OPINIÃO
- * Por Abrão Dib
Manter uma associação legalizada e verdadeiramente representativa no Brasil é um desafio diário.
A ANAPcD nasceu com o propósito de defender os direitos das pessoas com deficiência, sempre obedecendo às normas legais e atuando com responsabilidade social. Porém, nossa trajetória mostra como é árduo manter a regularidade jurídica e administrativa exigida pela lei e, ao mesmo tempo, dar respostas rápidas às necessidades urgentes do nosso segmento.
Uma entidade legalizada deve ter CNPJ, estatuto registrado, assembleias regulares, relatórios de atividades e compromissos públicos com sua base representada.
Isso significa custos, trabalho voluntário e, principalmente, zelo pela legitimidade e compromisso com o segmento.
Entretanto, é preocupante observar que, ao mesmo tempo em que entidades se dedicam a cumprir todas as exigências legais, surgem organizações sem regularidade, sem base estatutária e, muitas vezes, voltadas a interesses particulares.
Essas instituições atuam à margem da lei, não prestam contas à sociedade e ainda se apresentam como representantes das pessoas com deficiência, criando ações e reivindicações que beneficiam muito mais os seus dirigentes do que o coletivo que dizem defender.
Esse quadro não apenas prejudica a imagem do movimento da pessoa com deficiência, mas também enfraquece a luta por direitos.
Afinal, como cobrar do Estado e da sociedade respeito às leis, se parte do nosso próprio campo de atuação insiste em ignorá-las?
A ANAPcD reafirma seu compromisso em não se envolver em práticas político-partidárias que explorem as pessoas com deficiência.
Nossa luta é pela dignidade, pela acessibilidade, pelo cumprimento da Constituição e pelo fortalecimento da cidadania. Cada passo que damos é amparado pela legalidade, pois entendemos que só assim construiremos um movimento respeitado e capaz de gerar transformações concretas.
É hora de toda a sociedade — governos, instituições e a própria comunidade com deficiência — reconhecerem a importância de entidades sérias, que agem de forma transparente e responsável.
Não devemos aceitar que aventureiros falem em nosso nome e, pior, utilizem as dores e os direitos das pessoas com deficiência como moeda de troca para interesses pessoais, comerciais ou político-partidário.
A ANAPcD seguirá firme, mesmo diante de todas as dificuldades estruturais e burocráticas, para ser um espaço legítimo de apoio, representação e luta.
Nossa missão é clara: defender cada pessoa com deficiência no Brasil, com ética, legalidade e coragem.
- * Abrão Dib está presidente da ANAPcD – Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência