Startup gaúcha que apoia PcD na busca por emprego é aposta do governo do Chile


Egalitê atingiu crescimento de 90% e visa o mercado internacional para ampliar inserção de profissionais no mercado de trabalho

Egalitê, HR Tech que conecta empresas a pessoas com deficiência, está passando por uma nova etapa com a chegada do sócio e COO, Djalma Scartezini, psicólogo, empreendedor e um dos principais especialistas em diversidade & inclusão corporativa do Brasil. A empresa atua desde 2010 e já promoveu a inserção de mais de 8 mil profissionais com deficiência no mercado de trabalho em 20 estados.
 

De acordo com o último levantamento do IBGE, aproximadamente 24% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, o que equivale a mais de 45 milhões de pessoas, e, desse total, apenas 1% está no mercado de trabalho.

A startup fechou o último ano com um crescimento de 90% no faturamento e está também no processo internacionalização da marca, que acaba de fechar parceria com o governo chileno para a implantação da tecnologia da Egalitê na contratação de profissionais com deficiência no Chile.

Parceria com o Governo Chileno

Em 2019, a Egalitê conquistou na categoria “empregabilidade” o Zero Project, iniciativa da Austrian Essl Foundation em conjunto com o World Future Council e o European Foundation Center, com foco nos direitos das pessoas com deficiência em todo o mundo.

A partir desse reconhecimento, a Egalitê foi convidada a fechar um contrato com Governo do Chile para iniciar um projeto piloto com a Fundação Pacto de Productividad, programa empresarial para promoção de emprego para pessoas com deficiência, e o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), a fim de introduzir inteligência artificial nos processos de contratação para pessoas com deficiência no país.

O sistema e tecnologia da Egalitê foram aplicados de maneira personalizada para o Chile e a previsão de lançamento é março de 2022. A plataforma estará disponível para que empresas públicas e privadas utilizem essa ferramenta para contratação de PcD.

Até então, o Chile não tinha uma ferramenta adequada que conectasse profissionais com deficiência ao mercado de trabalho. “A tecnologia visa aumentar a precisão nas contratações e reduzir vieses com foco no que o colaborador pode entregar, de acordo com formação e experiência do profissional, resultando em inclusão e diversidade”, diz Braga.

Como surgiu a Egalitê?

Com 12 anos de história, a Egalitê tem sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e surge após uma experiência de intercâmbio vivida pelo fundador Guilherme Braga. Ao estudar nos Estados Unidos, ele percebeu que locais sem barreiras físicas a deficiência se mostra pouco relevante e, quis transportar a acessibilidade para o ambiente digital, principalmente na etapa mais importante que é o recrutamento e seleção.

O executivo é formado em Direito pela PUC e pós-graduado em Gestão e Negócios pela FGV, mestre em Gestão e Negócios pela UNISINOS e pela Université de Poitiers. Com mestrado sobre o impacto da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, Braga implementou programas de diversidade em diversas empresas e vê urgência em ampliar práticas de inclusão na agenda dos CEOs

O trabalho com diversidade e inclusão da startup vem sendo reconhecido ano após ano em premiações internacionais como Ruderman Prize in Inclusion (2016), prêmio que enaltece organizações que tem o compromisso em incluir pessoas com deficiência, além do Global Grand Challenges Award, promovido pela Singularity University, que reconhece iniciativas que promovem a inovação para resolução de problemas globais de saúde e desenvolvimento.

Inteligência Artificial em processos seletivos

Com tecnologia própria, a Egalitê disponibiliza uma avaliação de perfil comportamental, que resulta em mais de 3.125 combinações dispostas em um gráfico aranha. O diferencial da ferramenta é que ela não foi adaptada, mas desenvolvida desde o início para pessoas com deficiência. Hoje a plataforma já foi utilizada por 70 mil candidatos em todo o Brasil.
 

“A tecnologia conta com o propósito de promover mudanças e democratizar o acesso e a utilizamos de forma pragmática para mostrar que a inclusão gera resultados. Caso um recrutador não queira contratar essa pessoa é por uma barreira da empresa e não do candidato”, diz Braga.

A empresa organiza anualmente o evento “Inclui PCD”, uma feira de empregabilidade para pessoas com deficiência. Nos últimos dois anos, foram 15.000 vagas ofertadas por empresas como Magalu, Mercado Livre e Itaú. Entre os pilares da companhia estão: recrutamento e seleção, acessibilidade e cultura inclusiva, que serão coordenados pelo novo sócio e COO, Djalma Scartezini.

Djalma Scartezini e a Egalitê

O executivo tem 10 anos de carreira e já contratou mais de 7 mil pessoas nas empresas em que atuou. Scartezini obteve cases de sucesso no Walmart ao contratar 2,1 mil pessoas com deficiência, tornando a rede supermercados a maior contratante de PcDs no país.
 

Scartezini acaba de deixar a liderança de diversidade e inclusão da EY Brasil e a Vice-Presidência do EY Institute para liderar as operações da Egalitê, por acreditar no potencial e no modelo de inovação que a empresa propõe, auxiliando profissionais com deficiência a entrarem no mercado de trabalho com equidade de oportunidades. Ele permanece como conselheiro no EY Institute.

Com essa admissão, alguns serviços serão expandidos como projetos de cultura inclusiva, workshops e treinamentos para capacitar empresas a estabelecerem processos seletivos.

O novo COO é formado em psicologia pela FMU, com MBA em Gestão Estratégica e Econômica em Recursos Humanos pela FGV. Atualmente é professor da FGV, FDC e Escola Aberje de Comunicação em temas como Diversidade e Cultura, além disso, é Diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS), uma organização de empresas em prol da inclusão das pessoas com deficiência. Sua trajetória conta passagem por companhias como Vivo e Sodexo, sempre no comando do processo de inclusão e contratação de pessoas com deficiência.

Scartezini acredita que a capacidade de adaptação e resiliência devem ser as principais competências comportamentais a serem avaliadas das pessoas com deficiência. Para ele, a inclusão se faz com mudanças de comportamento e cultura.

“A deficiência, muitas vezes, é o que chega primeiro em uma entrevista. Mas por trás da deficiência, existe o pai, irmão, amigo e o profissional, que pode sim, ter alta performance. É acima de tudo, entrar em relação com as pessoas e suas competências técnicas e comportamentais”, comenta Djalma.
 

Inclusão no Brasil

O direito dos profissionais com deficiência está previsto no artigo 93 da Lei 8.213/91, que define cotas para empresas com mais de 100 funcionários, a multa para o descumprimento pode chegar até R$10.000 por pessoa com deficiência não contratada no mês.

Em 2020, o número de demissões foi maior que o de contratações de pessoas com deficiência, 73.520 e 51.854, respectivamente, é o que aponta o levantamento feito pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). “Quando contratamos pessoas com deficiência, estamos contratando alguém com um novo olhar sobre o mundo ao seu redor. E esse olhar passa por uma sensibilidade arquitetônica, comunicacional e, principalmente, sobre a relação das pessoas”, conclui Scartezini

Empresas como Americanas, P&G, Magalu, Itaú, Mercado Livre e estão com a Egalitê para a construção de processos seletivos para pessoas com deficiência.

Foto/Imagem: Guilherme Braga, CEO e fundador da Egalitê. Foto: Divulgação/Egalitê

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