Inclusão de alunos com TDAH e TOD exige ação pedagógica intencional, diz especialista

Inclusão de alunos com TDAH e TOD exige ação pedagógica intencional, diz especialista

Para especialista, falta de preparo técnico e estratégias específicas ainda impede professores de promover uma educação verdadeiramente inclusiva em sala de aula

Professores vêm se deparando com um aumento significativo de crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD). Estimativas internacionais indicam que entre 15% e 20% da população mundial apresenta algum tipo de neurodivergência, segundo a neuropedagoga Mara Duarte, gestora da Rhema Neuroeducação

Para ela, a compreensão e o manejo dessas condições exigem não apenas sensibilidade, mas também capacitação técnica contínua por parte dos educadores. “Não basta conhecer o diagnóstico. O professor precisa entender como esses transtornos se manifestam na prática para poder adaptar o ambiente e as estratégias de ensino. A formação é essencial para garantir que a experiência pedagógica seja viável para todos os alunos”, afirma Mara.

O TDAH costuma se apresentar por sintomas como desatenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade. Já o TOD envolve comportamentos mais desafiadores, como recusa sistemática a seguir regras, discussões frequentes com figuras de autoridade e atitudes provocativas. Apesar de distintos, os dois transtornos podem coexistir e impactar diretamente o desempenho escolar e o clima da sala de aula.

Mara explica que crianças com TDAH e TOD não precisam apenas de acolhimento, mas de uma abordagem pedagógica cuidadosamente planejada. “Com os métodos certos, o professor consegue melhorar a atenção dos alunos e reduzir os desafios causados por comportamentos impulsivos. Isso facilita a aprendizagem e melhora a convivência com os colegas”, aconselha a educadora.

A especialista também defende que a capacitação precisa ser voltada para práticas reais do cotidiano escolar, com ênfase em estratégias comportamentais, organização do ambiente e comunicação assertiva. “É fundamental que o professor saiba usar sinais visuais, adaptar rotinas, oferecer feedbacks positivos e flexibilizar as atividades. Tudo isso influencia diretamente no engajamento do aluno neurodivergente”, pontua.

Entre as ações recomendadas por Mara estão: organização de salas com poucos estímulos visuais, uso de materiais de apoio, planejamento de atividades curtas e pausadas, além do acompanhamento multidisciplinar com psicopedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

A ausência desse preparo pode levar ao isolamento do aluno, mesmo quando ele está fisicamente presente na sala de aula. “Sem estratégias específicas, a criança se sente frustrada, o professor sobrecarregado e o grupo como um todo sofre. A inclusão só acontece de fato quando há ação pedagógica intencional e informada”, destaca a neuropedagoga.

Além da sala de aula, Mara enfatiza a importância da comunicação com as famílias. “O alinhamento entre escola e responsáveis garante continuidade nas estratégias e reforça os aprendizados em casa. É preciso construir uma rede de apoio”, diz.

A especialista ressalta ainda que, embora o TDAH e o TOD sejam amplamente diagnosticados, ainda há desinformação sobre como eles impactam o cotidiano escolar. “Existe uma tendência a rotular comportamentos como desobediência ou preguiça, quando na verdade são manifestações de uma condição neurológica que precisa ser compreendida e trabalhada com respeito e técnica”, conclui.

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