Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública global, a hipertensão arterial é uma doença que acomete mais de 32% da população adulta brasileira, ou o equivalente a 36 milhões de indivíduos, segundo o Ministério da Saúde. Costumeiramente associada ao público adulto e idoso, a condição não se limita apenas a esses grupos. Cada vez mais, crianças e adolescentes têm apresentado alteração na pressão arterial. No Brasil, estima-se que a prevalência de hipertensos na faixa etária pediátrica varie de 3% a 15%.
Diante do cenário preocupante, o Pequeno Príncipe, maior hospital pediátrico do país, chama atenção de pais e responsáveis para o assunto Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hipertensão Arterial, celebrado nesta quarta-feira (26/4).
Conhecida como “mal silencioso” por sua natureza assintomática, a hipertensão arterial deve ser monitorada desde a infância. O diagnóstico e a intervenção precoces são fatores importantes para evitar maiores danos na vida adulta. Por isso, a atuação do pediatra é essencial. “A recomendação é medir a pressão arterial, pelo menos uma vez por ano, em crianças maiores de 3 anos e, em todas as consultas, em crianças com sobrepeso ou obesidade”, explica a nefrologista pediátrica Lucimary Sylvestre, que coordena o Ambulatório de Hipertensão Arterial do Hospital.
Ainda segundo a especialista, durante o diagnóstico, procura-se uma causa, investigando-se dados da história do paciente e realizando exame físico e complementares. A hipertensão essencial, também chamada de hipertensão primária, é aquela que surge sem causa esclarecida e tem como principais fatores de risco o sedentarismo, os maus hábitos alimentares e o sobrepeso ou obesidade, enquanto a hipertensão secundária costuma estar associada a doenças cardíacas congênitas, problemas renais, pulmonares, prematuridade ou medicamentos capazes de aumentar a pressão arterial, como corticoides.
A maioria dos casos de hipertensão é assintomática, mas os pais podem ficar atentos a sintomas persistentes como dor de cabeça — o mais frequente –, maior irritabilidade ou sono agitado. A médica ressalta também que, muitas vezes, não é possível determinar se a doença vai estender-se até a vida adulta.
Em alguns casos de hipertensão secundária, a cura acontece com o combate do agente responsável, seja tratando a doença causadora ou interrompendo o uso do medicamento que gera o aumento da pressão arterial. Já nos casos de hipertensão primária, é necessária uma mudança no estilo de vida, incluindo em sua rotina atividades físicas, alimentação balanceada, redução da ingestão de sódio e maior ingestão de potássio. “Mas em ambas as situações é fundamental fazer o acompanhamento médico regular e o tratamento adequado”, reforça a nefrologista.
Ela destaca que para a hipertensão poder ser tratada adequadamente é importante ocorrer o diagnóstico precoce e a introdução imediata do tratamento. “Um dos focos do trabalho na pediatria é a prevenção de problemas futuros. Se a criança já tem hipertensão, a conduta do médico deve ser no sentido de evitar problemas futuros nos órgãos-alvo dessa doença, que muitas vezes é crônica e pode se estender por toda a vida”, realça.