OPINIÃO
- * Por Jairo Varella Bianeck
Tem barreira que a gente enxerga — um degrau sem rampa, uma calçada quebrada, um ônibus sem elevador.
Mas tem outra, mais invisível, que machuca do mesmo jeito: a barreira atitudinal.
Ela aparece quando alguém:
Fala com o acompanhante, mas não com a pessoa com deficiência.
Diz “nossa, parabéns, você é um exemplo!” só porque o outro vive sua vida.
Acha que uma pessoa surda “não entende bem”.
Evita contratar um autista por “não saber lidar”.
Chama de “coitadinho”, “preso numa cadeira de rodas” ou “portador de deficiência” — palavras que ferem, mesmo sem intenção.
Tudo isso é barreira atitudinal: um muro de preconceito e desconhecimento que separa pessoas.
E o pior é que ele não está nas calçadas, está nas cabeças e nos corações.
A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015, art. 3º, IV, “e”) explica bonito e direto:
“Barreiras atitudinais são atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas.”
Na prática
Ser acessível é mudar a postura, não só o espaço.
É escutar, respeitar o tempo e a voz de cada pessoa.
É entender que acessibilidade começa com atitude — um sorriso, uma pergunta gentil, um “como posso te ajudar?”.
É tratar com igualdade, e não com piedade.
Em bom português
Barreira atitudinal é o preconceito que ainda mora nas atitudes.
E a melhor rampa para superá-la é o respeito.
Checklist do coração
Antes de agir, pergunte-se:
Estou olhando a pessoa ou a deficiência?
Estou incluindo ou só “tolerando”?
Estou ouvindo com atenção ou só fingindo escutar?
Cada resposta sincera é um tijolinho a menos nesse muro.
- Jairo Varella Bianeck é Advogado, Militante do campo progressista e Defensor dos direitos das pessoas com deficiência