Plataforma qualifica instituições para atuação especializada junto apessoas neurodivergentes e atípicas

Plataforma qualifica instituições para atuação especializada junto apessoas neurodivergentes e atípicas

Censo Escolar 2024 aponta que apenas uma em três escolas de educação básica conta com Atendimento Educacional Especializado, que contempla estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades ou superdotação

A inclusão e desenvolvimento de pessoas neurodivergentes e com outras atipias é um dos principais desafios da educação brasileira. Além de políticas que garantam avanços desses alunos, há formação insuficiente para implementar as medidas necessárias e falta de recursos nas instituições. Com o objetivo de contribuir para a mudança desta realidade, está sendo lançada a ÍmPares, empresa dedicada a fortalecer instituições de ensino em todo o país a partir da capacitação e qualificação dos seus profissionais, buscando prepará-los para promover o desenvolvimento integral e inclusivo desses estudantes e dar suporte às suas famílias.
 

O número de matrículas de alunos com transtorno do espectro autista, por exemplo, aumentou 44,4% na educação básica em 2024 em relação ao ano anterior, conforme dados do Censo Escolar 2024. Isso significa um salto de 636.202 para 918.877 crianças – crescimento significativo e importante, que ainda não é acompanhado pela oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Dados do Ministério da Educação mostram que apenas uma em cada três escolas no Brasil conta com espaços e profissionais dedicados para prestar este suporte.
 

A partir da proposta de uma plataforma online com trilhas de formação e conteúdos multidisciplinares, a ÍmPares atua desde o entendimento das atipias até o papel da escola na inclusão, na construção e no desenvolvimento integral do aluno. Além disso, os módulos de estudo também contemplam o bem-estar e a saúde emocional dos profissionais que trabalham nas instituições educacionais e a promoção de um ambiente de acolhimento para as famílias.
 

A ÍmPares tem como sócios-fundadores a presidente do Instituto Melnick e ortodontista, Camila Melnick, a advogada e educadora Caroline Turri e o CTO e especialista em tecnologia André Borba, que reforçam que a legislação caminha no sentido de assegurar os direitos dessas pessoas, mas, na prática, há muitas lacunas a serem preenchidas. “Nosso objetivo vai além do aprendizado. Queremos que instituições e profissionais evoluam e se fortaleçam. São mais de 2,1 milhões de estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista, altas habilidades ou superdotação hoje nas escolas, e sabemos dos desafios para incluí-los e para adaptar os processos de ensino-aprendizagem neste contexto”, afirma Camila.
 

“Temos o propósito de fortalecer instituições, disseminar conhecimento e inspirar práticas que promovam pertencimento e oportunidades reais de desenvolvimento a partir de espaços que reconhecem singularidades e ampliam o potencial humano”, explica Caroline.
 

A iniciativa vem em um momento de necessária adaptação das instituições educacionais no Brasil ao Decreto nº 12.773, de 8 de dezembro de 2025 que trata da Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e altera o Decreto nº 12.686, de 20 de outubro de 2025. Entre outras medidas, há previsão de formação específica de professores com carga horária mínima de 360 horas e de profissionais do ambiente escolar, com carga horária mínima de 180 horas.

Iniciativa conta com profissionais de referência no setor
 

Cada trilha de formação da ÍmPares conta com responsáveis técnicos especializados, referências nas suas respectivas áreas – psicologia, pedagogia, nutrição, terapia ocupacional, psiquiatria, neurologia, genética, pediatria –, que garantem a excelência e a confiabilidade dos conteúdos oferecidos. “Além disso, asseguram que cada módulo seja construído com rigor científico, alinhado às práticas mais atuais de abordagem pedagógica e manejo das atipias”, reforça Camila.
 

Entre os profissionais estão a pediatra especialista em neurologia infantil, PHD em Neurociências pela PUCRS/UCLA e gestora médica da ONG Colo de Mãe, Marta Hemb; o psicanalista, pediatra e professor de psicanálise e pediatria Paulo Luis Rosa Sousa; a psicóloga, psicanalista e doutora em Ciências Médicas pela UFRGS Júlia Schneider Protas; a pedagoga e especialista em Neuropsicopedagogia Tamires Roos; o terapeuta ocupacional com certificação internacional em Integração Sensorial de Ayres Filipe Geyer; a nutricionista e doutora em Ciências Médicas Anize von Frankenberg; a terapeuta ocupacional e especialista em psicomotricidade Ester Milman Chrempach; e a psicóloga clínica e especialista em transtornos do desenvolvimento Luciana Azevedo.

Projetos-piloto mostram a relevância da plataforma
 

A empresa inicia suas atividades com projetos-piloto gratuitos, que começam a ser implementados até o dia 15 de dezembro em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul. A expectativa é ampliar a atuação da ÍmPares, beneficiando indivíduos neurodivergentes e com outras atipias de instituições de ensino e famílias em todo o país.
 

“Pilotamos algumas de nossas aulas em escolas públicas e privadas, a fim de mostrar o quão relevante é envolver professores, monitores, auxiliares e todos os profissionais do ambiente educacional neste processo de formação e também validar com esses públicos a nossa proposta de formato e conteúdo”, explica André Borba.

Em Porto Alegre, participam do projeto os Colégios Farroupilha, Israelita e Despertar, e em Eldorado do Sul, as escolas públicas estadual Professor Américo Braga e municipal La Hire Guerra.
 

Para as famílias de pessoas neurodivergentes e com outras atipias, a proposta é de acolhimento e desenvolvimento, com trilhas que estimulam, também, a troca de experiências como mais um impulso à transformação. “O apoio de quem está na mesma condição é um diferencial no progresso dos indivíduos e no entendimento das próprias famílias, é transformador”, declara Borba.

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