao projeto, além de alunos de Portugal, África do Sul e
Inglaterra, Suíça, Guiné-Bissau, Moçambique e Cabo Verde.
Para saber mais sobre o projeto visite:
https://enxergandoofuturo.com.br/
https://www.youtube.com/enxergandoofuturo
https://www.linkedin.com/company/enxergando-o-futuro/
https://www.instagram.com/enxergandoofuturo/
https://www.facebook.com/projetoenxergandoofuturo