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  • dom. jan 12th, 2025

Dia do Deficiente Visual: como promover uma visitação acessível e inclusiva nos parques?

Dia do Deficiente Visual: como promover uma visitação acessível e inclusiva nos parques?

Mais de 6,5 milhões de pessoas possuem deficiência visual severa – unidades de conservação oferecem desde trilhas suspensas até cadeiras adaptadas para a prática de montanhismo

No Brasil, o Dia do Deficiente Visual, celebrado em 13 de dezembro, destaca a importância de assegurar direitos e oportunidades para as pessoas com limitações visuais, sejam elas cegas ou com baixa visão.

Mais do que apenas sensibilizar a sociedade sobre as dificuldades enfrentadas, a data reforça a necessidade de promover a inclusão e a acessibilidade, abordando questões essenciais como educação inclusiva, acessibilidade urbana, direitos humanos e autonomia.

Os parques e unidades de conservação (UCs) promovem uma conexão profunda com a natureza, e estar imerso nesse ambiente traz benefícios comprovados cientificamente para todas as pessoas. Para que todos tenham a oportunidade de viver essas experiências, é preciso eliminar as barreiras de acessos – até mesmo nas áreas verdes.


Segundo o IBGE, o Brasil possui mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual severa, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. Essa realidade torna ainda mais desafiadora a tarefa de tornar as atividades em unidades de conservação acessíveis a todos – mas não é impossível.

Como é a acessibilidade em parques naturais? Será que estes benefícios estão ao alcance de toda a população?


“A relação com ambientes naturais está comumente associada a desafios físicos, como caminhadas, subidas de montanhas e observação do ambiente silvestre. Mas é importante saber que é perfeitamente possível que uma parcela cada vez maior da população esteja incluída e tenha acesso aos parques naturais do Brasil”, destaca Renata Mendes, diretora executiva do Instituto Semeia.

As trilhas sensoriais, por exemplo, podem ser feitas em praticamente qualquer ambiente natural, aproveitando os caminhos, a flora e a fauna do local. O ideal é passar por caminhos que ofereçam texturas, aromas e sensações distintas para quem participa da atividade. “É um trajeto em que o toque em árvore, o cheiro das plantas e a brisa do vento trazem percepções únicas em meio ao ambiente natural.

Essa atividade torna mais acessível o espaço para pessoas idosas, crianças, deficientes visuais e pessoas com deficiência auditiva”, comenta.

Na caminhada interpretativa a ideia principal é estimular o cérebro ao mesmo tempo em que se vivencia o ambiente natural. Existem diversas formas de se propor esta interpretação do ambiente. Uma delas é olhar um parque natural e o entorno dele buscando compreender as interações humanas com o ambiente, os aspectos visíveis da conservação de um ambiente natural, as diferenças nos sons e também o que não se percebe tão facilmente. Outra maneira é estar em um local específico no parque e encontrar pontos de informação sobre os elementos: árvores, sons de pássaros, tipo de solo, plantas, flores, águas e o que mais tiver no local – e estimular a conversa e as percepções sobre eles.


“As caminhadas interpretativas, por meio de recursos sensoriais como som e
descrição detalhada, são uma forma eficaz de aproximar as pessoas dos parques
naturais e de valorizar a interação delas com atividades ao ar livre, especialmente
para pessoas com deficiência visual”, reforça Mendes.


Pensando na inclusão de pessoas com deficiência, confira 4 unidades de
conservação no Brasil que oferecem infraestrutura adaptada e atividades
acessíveis:


Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO) – O parque dispõe de um
serviço de transporte interno, facilitando o acesso de idosos e pessoas com
mobilidade reduzida a um dos principais atrativos da unidade, as Corredeiras. O
trecho também conta com banheiro seco e ponto de venda de alimentos.
Outra opção do parque é a Julietti, cadeira de rodas adaptada desenvolvida para a
prática de montanhismo e que permite o acesso a diversas trilhas.


Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ) – Com trilha suspensa – caminho que
permite a passagem de cadeira de rodas e também facilita o acesso para pessoas
com outras dificuldades de locomoção – em meio à floresta, proporciona ao visitante
uma experiência ímpar de imersão na floresta. O passeio permite contato com
espécies da flora e da fauna, além de uma visão mais ampla da área, o que é
especialmente interessante para pessoas com deficiência física, que geralmente
têm seu deslocamento limitado em regiões de mata.


Parque Nacional do Itatiaia (RJ/MG) – Desde 2017, conta com um bosque
sensorial, com duas pequenas trilhas, sendo uma delas percorrida de pés
descalços, olhos fechados ou vendados, ao passo que a outra oferece
acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, inclusive idosos. Ambos os
percursos permitem, de maneira independente e segura, explorar o sistema
sensorial humano por meio da percepção de cores, formas, texturas, odores e sons.

Parque Nacional da Tijuca (RJ) – Possui uma trilha adaptada para permitir que
pessoas com deficiência possam vivenciar a floresta tropical. Conhecida como
“Caminho Dom Pedro Augusto”, ela liga duas construções históricas, o “Barracão” e
o restaurante “Os Esquilos”. O caminho proporciona contato direto com a floresta, e
conta com um cabo guia para deficientes visuais, que passa bem próximo de
elementos naturais, proporcionando experiências táteis e olfativas com troncos e
folhas, por exemplo.


Embora a acessibilidade em parques nacionais e unidades de conservação seja um
tema desafiador, existem iniciativas bem-sucedidas que apontam para um horizonte
promissor. “A verdadeira inclusão só será alcançada quando todas as pessoas, em
todos os espaços, forem contempladas, incluindo os parques e áreas protegidas.
Por isso, é essencial promover boas práticas de inclusão e repensar a
acessibilidade nesses locais”, Renata Mendes finaliza.

Sobre o Instituto Semeia
O Instituto Semeia é uma organização filantrópica, sem fins lucrativos, que trabalha
para potencializar o desenvolvimento socioeconômico sustentável de parques e
unidades de conservação brasileiras. Desde sua fundação, em 2011, o Semeia
apoia governos na concepção e implementação de projetos de parcerias em
parques, e promove diálogos entre governos, sociedade, iniciativa privada e
entidades do terceiro setor para a viabilização dessas parcerias.

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