OPINIÃO – Eu só cuido de mim quando cuido do outro!

  • * Por André Naves

Vivemos em uma época de extraordinário avanço tecnológico, em que a inteligência artificial vem se desenvolvendo rapidamente. No entanto, frequentemente esse progresso tem sido mal interpretado, resultando em uma competição desenfreada e no declínio do tempo de ócio criativo.
 

Infelizmente, tais consequências têm afetado negativamente nossa saúde emocional. Por outro lado, o autocuidado, que deveria ser uma prática enriquecedora, tornou-se uma mercadoria que amplia o individualismo, minando os laços sociais e a identidade pessoal.
 

A individualidade é uma parte intrínseca de cada ser humano. Ela representa nossa essência, nossa identidade e personalidade. No entanto, quando essa individualidade é infectada pelo vírus do egoísmo, surge o individualismo, que nos desconecta dos outros e nos conduz à solidão e a problemas emocionais profundos.
 

Qual é a melhor vacina para combater esse mal que tem assolado a humanidade neste século? É a Alteridade, uma palavra que expressa a capacidade de enxergar com a alma os dramas e as alegrias alheias. A alteridade nos permite nos enriquecer com a essência do outro, compreender sua perspectiva e experiência de vida. É por meio dessa visão empática que somos capazes de transformar a nós mesmos, desenvolvendo sensibilidade e aprendendo a unir emoção e razão.
 

Ao olhar para o outro e enxergar sua singularidade, ampliamos nossa própria compreensão e vivência do mundo. Cada interação com o próximo nos oferece uma oportunidade valiosa de crescimento pessoal. Através da alteridade, aprendemos a valorizar as diversas capacidades que nos tornam humanos, reconhecendo a riqueza de nossa pluralidade.
 

Cuidar do outro não é apenas um ato altruísta, mas uma forma de cuidar de nós mesmos. Ao estendermos a mão ao próximo, fortalecemos os laços humanos que nos mantêm conectados e, assim, encontramos um senso de pertencimento. É no encontro com o outro que descobrimos nossa própria humanidade e o poder transformador que a empatia exerce em nossas vidas.
 

Portanto, em meio a esse admirável desenvolvimento tecnológico, é essencial não perdermos de vista a importância da alteridade. Devemos resistir à tentação do individualismo e abraçar a empatia como uma forma de resistência e cura. Somente assim poderemos reverter os danos causados à nossa saúde emocional e construir uma sociedade mais equilibrada e humana.
 

O verdadeiro autocuidado, portanto, é a alteridade, o olhar empático para o outro, que nos permite crescer e nos reconectar com nossa própria humanidade. Cuidar do outro é, portanto, cuidar de nós mesmos, e ao adotar a alteridade como um valor essencial, trilharemos um caminho de equilíbrio e harmonia em meio às maravilhas tecnológicas do nosso tempo.
 

*André Naves é Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política.

Tags

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Aviso de Direitos Autorais

Todos os direitos sobre os conteúdos publicados em todas as mídias sociais do Diário PcD, incluindo textos, imagens, gráficos, e qualquer outro material, estão reservados e são protegidos pelas leis de direitos autorais.
Todos os Direitos Reservados.
Nenhuma parte das publicações em todas as mídias sociais do Diário PcD devem ser reproduzidas, distribuídas, ou transmitidas de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação, ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia autorização por escrito do titular dos direitos autorais, de acordo com a legislação vigente.
Para solicitações de permissão para usos diversos do material aqui apresentado, entre em contato por meio do e-mail jornalismopcd@gmail.com ou telefone 11.99699 9955.
A infração dos direitos autorais é uma violação de Lei Federal 9.610, passível de sanções civis e criminais.

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore