Pesquisa aponta que 6 em cada 10 brasileiros acreditam que o fato de ser PcD ou neurodivergente impacta negativamente nas chances de entregar um bom trabalho
A inclusão de pessoas com deficiência (PcD’s) e neurodivergentes no mercado de trabalho continua sendo um grande desafio, mesmo entre aquelas com formação superior. Uma pesquisa da “Talento Incluir” revelou que seis em cada dez brasileiros acreditam que o fato de ser PcD ou neurodivergente impacta negativamente as chances de um profissional entregar um bom trabalho.
A acessibilidade precisa ir para além das rampas e dos pisos táteis. Ela deve ser um mecanismo de integração e pertencimento. Diversos setores da sociedade precisam caminhar juntos para garantir que as pessoas com deficiência possam exercer plenamente seus direitos.
No campo educacional, apesar dos avanços, as oportunidades ainda são desiguais. Nos últimos dez anos, o número de PcD’s ingressando no ensino superior triplicou, passando de 10.435 estudantes, em 2013, para 39.146, em 2023. Esse crescimento reflete os efeitos da Lei de Cotas, em vigor desde 2016, que reserva vagas em universidades públicas para pessoas com deficiência, com base na proporção apontada pelo Censo do IBGE. Apesar disso, a disparidade ainda é grande: apenas 7% das pessoas com deficiência têm nível superior, contra 20,9% entre aquelas sem deficiência.
Para Rodrigo Bouyer, o aumento da presença de estudantes com deficiência nas universidades tem potencial para transformar esse cenário. “Acredito que vai além de “apenas” tornar mais visível. Acredito que “normaliza” a presença desta diversidade e, consequentemente, expõe as necessidades de melhorias e adaptações e, assim, torna o ambiente universitário cada vez mais naturalmente inclusivo”.
No mercado de trabalho, os desafios são ainda mais acentuados. Oito em cada dez PcD’s ou neurodivergentes já se sentiram prejudicados em processos seletivos ou no ambiente corporativo por conta de sua condição. Segundo a mesma pesquisa, 64% relataram já ter sofrido preconceito, discriminação ou capacitismo por parte de um superior, e 62% por parte de colegas de trabalho.
Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do projeto Oldiversity, as empresas precisam assumir um papel mais ativo e responsável. “As organizações precisam ser mais conscientes, comprometidas e envolver-se de forma significativa com a diversidade. A autenticidade e a responsabilidade social serão cada vez mais exigidas pela sociedade. A inclusão real e significativa dos públicos da diversidade no ambiente de trabalho e nas campanhas publicitárias vai muito além do marketing; trata-se de um compromisso genuíno com a igualdade”, defende.
Muitas empresas ainda não estão preparadas para acolher um colaborador com deficiência. A ausência de políticas claras de inclusão dificulta a adaptação e a integração, tanto para os PcDs quanto para as equipes. Ter autorização da chefia para poder trabalhar de casa pode ser fundamental para alguns trabalhadores e trabalhadoras que já disponham de mesas, cadeiras, softwares ou outros itens que auxiliem no cumprimento de suas tarefas. Isso porque muitas vezes tais indivíduos não têm o básico no local de trabalho.
Enquanto a conscientização vem acontecendo aos poucos, pcds estudem muito e façam concursos pelas cotas!
Os órgãos do governo parece que estão se adequando mais rapidamente às pcds , por força de lei.