- * Por Geraldo Nogueira
Mais uma vez as pessoas com deficiência sentiram-se atingidas por força de uma fala capacitista proferida pelo Presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva. O Presidente durante sua live semanal, ao comentar sobre a cirurgia no quadril pelo qual passará, mostrou que não sabe lidar com o tema das pessoas com deficiência e que anda agarrado a cultura capacitista do passado.
Lula disse que não será fotografado usando um andador e afirmou: “Então, significa que vocês não vão me ver de andador, muletas, vocês vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado, mas vou ter que ter um pouco de cuidado”.
A fala foi considerada capacitista e atingiu as pessoas com deficiência, gerando manifestações de ativistas e lideranças do segmento. Até o influenciador Ivan Baron que subiu a Rampa do Planalto ao lado do Presidente e participou da entrega da faixa presidencial ao mandatário, considerou a fala capacitista e usou as redes sociais para criticá-la. O capacitismo é considerado uma forma de preconceito, comumente vindo de pessoas sem deficiência, que pré-julgam a capacidade e habilidades dos indivíduos com deficiência com base apenas no que elas acreditam sobre aquela determinada condição.
A fala do presidente é pejorativa e preconceituosa e, por ser dita pela autoridade máxima do Poder Executivo, reforça na cultura popular estereótipos que estimulam o preconceito e a exclusão social. Seria bom se o Presidente Lula procurasse aprender um pouco mais sobre o segmento das pessoas com deficiência, ou melhor, se para compensar suas gafes prejudiciais ao segmento, implementasse uma política nacional de inclusão. Aliás, diga-se de passagem, que nunca existiu.
Não basta a desculpa de que não houve a intenção. A proporção do prejuízo que uma fala desse tipo, proferida pelo maior líder da nação, acarreta para o segmento das pessoas com deficiência, pode significar anos de atraso no processo de inclusão. Uma luta travada por incontáveis indivíduos com deficiência de todo o Brasil.
A repercussão e gravidade do caso requer nova manifestação do Presidente Lula. Vindo a público para se desculpar e corrigir sua falha. Um ato de grandeza que mostrará seu erro de forma positiva, pois afinal, errar é uma condição humana. E servirá de exemplo construtivo para a população brasileira que sofre de capacitismo estrutural.
* Geraldo Nogueira é Titular da Diretoria da Pessoa com Deficiência da OAB-RJ.