Conhecimento é chave para diagnóstico correto e acolhimento de pacientes com TDAH

Conhecimento é chave para diagnóstico correto e acolhimento de pacientes com TDAH

Apesar da crescente popularidade do tema nas redes sociais, ainda há muitos aspectos pouco conhecidos sobre o transtorno

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos temas mais comentados atualmente quando se fala em saúde mental. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), entre 5% e 8% da população mundial tem TDAH. Além disso, estima-se que 70% das crianças com o transtorno apresentam outra condição associada, como ansiedade e dificuldades de aprendizagem, e pelo menos 10% convivem com três ou mais dessas comorbidades1.

O aumento das discussões sobre o tema na internet ajudou a ampliar a visibilidade do transtorno nos últimos anos. O TDAH tem sido destaque em milhares de vídeos curtos nas redes sociais, como Instagram e TikTok, que detalham sintomas e situações cotidianas que podem estar relacionadas à condição2.

“Hoje, há uma maior visibilidade para o transtorno, mas, quando consideramos que muitos dos sintomas podem ser causados por outros motivos, como ansiedade, insônia e stress, esse destaque pode trazer mais preocupações do que respostas, especialmente em crianças e adolescentes”, explicou o psiquiatra Daniel Vasques, médico consultor da Libbs.

O crescente interesse pelo TDAH também fez com que queixas e suspeitas aumentassem dentro dos consultórios3. Mas Vasques ressalta que isso não significa que os casos estejam aumentando, e sim que o diagnóstico está sendo feito com mais frequência e precisão. “Estamos avançando na desconstrução de rótulos que antes impediam muitas pessoas com TDAH de receber diagnóstico e tratamento adequado. Hoje, esse público encontra mais acolhimento e visibilidade tanto nos serviços de saúde quanto nos ambientes educacionais.”

Apesar da popularidade, ainda há muitos aspectos pouco conhecidos sobre o transtorno. O TDAH é um distúrbio do neurodesenvolvimento1, o que significa que está ligado a alterações no funcionamento e na maturação do cérebro. Essas alterações interferem na capacidade de atenção, no controle dos impulsos e na regulação emocional, podendo impactar a vida escolar, social e familiar4.

“Muitos pais chegam ao consultório atentos à ideia de que o TDAH é sinônimo de inquietação e impulsividade, mas o transtorno é muito mais complexo que isso. Existem aspectos menos comentados, como fatores biológicos, genéticos e até ambientais que interferem na forma como ele se manifesta. Conhecer essas nuances ajuda a identificar o problema com mais precisão e evita rótulos equivocados”, afirma o especialista.

O primeiro desafio para o diagnóstico do TDAH é a identificação dos sintomas, que se dividem de acordo com os três tipos de manifestação do transtorno: predominantemente desatento (exemplo: falta de atenção a detalhes, cometer erros por descuido e não terminar tarefas), predominantemente hiperativo-impulsivo (exemplo: agitar pés e mãos, remexer-se constantemente e não conseguir esperar sua vez), e combinado, quando há sintomas simultâneos de desatenção e hiperatividade-impulsividade4.

No entanto, para chegar ao diagnóstico, os sintomas precisam estar presentes por tempo prolongado e em mais de um ambiente, como em casa e no trabalho ou na escola4. “Todo mundo pode se distrair ou ficar agitado em situações de estresse. O que preocupa é quando a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade são intensas, persistentes e trazem prejuízo nas atividades diárias”, acrescenta Vasques.

Por isso, entender o TDAH em suas diferentes dimensões, explica Vasques, é essencial para oferecer o suporte adequado a quem convive com o transtorno: “O cuidado com o TDAH não é sobre corrigir comportamentos, mas sobre criar um ambiente acolhedor e estruturado, que favoreça o bem-estar do paciente”.

Referências

1. Ministério da Saúde. Entre 5% e 8% da população mundial apresenta Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade [Internet]. 2022. [acesso em 27 nov 2025]. Disponível em: Link 
 

2. Yeung A, Ng E, Abi-Jaoude E. TikTok and Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder: A Cross-Sectional Study of Social Media Content Quality. Can J Psychiatry. 2022;67(12):899-906.
 

3. Abdelnour E, Jansen MO, Gold JA. ADHD Diagnostic Trends: Increased Recognition or Overdiagnosis? Mo Med. 2022;119(5):467-473.
 

4. Magnus W, Anilkumar AC, Shaban K. Attention Deficit Hyperactivity Disorder. In: StatPearls [Internet]. 2023. [acesso em 27 nov 2025]. Disponível em: Link 

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