Estudantes criam jogos digitais para auxiliar no tratamento de idosos com Alzheimer

Estudantes criam jogos digitais para auxiliar no tratamento de idosos com Alzheimer

Realizado por jovens do Ensino Fundamental e Médio, projeto aproxima adolescentes da realidade de pacientes e reforça o papel social da educação

Setembro é o mês de conscientização da Doença de Alzheimer, simbolizado principalmente pelo dia 21/9, data instituída como Dia Mundial e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer. Em São José dos Campos, estudantes do Poliedro Colégio estão usando tecnologia e criatividade para transformar a vida de idosos com a doença. Por meio do projeto Games for Life, os alunos desenvolvem jogos digitais que integram as terapias ocupacionais realizadas no Hospital Reger, promovendo reabilitação e momentos de interação e bem-estar.

A iniciativa faz parte do Programa Inteligências Criativas, que busca aproximar a escola da sociedade ao propor desafios reais aos estudantes. Baseado na metodologia STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), o projeto vai além do aprendizado tradicional, estimulando habilidades socioemocionais como empatia, trabalho em equipe e resiliência.

Segundo os coordenadores do Games for Life, Bianca Netto (professora de Ciências) e Israel Peres (professor de Pensamento Computacional), o projeto surgiu em 2015 como uma iniciativa de alunos do Ensino Médio interessados em integrar inovação e saúde. “Mais do que a tecnologia em si, o que realmente importa são as interações que esses jogos permitem entre os estudantes e os idosos. É nesse contato que encontramos a verdadeira transformação”, destaca Bianca.

Tecnologia e impacto social

O projeto Games for Life funciona da seguinte maneira: estudantes do 6º Ano do Ensino Fundamental à 3ª Série do Ensino Médio, com idades entre 11 e 17 anos, se organizam em uma simulação de empresa. Divididos em setores como Marketing, Desenvolvimento de Jogos, Pesquisa e Gestão, eles utilizam metodologias ágeis, como a Scrum (que estimula o trabalho colaborativo em equipe para o atingimento de metas), para garantir que o trabalho seja realizado de forma eficiente e colaborativa, analisando os problemas existentes e quais soluções podem propor.

Os jogos criados pelos alunos são utilizados em sessões compartilhadas com a psicóloga do hospital, Bárbara de Souza Costa, contribuindo para o estímulo de áreas específicas do cérebro dos idosos. A experiência, no entanto, vai além do desenvolvimento técnico. Durante as visitas ao Hospital Reger, os estudantes interagem diretamente com os pacientes, criando laços afetivos e vivenciando a realidade de quem enfrenta essas condições, o que resulta em uma experiência transformadora e que trabalha conceitos importantes sobre cidadania.

Segundo a psicóloga, iniciativas com jogos criativos e tecnológicos, especialmente por meio de tablets, têm mostrado grande potencial no enfrentamento dos desafios sofridos pelos pacientes, como o declínio progressivo das funções executivas e a desorientação espacial e temporal. “O uso da tecnologia ressignifica a vivência do idoso, promovendo autonomia e mostrando que ele ainda é capaz de aprender e interagir com o mundo moderno. Portanto, iniciativas como essas devem ser incentivadas e incorporadas às práticas de cuidado multiprofissional, pois ampliam as possibilidades terapêuticas e contribuem para uma abordagem mais ética, sensível e centrada na pessoa que vive com Alzheimer.”

Thaís Siwek Fernandes, 15 anos, aluna do Poliedro Colégio, participa do projeto há 4 anos e atualmente integra a equipe de Gestão. Ela destaca como a iniciativa vem contribuindo para o seu desenvolvimento e o dos colegas: “Para mim, o Games for Life representa autonomia. Os professores não definem o que a gente tem que fazer. Cabe a cada um de nós decidir e apresentar nossas propostas para cada encontro. No início, eu nem sabia se conseguiria fazer meu projeto, mas, com autonomia, percebi que sou capaz e que, com um objetivo traçado e metas claras, conseguimos atingir resultados importantes”, afirma.

Outro ponto destacado pela estudante é a comunicação. “Aprendi a me comunicar com mais clareza, pois precisamos sempre discutir e explicar nossas ideias para o grupo e para os professores. Isso melhorou minha autoconfiança, porque percebi que consigo realizar tarefas sozinha, sem depender tanto de ajuda externa.” A interação com os idosos e ver o resultado do trabalho também traz satisfação para a jovem. “Estar entre os idosos traz um sentimento muito bom. Quando entrei no projeto, achava que a gente ia tentar ensiná-los a mexer com tecnologia, mas não é nada disso. A gente modifica e adapta a tecnologia para que eles consigam utilizá-la. É assim que estamos trabalhando a inclusão”, conclui.

Uma nova visão de ensino

O projeto reflete o compromisso do Poliedro Colégio em oferecer uma educação conectada à sociedade, com foco na resolução de problemas e no protagonismo estudantil. “Aqui, o aprendizado transcende o conteúdo acadêmico. Os alunos não apenas desenvolvem conhecimento técnico, mas também habilidades para a vida, como liderança, empatia e criatividade. É uma preparação para os desafios do mundo contemporâneo”, afirma Andrea Godinho, coordenadora geral do Poliedro Colégio.

Em agosto, o Games for Life foi finalista do Prêmio Excelência, que reconhece projetos educacionais alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) desenvolvidos em escolas que utilizam o material didático do Poliedro em todo o Brasil, ficando em 2º lugar na categoria Tecnologia. A iniciativa destacou práticas que geraram impacto positivo no processo de ensino-aprendizagem e homenageou profissionais da educação pelo papel na formação de cidadãos críticos, conscientes e comprometidos com a sociedade.

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