O nome de Fábio Porchat permanece entre os assuntos mais comentados no Twitter nesta quarta-feira (17). Após o Tribunal de Justiça de São Paulo retirar o especial de comédia de Leo Lins do YouTube, onde ele faz piadas com pessoas idosas e com deficiências, de cunho religioso, escravidão e minorias, o apresentador foi às redes sociais e disse que o caso é inaceitável. “Não gosta de uma piada? Não consuma essa piada. Se a piada não incitou o ódio e a violência ela é só uma piada. Tem piada de todos os tipos, de pum e de trocadilho, ácida e bobinha. Tem piada de mau gosto? Tem também. Tem piada agressiva? Opa. Mas aí é só não assistir”, escreveu.
O racismo recreativo não está presente apenas na internet e, como uma das ferramentas do racismo estrutural, esteve presente em todas as facetas da nossa sociedade, seja por meio de piadas cotidianas, programas de televisão, filmes, séries e outros. Um programa brasileiro de grande sucesso na televisão brasileira nos anos 80 foi Os Trapalhões, que tinha um de seus personagens centrais do quarteto o humorista Mussum, um alcoólatra que fazia piadas sobre sua condição de homem negro.
O humor racista é uma estratégia para manter as estruturas raciais de privilégio branco ao reproduzir sátiras que perpetuam violências contra a população negra, destaca o especialista em ética, diversidade, equidade e inclusão, Deives Rezende Filho. As piadas expressam diversos estereótipos negativos da população negra, fomentando a ideia de que as mesmas não podem ter respeito social.
“Pense quantas vezes já aconteceram ‘piadas’ nesse teor no seu grupo de colegas de trabalho, de amigos e até mesmo de familiares. E também em quantas vezes você, aliado ou aliada antirracista, se posicionou. É importante que, após entender este conceito, sejamos pessoas ativas no enfrentamento deste tipo de comportamento racista”, afirma Rezende, que também é CEO e fundador da Condurú Consultoria.