OPINIÃO
- Por Abrão Dib
Nos últimos dias – principalmente durante a realização da Reatech, recebi inúmeros apelos, convites, incentivos e até cobranças públicas para ingressar na vida política.
Fico honrado com cada manifestação de confiança, afinal, isso demonstra que meu trabalho em defesa das pessoas com deficiência tem alcançado vidas e construído pontes. No entanto, depois de muita análise, reflexão e conversas sinceras com minha família e meus próprios princípios, chego a uma conclusão firme: não serei candidato.
E não é por falta de vontade de lutar – essa, aliás, move diariamente cada notícia, reportagem e posicionamento que construo no Diário PcD.
O motivo é outro: a política brasileira, da forma como está estruturada, gera divisão justamente entre aqueles que mais precisam estar unidos.
Ao considerar uma possível candidatura, precisei encarar um dilema profundo.
Qual partido escolher?
Qual bandeira partidária representar sem ferir – ou afastar – parte da comunidade que sempre esteve ao meu lado?
A verdade é que a pessoa com deficiência não pode ser fragmentada por ideologias, siglas ou disputas de poder. Nosso movimento só avança quando a voz é coletiva, quando as causas são maiores do que os nomes estampados em santinhos eleitorais.
Infelizmente, a dinâmica política atual tende a separar, classificar e rotular. E eu recuso esse papel.
Não quero ser motivo de afastamento, disputa interna ou desconfiança entre pessoas que lutam pelas mesmas pautas.
Quero ser ponte, não muro.
Prefiro seguir sendo jornalista, comunicador, articulador de causas.
Prefiro trabalhar com independência, sem amarras partidárias, podendo dialogar com todos os lados – direita, centro e esquerda – sempre com o mesmo propósito: garantir direitos, ampliar acessibilidade, dar voz e visibilidade às pessoas com deficiência.
Minha contribuição continuará sendo diária, sólida e transparente, por meio do Diário PcD, da ANAPcD e demais entidades com as quais colaboro e do diálogo permanente com lideranças políticas, independentemente de seus partidos. É assim que acredito que posso fazer mais.
Agradeço imensamente a confiança de todos que me veem como representante e defensor das nossas pautas. Continuarei honrando essa confiança todos os dias – mas fora das urnas.
Porque, antes de qualquer sigla, eu escolho a união.
Antes de qualquer campanha, escolho a causa.
E antes de qualquer cargo, escolho as pessoas com deficiência.
- Abrão Dib é Jornalista, Editor do Diário PcD e está Presidente da ANAPcD – Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência





