Pesquisa Radar da Inclusão 2025 aponta que 56% das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes inseridas no mercado de trabalho enfrentam barreiras de acessibilidade

Pesquisa Radar da Inclusão 2025 aponta que 56% das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes inseridas no mercado de trabalho enfrentam barreiras de acessibilidade

A pesquisa aponta que 86% já passaram por situações de capacitismo no trabalho; 77% não se sentem totalmente confortáveis para falar sobre saúde mental com RH ou liderança e 67% das pessoas nunca foram promovidas e a maioria tem mais de três anos de empresa.

Embora o Brasil tenha registrado um aumento no percentual de empresas que estão cumprindo as cotas de contratação de pessoas com deficiência – de 49% para 54% entre janeiro e outubro deste ano (segundo dados de emprego e fiscalizações – MTE/eSocial), a nova edição da pesquisa “Radar da Inclusão 2025: empregabilidade de Pessoas com Deficiência e/ou Neurodivergentes”, encomendada pela Talento Incluir e Pacto Global da ONU – Rede Brasilao Instituto Locomotiva, foi apresentada às lideranças de várias empresas na sede da B3 (SP) e evidencia que o avanço quantitativo das contratações não se traduz em qualidade e nas condições de trabalho e revela um dado alarmante: 56% dos profissionais com deficiência e/ou neurodivergentes ocupados já vivenciaram falta de acessibilidade que prejudicou seu desempenho e bem-estar no ambiente de trabalho.

Entre essas experiências, 41% já desistiram de ir a algum lugar por dificuldade de se locomover pela cidade; 34% deixaram de buscar emprego ou formação por preverem desafios de mobilidade ou acesso e 26% perderam compromissos profissionais por barreiras de acessibilidade no trajeto. Essas situações não apenas dificultam a vida profissional, mas limitam escolhas, trajetórias e autonomia.

A pesquisa aponta também que os efeitos das barreiras vão além da arquitetônica: 36% se atrasaram por problemas de acessibilidade no trajeto, situações que nada têm a ver com sua competência, mas com a ausência de condições adequadas de mobilidade. Além disso, 37% afirmam ter se sentido tristes ou deprimidos após enfrentar problemas de acessibilidade no trajeto diário.

“Esse sentimento tem nome: é fadiga de acesso. A falta de acessibilidade culpabiliza a pessoa com deficiência e/ou neurodivergente. A falta de acessibilidade nos cansa e nos atrasa e a culpa do atraso ainda é nossa. Esses dados expõem o desafio da inclusão na busca por transformar o trabalho não-digno que vivenciamos, tema que permanece à margem de grande parte das discussões sobre diversidade no Brasil”, reforça a CEO da Talento Incluir, Carolina Ignarra.

Capacitismo

A nova edição da pesquisa mostra a persistência do capacitismo no mercado de trabalho, já apontado na versão anterior. Entre as pessoas com deficiência e ou neurodivergentes inseridas no mercado de trabalho, a maioria (86%) afirma já ter enfrentado situações de capacitismo, sendo que:

  • 74% ouviram comentários capacitistas;
  • 60% sofreram preconceito, discriminação ou capacitismo de um superior;
  • 57% sofreram preconceito, discriminação ou capacitismo de colegas de equipe;
  • 51% foram desqualificadas no trabalho por ter alguma deficiência;
  • 50% sofreram preconceito, discriminação ou capacitismo por uma pessoa de outra área;
  • 48% deixaram de ser promovidas por ter alguma deficiência;
  • 27% sofreram discriminação ou capacitismo por parte de cliente, fornecedores e/ou parceiros.

Entre quem já viveu alguma situação de capacitismo, 77% passaram por isso enquanto estavam empregadas, mas apenas 23% relataram o caso à empresa. Entre os que denunciaram, 78% afirmam que não se sentiram totalmente acolhidos. Já entre aqueles que não comunicaram a ocorrência, o principal motivo foi o medo de demissão ou retaliações.

Carreiras estagnadas: falta de equidade e crescimento

A maioria das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes respondentes empregadas (66%) acredita que as oportunidades oferecidas pelas empresas não são equânimes. As principais barreiras apontadas para seu desenvolvimento profissional são: ausência de programas de mentoria ou desenvolvimento específicos para PcD (49%), vieses cognitivos (40%) e falta de comunicação explícita das oportunidades disponíveis (40%). Mais da metade dos participantes inseridos no mercado de trabalho (67%) declararam nunca ter recebido promoção no emprego atual. Em relação à edição 2024 da pesquisa, esse índice subiu de 63% para os atuais 67%. O dado contrasta com o tempo de casa: 41% dos empregados têm mais de três anos na mesma empresa. Apenas 19% receberam uma promoção e 14% tiveram duas ou mais.


“Os dados mostram que precisamos ir além da inclusão baseada apenas na contratação. Para avançarmos na Agenda 2030, é fundamental investir na valorização e na permanência das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. As empresas devem se aprofundar nas potencialidades de cada profissional e reconhecer o quanto equipes diversas impulsionam inovação, resultados e a transformação necessária para que nenhum grupo fique para trás.”, comenta Verônica Vassalo, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Pacto Global da ONU-Rede Brasil


Saúde Mental


Falar sobre a própria saúde mentalcom lideranças e profissionais do RH ainda é um tabu para a maioria das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes inserida no mercado de trabalho, já que 77% não se sentem totalmente à vontade para conversar sobre o tema com o RH da empresa ou com a liderança.

Do total de respondentes empregados, metade afirma que suas empresas oferecem treinamento ou programa voltado à saúde mental para pessoas com deficiência. Mesmo nas empresas onde há treinamento ou programa, a maioria (57%) aponta que esses programas não são totalmente adequados ou acessíveis.

A pesquisa

A 2ª edição do Radar da Inclusão foi realizada entre 5/9 e 19/10, em âmbito nacional, com 1.765 participantes que se declararam pessoas com deficiência e/ou neurodivergência, todas com 18 anos ou mais. Mais da metade das pessoas participantes (55%) estavam inseridas no mercado de trabalho no momento da pesquisa e 29% em busca de recolocação.

“Os dados mostram que o ambiente de trabalho ainda não está preparado para garantir inclusão com dignidade. A inserção profissional não pode ser medida apenas por números de contratação, mas por condições reais de permanência, acolhimento e desenvolvimento das pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes”, destaca a CEO da Talento Incluir, Carolina Ignarra.

Natura, Grupo Boticário e Banco Itaú: referências construídas com práticas reais

Durante o debate, muito se discutiu sobre a responsabilidade das empresas em transformar o cenário apontado pelo Radar. As três organizações mais mencionadas pelos participantes da pesquisa: Natura, Grupo Boticário e Banco Itaú, foram reconhecidas por ações estruturadas que envolvem:

  • Programas contínuos de acessibilidade e adaptações razoáveis;
  • Políticas claras de combate ao capacitismo;
  • Investimento em formação e desenvolvimento de pessoas com deficiência;
  • Fortalecimento do pertencimento e da cultura inclusiva.

“A recorrência dessas empresas nas respostas dos participantes demonstra que boas práticas são percebidas quando vão além da comunicação institucional, quando realmente impactam a jornada profissional, de pessoas com deficiência e/ou neurodivergentes dentro das organizações”, conclui Verônica Vassalo, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

“Os dados mostram que o ambiente de trabalho ainda não está preparado. São as práticas transformadoras, como as dessas três empresas, que precisam se tornar regra, não exceção. O reconhecimento não é um prêmio simbólico. É um chamado para que o setor privado entenda que a inclusão não se faz apenas com contratação, mas com permanência, promoção e dignidade”, destaca Carolina Ignarra, da Talento Incluir.

Sobre a Talento Incluir

A Talento Incluir, empresa com atuação pioneira em Consultoria, Letramento, Empregabilidade e Capacitação das pessoas com deficiência, já inseriu no mercado de trabalho mais de 9 mil profissionais com deficiência. Fundada em 2008, sua missão é trazer dignidade para pessoas com deficiência por meio da empregabilidade. Em toda a sua trajetória, aplicou Programas de Inclusão 360º para formar e fortalecer a cultura de inclusão em mais de 650 empresas de diversos setores em todo Brasil, como Mercado Livre, Renner, Mondelez, Siemens Energy, Siemens Healthineers, Organizações Globo, Sephora, Loreal, AstraZeneca, GRU Airport, Eurofarma entre outras. Para mais informações, acesse: Talento Incluir (site)

Sobre o Pacto Global da ONU 

Como uma iniciativa especial do Secretário-Geral da ONU, o Pacto Global das Nações Unidas é uma convocação para que as empresas de todo o mundo alinhem suas operações e estratégias a dez princípios universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Lançado em 2000, o Pacto Global orienta e apoia a comunidade empresarial global no avanço das metas e valores da ONU por meio de práticas corporativas responsáveis. Tem mais de 20 mil participantes distribuídos em 65 redes que cobrem 85 países, sendo a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo. Há ainda 5 Hubs em diferentes regiões do mundo e mais 9 gerentes regionais responsáveis pelo processo de implementação em mais 16 países. Para mais informações, siga @globalcompact nas mídias sociais e visite nosso website clique aqui.


O Pacto Global da ONU– Rede Brasil foi criado em 2003 e, hoje, é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 2.000 mil participantes. Os mais de 60 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água, Oceano, Resíduos, Agricultura, Florestas, Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação. Para mais informações, siga @pactoglobalonubr nas mídias sociais e visite nosso website clique aqui

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