O trabalho de Acessibilidade na ICM (Igreja Cristã Maranata) começou em 1997, com acolhimento aos surdos, ajudando-os no entendimento da Palavra de Deus. Ao longo dos anos, estendeu-se as outras deficiências, transtornos e condições que pudessem de alguma forma dificultar o acesso ao entendimento doutrinário bíblico. E, por isto, foram desenvolvidas ações para atender esta demanda, sempre com o objetivo de facilitar o acesso à Palavra de Deus e à salvação.
Comprometida com a criação de um ambiente acolhedor para todos, a Igreja Cristã Maranata realizou, no último sábado 20, no Espírito Santo, seu “Seminário de Acessibilidade”. O evento é parte de um esforço contínuo da igreja para capacitar seus membros na integração e atendimento das necessidades de pessoas com deficiência, reforçando a missão de promover a inclusão em sua comunidade.
Sediado na cidade de Domingos Martins, a cerca de 50 quilômetros da capital capixaba, o seminário atraiu 7 mil participantes, incluindo pastores, diáconos, professores, intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, guias intérpretes, audiodescritores e e voluntários da comunidade, bem como pessoas com deficiência e seus familiares.
Além disso, o evento foi transmitido ao vivo nas redes sociais oficiais e canais de televisão da igreja, acumulando centenas de milhares de visualizações apenas no YouTube. Embora esta tenha sido a primeira edição do seminário em âmbito nacional, ele já foi realizado regionalmente em outras cidades brasileiras, como Curitiba, Recife, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro.
O pastor Lucimar Bizio, que acumula as funções de professor de Português e Libras, é um dos principais coordenadores do programa de acessibilidade da ICM. Com pós-doutorado em Educação Especial e várias especializações em educação inclusiva, Bizio desempenha um papel-chave na seleção dos temas abordados no seminário, além de oferecer suporte e ministrar aulas.
Ele descreve o seminário como um espaço para reflexão e troca de experiências sobre acessibilidade vividas nas congregações. “Os temas são escolhidos com base em questões urgentes na nossa sociedade, refletindo o compromisso social da igreja em prestestar auxílio”, explica ele. As discussões incluem o acolhimento das famílias de pessoas com deficiência, questões relacionadas ao autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), deficiência visual, surdez, surdocegueira e os desafios enfrentados pelos idosos. Diversas atividades de conscientização e capacitação aconteceram ao longo do evento, como palestras ministradas por especialistas da área, painéis de discussão, aulas expositivas e trocas de experiências capitaneadas por membros da igreja que possuem deficiência. Também foram montados estandes com materiais em 3D, como tecnologia assistiva para proporcionar interação e possibilidades de acolhimento na igreja.
“A pessoa com necessidade de acessibilidade não está só. Muitas vezes é acompanhada por uma mãe que enfrentou inúmeras rejeições – seja na saúde, seja na escola ou até mesmo dentro de sua própria família – e que busca refúgio em nossa comunidade”, explica o pastor Bizio.
Leonice Rocha, membro da Igreja Cristã Maranata há 27 anos, doutora em Ciência da Educação e especialista em tecnologias assistivas para autismo, também participou do seminário realizado no último sábado. Além de ajudar na organização do evento, ela ministrou uma palestra sobre as deficiências no contexto familiar, compartilhando seus conhecimentos e experiências em acessibilidade. Leonice enfatizou que o seminário ofereceu não apenas teorias, mas também ferramentas práticas para promover a acessibilidade em diversos ambientes, visando a inclusão nas igrejas locais. Como secretária-geral do Trabalho de Acessibilidade da Igreja, ela destacou que, embora o evento seja primariamente destinado aos membros e fiéis da ICM, a participação não é restritiva, abrindo espaço para pessoas externas. “É crucial disseminar o conhecimento sobre acessibilidade para além dos limites de nossa comunidade”, explicou. O pastor Bizio acrescenta: “Desde o pastor até cada membro, todos necessitam de formação e orientação para acolher adequadamente alguém na igreja, garantindo que esta pessoa possa permanecer feliz e superar os desafios que muitas vezes a deficiência impõe”.
A acessibilidade também foi a tônica da participação de Maria Amim, médica neurologista infantil e integrante dos grupos de intercessão e de acessibilidade da ICM. Veterana dos seminários desde 2014, ela liderou discussões sobre acolhimento familiar e TDAH e celebrou o impacto do voluntariado na igreja. “Praticamos o ensinamento bíblico de que todos são bem-vindos à Casa do Senhor, sem distinção.” Ecoando esta mensagem, a psiquiatra Ana Peixoto sublinhou a necessidade urgente de encarar e combater a rejeição e a discriminação. “A igreja tem sido um canal para que esses indivíduos acessem os ensinamentos divinos, considerando suas necessidades únicas”, defende. Já o médico oncologista clínico Aaron Froede Santos, que também é pastor e responsável pelos grupos de acessibilidade a idosos e a crianças e adultos com altas habilidades, liderou uma conversa sobre acessibilidade para idosos. Ele celebrou a inclusão de voluntários, inclusive cegos, surdos e surdo-cegos. “Ver a dedicação de centenas de irmãos e a alegria deles em contribuir foi emocionante. Foi um dia especial para todos nós”, conclui.
Por sua vez, novamente com uma pitada de emoção, o pastor Bizio sintetizou o espírito do evento: “Não há alegria maior que essa, ver o ser humano ser respeitado, sentindo-se amado, sem barreiras… Todos iguais diante de Deus e dos homens”.
Fonte: https://www.cartacapital.com.br/
Informações em https://acessibilidadeicm.org.br/
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